domingo, 31 de maio de 2009

Poucas velas. Muito choro

Belém desclassificada como sede da Copa de 2014 é um duro golpe na combalida autoestima dos paraenses. Mais: é uma derrota de ampla profundidade e enorme repercussão que se projeta pela próxima década.
A caça aos culpados já começou e com forte estrépito. As causas do infortúnio, sabe-se muito bem, estão fincadas em décadas de abandono e de incúria.
Uns e outros, com as armas de que dispõem, erguem barricadas de defesa e ensaiam manobras ofensivas. Todo mundo de olho em 2010. É a politização oportunista de um revés que, sim, poderia ter sido evitado.
Faltou ação, criatividade, protagonismo, de um lado. De outro, como de costume, pontificou a verborragia rasteira que ressalta, aos gritos e com redobrada histeria, as mazelas sociais de cuja responsabilidade nenhum dos grupos da elite paroara pode se eximir.
Na mesma proporção, sobrou um misto de arrogância com a crença excessiva num suposto prestígio junto ao Planalto, que ao final se demonstrou mera ilusão de ótica.
Verter lágrimas sobre o leite derramado não terá qualquer serventia. Como todo choque coletivo poderá, ao menos, contribuir para revelar o verdadeiro caráter - ou a falta dele - nos muitos cartolas de meia-pataca que ocuparão o picadeiro nos próximos dias.

sábado, 30 de maio de 2009

Diálética dos tempos da esperança órfã

"Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar,
os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
(...)"

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). "A flor e a náusea" (A Rosa do Povo, 1945)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Muito barulho por (quase) nada

A reação histérica dos Estados Unidos e seus aliados diante das movimentações bélicas da Coreia do Norte responde à necessidade de possuir, a cada momento, um demônio oportuno para combater. Kim Jong Il é o Saddam Hussein da vez. Há, porém, uma diferença marcante: o arsenal dos norte-coreanos não é um cenário de papel machê, mesmo que ainda esteja um tanto distante de controlar, até as últimas consequências, a tecnologia da produção de artefatos nucleares.
Muito mais perigoso, para a Ásia e para o mundo inteiro, é o gigantesco complexo militar nuclear do Paquistão, aliado incondicional dos Estados Unidos, sob controle de uma ditadura acossada pela guerrilha de seus ex-aliados do Taliban.
Enquanto a grande mídia se farta de desenhar o armagedon na península da Coreia, desce a cortina de silêncio sobre o seleto clube de proprietários da bomba atômica, muito mais perigosos e imprevisíveis. Ou as ex-repúblicas da Uniâo Soviética, atoladas até o pescoço na corrupção e na teia de crime de suas máfias, não são um risco maior ainda? Isso para não falar de Israel e seus dirigentes da extrema direita, para quem promover um pogrom atômico nunca esteve totalmente fora de cogitação.

Não colou

Uma anistia ampla, geral e irrestrita aos dirigentes do Banco Central e altos dirigentes do Ministèrio da Fazenda desde os tempos de FHC, suspeitos de falcatruas várias e diversas, aprovada no Congresso por iniciativa da bancada tucana, com discreto apoio do PT, morreu no nascedouro. Acabou vetada pelo presidente Lula.
A regra que consagrava a impunidade iria beneficiar os artesãos do escândao do Proer, em 1995, mas também ergueria um escudo à equipe de Henrique Meireles empenhada em salvar, com bilhões das reservas do Tesouro, bancos e empresas metidas em enrascadas devido à crise global.
A medida polêmica foi sorrateiramente enfiada na medida provisória 449 que tratava de conceder vantagens tributárias a pequenos devedores do fisco federal. Com apoio da mão amiga do PMDB, a proposta havia também sido desnaturada através da inclusão de benefícios indevidos para beneficiar grandes devedores. Tudo parecia que está dominado até que mais um veto presidencial suspendeu essa parte da festança com dinheiro público.
O governo acha que já concedeu vantagens suficientes ao capital, o que, de resto, está mais que evidente. O excesso de benevolência estava pegando mal, além de sangrar ainda mais a arrecadação nestes tempos bicudos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Batata fervente

O pedido de habeas corpus que tenta livrar o ex-deputado Luiz Sefer de uma temporada no Presídio Estadual Metropolitano (PEM 3), percorreu um sinuoso - e pouco explicado - caminho desde a última terça-feira, 26, logo depois de sua prisão no Rio de Janeiro. Duas desembargadoras - Brígida Gonçalves e Vânia Lúcia Silveira - saíram pela tangente, alegando motivos de foro íntimo para não julgar.
Desde ontem, porém, os autos estão conclusos nas mãos do desembargador Raimundo Holanda Reis, de cuja decisão dependerá a sorte imediata do mais ilustre interno do sistema penal paraense.

Atualização das 14h39:

Não deu zebra. Veja aqui como é mesmo quase impossível rico ser hospedado nas dependências da Susipe.



Colhendo tempestade

A pregação fascistóide contra os direitos humanos tem alcançado amplos resultados no Brasil. Quem atesta a tragédia é a Anistia Intermacional.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Yes, nós temos escravos

O que têm em comum Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos; James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial; Vinod Khosla, multimilionário indiano fundador da Sun Microsystems e Henri Phillipe Reischtul, ex-presidente da Petrobras durante o governo de seu ex-sogro, Fernando Henrique Cardoso?
Acertou quem respondeu que todos esses ilustres homens de governo e de negócios dividem as quotas da mais famosa multinacional criada para surfar na onda do etanol brasileiro, a Brenco (Brazil Renewable Energy Company, Companhia Brasileira de Energia Renovável, em Português). Mas não disse tudo: eles também são acusados de reproduzir em nosso país as piores práticas laborais, com a utilização de mão-de-obra reduzida à degradante condição de escravos contemporâneos. Utilizam-se, inclusive, de outro ilustre homem de negócios, João Pereira da Silva, vulgo "João Paracatu". Saiba um pouco mais da folha corrida deste delinquente no site Repórter Brasil.

O grande golpe

A bancada ruralista está na ofensiva. Com o carinho que recebe do Planalto, os representantes do latifúndio e do agronegócio quem enterrar, sob sete palmos, os avanços da legislação ambiental brasileira. Escancarar as porteiras da devastação, sem dó nem piedade.

O perigo mora ao lado

Não adianta culpar quem alertou para o enorme risco existente no complexo nuclear de Angra. O material radiativo vazou, mas ninguém precisa entrar em pânico. Segundo a Eletronuclear, está tudo dominado e não houve impacto algum, nem para o meio ambiente, nem para os trabalhadores da usina. Um milagre fabuloso e, evidentemente, inacreditável.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Street Fighter

O campo majoritário do PT é, hoje, um pote cheio de mágoas, prestes a transbordar. Gota a gota, a paciência da maioria do partido foi se exaurindo e, na mesma proporção, o crédito do governo Ana Júlia - e da Democracia Socialista, em particular - virou poeira.
O Repórter Diário de hoje, principal coluna do jornal Diário do Pará, acerta no fundamental, mas derrapa no acessório ai relatar, em primeira mão, a troca de sopapos entre o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, e o secretário de Transportes, Valdir Ganzer. O bafafá ocorreu mesmo, mas não foi ontem à noite, no Palácio dos Despachos, e nem na presença da governadora Ana Júlia.
A cena de vale-tudo ocorreu, segundo uma acreditada fonte com amplo trânsito no PT, há poucos dias numa reunião da executiva estadual com secretários de governo. E as causas do entrevero podem ser explicadas, não necessariamente nesta ordem: 1) a desconfiança de que o governo vai puxar o tapete da candidatura de Paulo Rocha ao Senado em 2010, em função das evidentes sinalizações de que Duciomar Costa, prefeito da capital e eventual postulante de uma vaga no Senado, goza de acessos muito mais largos e profundos que os palacianos ousam admitir; 2) a ultra-centralização da DS na condução dos assuntos de governo, isolando e subestimando as demais correntes internas do PT; 3) a tentativa de colocar o cargo de Ganzer, titular da Setran, na cesta de espaços a serem ofertados na repactuação com os partidos da tal base aliada; e 4) a intempestiva candidatura de Puty à Câmara Federal, fonte permanente de tensões e de disputas intestinas.
Apesar disso tudo, os cardeais do PT apostam na possibilidade de colocar panos quentes e seguir adiante. Não se sabe, entretanto, até quando as margens vão segurar a força das águas do rio de raivas no qual o partido se transformou.

Pode ser a gota d'água?

A aliança entre o PT e o PMDB no Pará está grudada com cuspe. O desenlace parece iminente, mas nada indica que as favas já estejam todas contadas, como afirma Ilmar Franco, no Panorama Político de O Globo, edição de hoje.
Os dois quase ex-aliados, cada dia mais beligerantes, chegam a milímetros do rompimento, e estacam. Tudo indica que ninguém quer pagar o preço de tomar a atitude definitiva, arrumar as trouxa e sair batendo a porta.
Enquanto isso, permanece o suspense.

Ipiranga com São João

Ao que parece, a Al Qaeda passou por aqui. Ou melhor, passou por nossa maior megalópole, São Paulo.
Na matéria exclusiva de Janio de Freitas, na edição de hoje da Folha, um detalhe não deve passar despercebido: agentes do FBI e da agência antiterrorismo dos Estados Unidos estariam agindo em território brasileiro, supostamente em cooperação com a PF. Como se sabe, essa turma de espiões não tem entre suas qualidades o respeito à soberania dos países onde atuam. E o Brasil não chega a ser exemplo de país que se dá respeito.

Bala de ouro

Madrugada. Periferia de Belém. A turba não cansou de espancar os dois jovens. Após condená-los em "julgamento" sumaríssimo, o juri se transmutou em pelotão de fuzilamento. Ali, no meio da rua.
Um dos jovens, de 20 e poucos anos, foi obrigado a se ajoelhar. Humilhado e sangrando recebeu o tiro de misericórdia. A cabeça explodiu com o impacto do projétil. Sangue, muito sangue, empapando o asfalto.
O segundo jovem é salvo por inusitado acaso. Estudara com um dos agressores. Foi sua salvação.
Esta cena não é ficção. Retrata mais uma execução das tantas que se repetem todas as semanas. Marginais que se auto-proclamam "justiceiros" saem enlouquecidos agarrando os primeiros que encontram, para então iniciar a sessão de barbárie. Lichamentos como esse estão virando rotina na mesma medida em que a voragem da violência atinge níveis de completo descontrole.
O que está faltando para que a polícia passe a prender em flagrante os agressores, fazendo com que paguem pelo crime de homicídio qualificado?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

As aparências enganam

Fernando Collor, ele mesmo, comandará a tropa de choque lulista contra o PSDB/DEM na CPI da Petrobras, apresentada pelos governistas como uma CPI da "direita". Mas não foi no governo Collor, de tão lamentável memória, que foi gestado o ovo da serpente da privatização da Petrobras, quando todo o setor petroquímico, de vital importância estratégica para o país, foi inapelavelmente entregue ao capital privado?
Tucanos e demos juram pela fé da mucura que não defendem a privatização da Petrobras. Ao contrário, querem a sua completa "estatização", livrando-a dos grupos privados que "aparelharam" sua gestão. Esses "grupos", dizem, indicados por petistas e aliados, estariam praticando a maior rapinagem com dinheiro público. Mas não foi justamente sob o reinado de FHC, em 1998, que foi dado o golpe de misericórdia na Petrobrás, com a aprovação da lei n° 9.478, que quebrou o monopólio estatal do petróleo, abrindo, na prática, vastas áreas do setor para a ganância multinacional?
Petistas de todos os quilates, de dentro e de fora do governo, já vestem, sem o menor pudor, a fantasia conveniente da luta contra a privatização da Petrobras. Ensaiam discursos raivosos, nas tribunas do Senado e da Câmara, mas também agitam bandeiras nas ruas. Os tucanos e demos, afinal, são aqueles que tramaram até mudar o nome da empresa, nos anos 90, para Petrobrax, e agora investem contra o "colosso" da área pública de nossa economia emergente. Mas não foi o governo Lula, numa mistura de pulsilanimidade e cinismo, que não só manteve como ampliou a medida que, adotada ainda pelo PSDB, siginificou na prática a "desestatização" da Petrobras? Isso mesmo: desde que as ações da empresa foram negociadas na bolsa de Nova York que o controle acionário já está nas mãos dos capitalistas privados, principalmente estrangeiros. Os "sócios" privados da Petrobras dominam 68% do total de ações, contra 32% sob controle do Estado brasileiro. Claro, alguém vai lembrar que esses números se referem às ações preferenciais, sem direito a voto. Tanto faz, mesmo se levarmos em conta as ações ordinárias, a participação privada alcança expressivos 44%, cuja maior parte, como era de se esperar, está engordando os ativos de grandes especuladores estrangeiros.
A CUT, a UNE e outros movimentos sociais ensaiam manifestações contra a CPI do Senado. Algumas organizações, como o MST, justificam que marcham em defesa do petróleo que precisa voltar a ser nosso. Objetivamente, esses movimentos se deixam utilizar, com maior ou menor grau de consciência, por uma estratégia diversionista do Planalto. Mas não foi Lula, Dilma e seus ministros que impuseram a vários desses movimentos sociais uma derrota extraordinária ao manter e realizar a toque de caixa os leilões dos lotes para exploração por empresas estrangeiras das reservas do Pré-Sal, um crime inominável contra a soberania nacional?
Diante dos indícios de falcatruas na Petrobras, nada a opor que uma CPI realize uma investigação independente. A questão é que talvez - numa hipótese otimista - o barulho da apuração no Senado resulte na descoberta de alguns punguistas de quinta categoria, se tanto. Enquanto isso, de forma tão impune quanto escandalosa, vai se continuar a praticar os maiores crimes de lesa-pátria de que se tem notícia contra a mais importante empresa brasileira, com a anuência velada de tucanos e petistas, irmãos siameses dessa inglória e imoral operação desmonte.

domingo, 24 de maio de 2009

Soletrando

P-á-t-r-i-a s-o-b-e-r-a-n-a. O grito vem lá dos Andes, mas bem que está fazendo falta por aqui na planície.

sábado, 23 de maio de 2009

Dialética da mentira a serviço da guerra

“(O povo da Inglaterra) foi induzido ao erro na Mesopotâmia do qual será difícil escapar com honra e dignidade. (Os britânicos)Foram enganados através de um constante controle sobre a informação... As coisas tem sido muito pior do que nos têm contado nossa administração, mais sangrebta e ineficiente do que o público conhece".

T. E. Lawrence, sir Lawrence de Arabia, escrevendo no Sunday Times de 22 de agosto de 1920 sobre a guerra do Iraque. Logicamente, ele fala de outra ocupação, tão sangrenta e estúpida quanto a que transcorre atualmente. Os soldados que matam (e que morrem) pelos interesses escusos por trás da bandeira da Coroa (e dos demais donos do mundo) são bastante parecidos com seus antepassados de quase um século atrás. O controle e instrumentalização da mídia, porém, consegue ainda ser mais brutal nestes tempos de censura high tec.
A citação acima faz parte do indignado artido do jornalista britânico Robert Fisk, publicadom originalmente no The Independent e traduzido para o espanhol no site Rebelión.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Praga bíblica

A poderosa Monsanto está com tudo e não está prosa, como se dizia naqueles tempos em que soberania nacional não era uma mera abstração.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) acaba de aprovar mais uma variedade transgênica - o algodão Bolgard II, que seria resistente a uma série de insetos e pragas. Porta-vozes do agronegócio brindam mais esta vitória da multinacional estadunidense, sem se importar com a fatal cobrança da fatura, que se abaterá sobre os produtores, escravizando-os com a cobrança de pesados royalties. Isso, é claro, além dos imprevisíveis impactos socioambientais, que já seriam suficientes para uma atuação muito mais cautelosa por parte do organismo governamental.

Quanto maior, maior o tombo

A responsabilidade pela derrapagem - corte de 1/3 nos investimentos previstos para 2009 - é da crise global, aquela mesma que ainda está muito longe de ser debelada. Mas, com um inevitável senso de oportunidade, eis que a Vale aproveita para vociferar contra seu espantalho predileto: o suposto atraso no licenciamento ambiental de seus projetos.
Levar vantagem em tudo, mesmo quando o cenário se apresenta cinzento, parece ser mesmo o lema levado às últimas consequências pela segunda maior mineradora do mundo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Crime sem castigo

Qual o custo, para o sistema público de saúde, das milhões de partículas poluentes lançadas na atmosfera pelos veículos movidos a diesel somente no estado de São Paulo? Quem apostar em R$ 14 por segundo (quase R$ 500 milhões ao ano) estará acertando no alvo.
Não é sem motivo, portanto, a ação movida pelo Ministério Público de São Paulo contra a Petrobras e 13 montadoras de veículos. Afinal, não existe crime sem autor.

Cavaleiros do Apocalipse

Cruzando o céu do país, em noite sem lua, ferozes dragões que deixam um rastro de enxofre e péssimos eflúvios. Sobre eles, hábeis cavaleiros elegantemente exibindo suas vistosas armaduras, algo enlameadas porque não se pode exigir perfeição neste tipo de mister.
São velhos conhecidos do noticiário político-policial. Sandro Mabel, por exemplo, é um sobrevivente do escândalo do mensalão. Tem nome engraçado, algo juvenil, mas não está para brincadeiras. É dele uma das mais perigosas propostas que circulam, de mão em mão, em torno da elegante távola em torno da qual as grandes legendas tramam sequestrar, sem dó nem piedade, qualquer possibilidade de alternância de governo no país.
Mas o que pretende o deputado goiano? Simples: que sejam prorrogados todos os mandatos executivos e legislativos por dois anos. Assim haveria a coincidência geral entre as eleições, em 2012. Ele defende a prorrogação como algo absolutamente patriótico: o país economizaria bilhões de reais e, de quebra, não teríamos turbulências em tempos cinzentos de crise.
Se alguém acha que isso é maluquice, pode tirar o cavalo - ou o dragão - da chuva. É sério e, se não houver a reação devida, pode crescer e ultrapassar o atual estágio de um mero balão de ensaio.
É que junto a Mabel existem outros cavaleiros, talvez mais perigosos ainda, levantando o suspeito estandarte da terceira reeleição consecutiva. Entre alguns menos famosos eis que desponta, ressuscitado , o deputado cassado Roberto Jefferson, não por coincidência o criador do mesmo mensalão. É dele a mais enfática defesa do terceiro mandato para Lula. Mas que ninguém se iluda: tem gente muito mais importante por trás da manobra.
Como se sabe, esse golpe não é apenas música aos ouvidos de Lula, mas de toda uma geração de políticos - de prefeitos e governadores - que receberiam de presente o pó mágico para a tão sonhada perenização no poder.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Tragédia silenciosa

O que dizer de uma localidade, encravada no coração da floresta amazônica, onde de 120 exames de Aids realizados 80 foram positivos?
Por vergonhosa ironia, esta área faz parte da Reserva Biológica do Vale do Guaporé, em Rondônia, e é habitada por dezenas de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. São justamente as famílias dos remanescentes dos quilombos as principais vítimas dessa vergonhosa epidemia, cuja existência vinha sendo sistematicamente negada pelo governador do Estado, Ivo Cassol, representante do que existe de mais retrógrado na política brasileira.
Na raiz dessa situação estúpida está a existência, há muitos anos, de prostíbulos instalados nos barrancos amazônicos, como pontos de apoio às turbas de devastadores de todos os quilates que usam e abusam de uma população escrava da miséria e da impotência.

Divinas tetas

A incorporação da Sadia pela Perdigão, criando a tal Brasil Foods, traz embutida a hiper-monopolização do setor, em prejuízo, evidentemente, dos consumidores e dos fornecedores de matéria-prima - em grande medida, pequenos produtores do Sul do país -, que vão ficar sem pai nem mãe.
E, a este propósito, o Estado com suas apetitosas tetas do BNDES já está pronto para amamentar, com incontáveis milhões, o mais novo rebento do capitalismo sem riscos.

Na companhia do medo

Regina Duarte, sempre ela, volta a atacar. Atriz-fazendeira, direitista até a última célula, ganhou notoriedade quando se prestou, nos idos de 2002, quando disseminou o terror diante de uma previsível vitória do PT de Lula. Os motivos, hoje todos sabem, eram injustificados, uma mistura de preconceito e mau-caratismo. Lula não era o bicho-papão capaz de atormentar o bom sono das classes proprietárias - os banqueiros, os plutocratas, os latifundiários e suas sesmarias intocáveis, todos já estão bem conscientes disto -, mas, àquela época, havia uns e outros que ainda julgavam ter fundados motivos para desconfiar. Hoje, infelizmente, isso sim é que seria uma delirante quimera.
Pois bem, Regina Duarte continua com medo, muito medo. E não é mais (nem principalmente de Lula e do PT). Agora, ela morre de medo dos índios, dos quilombolas, dos ribeirinhos. Isso mesmo. A fazendeira-atriz, criadora de gado da raça Brahman, no ultra-conservador interior paulista, teme o avanço da luta pela demarcação de terras indígenas (e de outros povos da floresta), nova fonte de preocupação para os potentados de sempre.
O jornalista Leonardo Sakamoto revela onde e quando o pavor voltou a atormentar a ex-namoradinha do Brasil.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Via Crucis

Os muitos credores da Secretaria de Comunicação do Pará estão esgotando os estoques de lexotan nas farmácias da capital. Fontes com amplo trânsito nos arraiais petistas dão como certa a queda de Fábio Castro, atual coordenador do órgão. A razão alegada para a decapitação, a ser efetivada nos próximos dias, seria o baixo rendimento da área de comunicação do governo. Aliás, quando as coisas vão mal, os primeiros a subir o Gólgota costumam ser os responsáveis por este setor sempre tido como estratégico, mas que não é capaz de operar milagres.
O professor Fábio Castro, neófito em política partidária e em gestão pública, subiu aos céus do governo petista por indicação direta de Cláudio Puty, chefe de gabinete e figura-chave no comando político do governo Ana Júlia. Sua eventual derrocada, se confirmada, receberá necessariamente o sinete de seu antigo patrono.

Pra trás, Brasil, pra trás

As posições retrógradas do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) já são bem conhecidas, mas continuam a semar a polêmica. É o caso de sua proposta que pretende transferir a competência da demarcação das terras indígenas do Executivo para o Congresso Nacional. Mexeu em casa de marimbondo, é claro. Mas se engana quem imagina que o positivismo fora de época do deputado possui algum limite. Agora ele resolveu polemizar com os paraguaios, apresentado, em artigo no Estadão, uma visão ultra-conservadora em relação à guerra genocida que vitimou aquele país no século XIX.
Quem fala o que quer, como ensina o ditado, acaba ouvindo o que não quer.

Uma luz que não se apaga

Mario Benedetti partiu. Lutou pela vida com bravura, com a mesma tenacidade que esgrimiu, ao longo de tantas décadas no finado século 20, suas afiadas lanças da poesia contra todas as formas de opressão e de injúria ao ser humano. Chegando ao limite extremo, respirou pela última vez no domingo, 17, em Montevidéu, aos 88 anos de idade.
Como na música de Leo Masliah (Biromes Y Servilletas, imortalizada na voz de Milton Nascimento), Benedetti passou pela vida como um cometa, em denso céu de metal fundido, porém espalhando luz e aquecendo o espírito dos que não se vergam à barbárie e à feiúra impostas pelo Deus-Mercado.
Não cabe derramar uma única lágrima por sua morte. Mário Benedetti não merece homenagens pontilhadas pela tristeza, nem epitáfios recheados de palavras tão empoladas quanto cínicas. Quem dedicou toda sua existência à beleza da vida humana - a vida em plenitude que ainda haverá de ser conquistada - merece uma homenagem singela, uma simples leitura - em voz baixa ou a plenos pulmões - de um de seus muitos poemas, estes sim, imortais, e para sempre preservados como uma das mais ricas expressões da cultura latino-americana.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Um vale de lágrimas

O projeto Salobo da Vale avança no sudeste paraense. E no seu rastro o que se vê é o mesmo cenário de destruição socioambiental que tem marcado o passado e o presente dessa empresa monopolista. A análise, ácida, independente e atualíssima, é do educador popular Raimundo Gomes da Cruz Neto, publicada no site da Adital.

Adivinhe quem vem para o jantar?

A Medida Provisória (MP) 458, conhecida como o mais novo instrumento de promoção da hiper-grilagem no país, não poderia cair em mãos mais habilidosas: será de Kátia Abreu (TO) a relatoria do projeto no Senado. É evidente que está tudo dominado, para o azar dos povos da floresta e do próprio futuro imediato da Amazônia.
Para uma análise crítica da MP aprovada na Câmara, basta clicar
aqui.

domingo, 17 de maio de 2009

Planejamento Estratégico

Sayed Musa tinha apenas oito meses. Era um menino afegão e isso selou o seu destino. Ele encabeça a lista das 93 crianças assassinadas pelo bombardeio das tropas dos Estados Unidos no distrito Bala Boluk, na Província de Farah, na semana passada. Seu pequeno corpo estraçalhado deveria ser velado no salão oval da Casa Branca. Será que algum estrategista do Pentágono teria a coragem de defender a matança alegando que Sayed, dentro de 15 ou 20 anos, poderia se transformar num ativo integrante de alguma célula terrorista da Al-Qaeda?
O martírio das crianças afegãs não deve passar como um "dano colateral", um acidente de percurso na cruzada "civilizatória" que a administração Obama insiste em manter e ampliar naquela ensanguentada porção da Ásia. As mais de 140 mortes em um único ataque - supostamente destinado a eliminar guerrilheiros do Taleban - representam a face mais cruel de um plano milimetricamente estudado. Afinal, espalhar o terror entre a população civil - secar a água onde os peixes nadam - vem marcando a estratégia estadunidense desde quando as matas do Vietnam eram inceneradas por milhares de toneladas de napalm.
O Departamento de Estado não confirma os números do massacre e até ironiza a relação das vítimas. Qualquer um pode compor uma lista dessas, dizem. Mas agora é oficial. O próprio governo títere instalado e mantido pelos EUA em Cabul acaba de admitir a terrível contabilidade: 140 mortos, sendo 93 crianças, 25 mulheres adultas e apenas 22 homens maiores de 18 anos.
A cada dia a face jovial de Obama vai se tornando mais parecida com a carranca de seu antecessor. A ilusão de mudança, por sua parte, vai se esvaindo na mesma proporção.

sábado, 16 de maio de 2009

Carrascos de aluguel

Não se tem notícia se a decisão do governo do Pará foi mesmo motivada por uma pressão - do alto e, diga-se, irresistível -, ou se tudo não passou de uma tentativa de se mostrar confiável aos olhos dos que exigem que desabe sobre os movimentos sociais insubmissos a pesada mão do Estado. A verdade é que estava cada dia mais insustentável a permanência na prisão dos 18 militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina, feitos reféns pela PM paraense desde a manhã do último 26 de abril. A prisão, tida pelas entidades de direitos humanos como "arbitrária e ilegal", foi acompanhada por um promotor de Justiça, que, não por coincidência, levava uma pistola no coldre, à moda do pior faroeste, como inequívoco sinal de que a tropa não estava mesmo para brincadeiras.
Por isso, não chegou a ser surpresa a ordem judicial de soltura, emitida na tarde de ontem, 15, para boa parte dos detentos.
Menos estranho, porém, foi a permanência no cárcere de quatro dos ativistas, justamente aqueles apontados como líderes do movimento de resistência às trapalhadas da Eletronorte na região. Afinal, desde o começo, estava muito claro que a governadona Ana Júlia (PT) agiu para preservar os interesses do governo federal, assim poupado de uma ação truculenta e de péssima repercussão entre os círculos defensores das mínimas garantias constitucionais.
No cálculo de perdas e danos, o consórcio PT-PMDB no Pará resolveu pagar para ver. Aguarde-se, para o momento seguinte, a cobrança da fatura.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma no cravo. Várias na ferradura

A abertura dos arquivos das ditaduras - desta última, de 1964, e de todas as outras -, parece ser uma novela sem fim. Pelo menos, sem um final feliz.
Nesta semana, após seis anos e meio, o governo Lula tomou uma iniciativa positiva, mas muito limitada. Enviou ao Congresso um projeto de lei de direito de acesso a informações públicas, através do qual ameniza, mas não extirpa vários dispositivos constantes de decretos presidenciais - de FHC e do próprio Lula - que vergonhosamente consagraram o sigilo eterno de parte dessa documentação.
Ao mesmo tempo, em uma iniciativa meritória, o governo disponibilizou na rede um sítio denominado de
Memórias Reveladas, com um rico - e ainda muito incompleta acervo relativo aos anos de chumbo. Incompleto, sobretudo, porque abrange somente algo como 15% dos documentos existentes. Ou seja, mais de dois terços da documentação produzida nos porões da ditadura militar continuam sumidos, sob a guarda criminosa de viúvas do antigo regime ou espalhados em dezenas de repartições para que o tempo, sempre implacável, sele o fim de cada um deles.
A guerrilha do Araguaia, por exemplo, tornou-se um caso emblemático. Desde 2003 uma sentença da juíza federal Solange Salgado estabeleceu o prazo de 120 dias para que toda a papelada relativa ao cerco e aniquilamento dos guerrilheiros - e camponeses da região - fossem tornados públicos. Mais de dois mil dias já se passaram e nada, absolutamente nada foi feito. Os militares alegam que a documentação teria sido destruída, o que é além de inverossímil, completamente improvável. Na verdade, as forças armadas, através de seus comandantes, debocharam da decisão judicial, sob o olhar pusilânime do presidente Lula e de todos os seus ministros.
Na semana passada, diante de um escândalo tão flagrante - e talvez apenas para ganhar tempo - o ministro da Defesa, Nelson Jobim, determinou que mais uma comissão fosse constituída para, entre outras tarefas, realizar a busca pelos corpos de mais de 70 brasileiros chacinados durante a repressão nas matas do Araguaia entre 1972 e 1974. Quem acredita que dessa vez a "ordem ministerial" será cumprida?

Dialética da memória a ser resgatada

"Antígona julgava que não haveria suplício maior do que aquele: ver os dois irmãos matarem um ao outro. Mas enganava-se. Um garrote de dor estrangulou seu peito já ferido ao ouvir do novo soberano, Creonte, que apenas um deles, Etéocles, seria enterrado com honras, enquanto Polinice deveria ficar onde caiu, para servir de banquete aos abutres. Desafiando a ordem real, quebrou as unhas e rasgou a pele dos dedos cavando a terra com as próprias mãos. Depois de sepultar o corpo, suspirou. A alma daquele que amara não seria mais obrigada a vagar impenitente durante um século às margens do Rio dos Mortos."

Antígona, personagem de Sófocles, mestre da tragédia grega.

Epígrafe do livro "Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos" (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - - Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007), disponível para download aqui.

Noves fora zero

A referência ao célebre verso de Manuel Bandeira (Vida noves fora zero) não é apenas aleatória. Serve para mostrar que o discurso oficial de que "o pior já passou" já não se sustenta em pé.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Novas guerras de um eterno lutador

Do alto de seus 98 anos, o general vietnamita Vo Nguyen Giap, heroi das guerras de libertação nacional do século XX, não desiste da luta pelas boas causas. Remando contra a maré montante que dissemina em sua terra o modelo de desenvolvimento chinês, o velho líder levanta a voz contra o senso comum que associa, necessária e obrigatoriamente, o bem-estar da população a uma escalada de exploração das riquezas minerais do país pelas gigantes da mineração mundial.
Por aqui, o foguetório é intenso para comemorar os recordes seguidos gerados pelo saque neocolonial liderado pela Vale, em obediência aos ditames emanados, na maior parte das vezes, pelo insaciável mercado chinês.
Dizer não, muitas vezes, significa manter aberta a porta para o futuro de dignidade para a grande maioria. Mas, para tanto, é imprescindível ter coragem. E coragem não é um atributo que se encontre em abundância nos dias de hoje na política brasileira.

A primeira vez a gente nunca esquece

Se não der em nada - possibilidade, aliás, sempre plausível -, a CPI da Saúde que a Câmara Municipal de Belém deverá instalar dentro de alguns dias já terá um grande mérito: romper o muro de hipocrisia e impunidade que protege as malfeitorias do governo Duciomar Costa (PTB) há longos cinco anos e meio. Terá, portanto, valido a pena, nem que seja para tornar público um pequeno lote da sujeira que se acumula, sob o olhar conivente de tantos, por todo esse período período em que a capital dos paraenses foi entregue à mais deslavada rapinagem.

Em tempo: atualização às 17h00

Ainda não foi dessa vez. A CPI da Saúde parece que foi abortada por mais um golpe de mão. São definitivamente insondáveis os (des)caminhos nos quais se entrelaçam os beligerantes interesses em confronto na arena da política de Belém.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Gatos pardos

A Medida Provisória (MP) 450 autorizava a União a participar do Fundo de Garantia a Empreendimentos de Energia Elétrica (FGEE). Em linguagem técnica impenetrável era um daqueles pacotes moldados a fazer a alegria do grande capital, nacional e estrangeiro, que domina o setor. Mas, como já é de costume, os espertos de sempre nunca estão satisfeitos e trataram logo de enfiar um perigoso penduricalho, aprovado de roldão, sem que se fizesse o debate público com a mínima transparência.
Não terá sido mera coincidência, então, que tenha partido de lideranças do PMDB na Câmara dos Deputados, partido que trata a Eletrobrás como uma espécie de Capitania Hereditária, a introdução de uma emenda nada inocente que permitirá que a empresa holding do sistema elétrico brasileiro possa realizar compras e obras - muitas das quais bilionárias - contornando as exigências da lei 8.666, a exemplo do que faz a Petrobras desde o governo FHC.

O custo da escravidão

O cálculo é da Organização Internacional do Trabalho (OIT): por ano, os milhões de trabalhadores submetidos ao chamado "trabalho forçado" no mundo inteiro deixam de receber uma fortuna estimada em US$ 21 bi. Um valor expressivo que poderia ser utilizado para combater a miséria extrema que massacra os escravos contemporâneos.

Túnel do tempo

Araguaia, 2 de junho 1972. Jorge, aliás Bergson Gurjão Farias, morreu lutando. Antes de ser dominado, acertou um tiro num oficial. A tropa, indignada com sua ousadia, dispara sem piedade. Seu corpo é ainda profanado a golpes de baioneta. Ele foi o primeiro guerrilheiro morto na feroz repressão militar que, pouco a pouco, iria exterminar quase a totalidade dos insurgentes do PCdoB nas matas do Bico do Papagaio, entre os estados do Pará, Maranhão e Goiás (na área que hoje compõe o Tocantins).
Sepultado em cova rasa, no cemitério de Xambioá, os restos de Farias só foram localizados quase 25 anos depois. Desde 1996 aguarda a identificação definitiva. Agora, um parecer do perito gaúcho Domingos Tocchetto, professor de criminalística da Escola Superior de Magistratura, pode trazer a verdade à tona.

Muitas pedras no caminho

Quem pensa que a construção da usina de Belo Monte, na volta grande do Xingu, no Pará, vai ser um passeio, pode tirar seu cavalo da chuva. Os 24 povos indígenas e as 10 mil famílias de ribeirinhos e extrativistas que habitam os quase 22 milhões de hectares da Bacia do Xingu não se conformam com o papel de expectadores de uma tragédia anunciada. E gritam, com força redobrada, para romper o silêncio da armação oficial.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A fera da guerra

O que a linguagem asséptica dos que se julgam donos do mundo costuma denominar de "danos colaterais" é, na verdade, massacre, matança indiscriminada de civis. Em português claro: crime de guerra.

Cuidado: cassandras midiáticas em ação

A mídia que está na folha de pagamento de Daniel Dantas não desiste até ver o sangue jorrar, em profusão, nas vastidões griladas pela Agropecuária Santa Bárbara.
Dia sim, dia não, são as mesmas versões estapafúrdias: os sem-terra estão matando e roubando centenas de cabeças de gado; os sem-terra estão roubando e sequestrando (sic) tratores da fazenda; os sem-terra, apresentados como uma espécie simbiótica das Farc e Al Qaeda, são mesmo malvados e não hesitam em atormentar a vida dos inocentes seguranças armados - até os dentes - a soldo dos supostos proprietários das áreas ocupadas.
De tanto prever, de tanto insuflar, a mídia vai acabar colhendo o que tanto almeja: uma boa e bem fornida colheita de corpos.

É por debaixo dos panos

Os grandes financiadores preferem o aconchego do lado escuro e pouco iluminado da política brasileira. Afinal, quem deve, sempre teme.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mapa do tesouro

A Polícia Federal acaba de descobrir como funcionava o propinoduto da terceirizada Conservo na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília. A empresa, beneficiada por licitações fraudulentas, depositava quantias mensais na conta corrente do funcionário encarregado pela fiscalização do contrato, totalizando, em dois anos, quase R$ 200 mil . Tudo preto no branco, on line.
Um detalhe, porém, vai deixar muita gente graúda de orelha em pé: esta Conservo é velha conhecida da PF e do Minsitério Público Federal. Há três anos ela foi investigada na chamada Operação Mão-de-Obra, que denunciou o esquema criminoso envolvendo as terceirizadas Conservo e Ipanema e seus contratos milionários no Senado. No topo do esquema, apontado como chefe da quadrilha, Agaciel Maia, na época todo-poderoso diretor geral da Casa.

À sombra do vulcão

O Peru vive um levante indígena sem precedentes nas últimas décadas. Inconformados com o fabuloso pacote privatista lançado pelo governo de Alan Garcia, dezenas de etnias da Amazônia peruana resolveram reagir ocupando plantas de exploração de petróleo. A área foi toda retalhada em lotes distribuídos a empresas nacionais e estrangeiras, como a Petrobras, sem que as comunidades indígenas tenham sido consultadas, como preceitua a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
A matéria do portal Globo Amazônia serve de alerta para o que espera o Brasil se a gula do desenvolvimento a qualquer custo, que tem no PAC sua maior expressão, não for submetida a processos eficazes de controle social.

O lucro por trás da tragédia

Veja quem está lucrando com a pandemia da gripe suína?

domingo, 10 de maio de 2009

Tiro ao alvo

Mais três trabalhadores sem terra baleados pela jagunçagem de Daniel Dantas. A tentativa de homicídio, desta feita, ocorreu na Maria Bonita, em Eldorado dos Carajás, uma das 52 fazendas do vasto latifúndio de 800 mil hectares e 500 mil cabeças de gado que a quadrilha do banco Opportunity abocanhou no Pará nos últimos quatro anos.
O governo do Pará, que não desiste da atitude algo esquizofrênica de se proclamar defensor de direitos humanos e, na prática, lançar mão dos mesmos métodos policialescos de sempre, deve estar esperando o próximo massacre para se mexer.
Charles Trocate, dirigente do MST e um dos principais coordenadores do movimento no conflagrado sul e sudeste paraense, recentemente foi indiciado pela polícia de Ana Júlia (PT) como incitador de invasão de terras. Diga-se, terra griladas, roubadas do patrimônio estadual, como o próprio governo admite. Pois bem, Trocate continua ameaçado de prisão, mas não se intimida. Saiba aqui suas razões para continuar resistindo.

sábado, 9 de maio de 2009

Chamas da vingança

A Veja desta semana traz mais alguns detalhes de um dos muitos esquemas de corrupção do governo tucano do Rio Grande do Sul. Yeda Crusius , com olhar compungido, diz que tudo não passa de intriga da oposição. Utiliza-se, pela enésima vez, de uma resposta padrão, que, se tanto, somente adiará seu inexorável caminho para o patíbulo.

Segurança zero

Que as instalações militares brasileiras são um primor de insegurança não há qualquer dúvida. Basta lembrar os inúmeros furtos e roubos de armamentos que vez por outra surgem no noticiário. Agora, é vergonhoso que o Quartel General do Exército em Brasília, principal centro de comando da arma no país, onde se concentram o expediente do ministro do Exército e de seu alto comando, além das atividades vinculadas à inteligência militar, tenha uma agência bancária localizada em seu subsolo assaltada em plena luz do dia, isso já é demais.
Em tempo: os dois assaltantes, engravatados e de boa aparência, conseguiram escapar impunemente carregando R$ 8 mil. As câmeras de segurança, que poderiam servir para identificá-los, estavam em manutenção. Por mera coincidência, é claro.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sem defesa

O Brasil está cada vez mais isolado - e em péssima companhia - quando o assunto é a indispensável precaução diante dos organismos geneticamente modificados, os chamados transgênicos. Sob a batuta dos monopólios transnacionais, com a bênção de Lula e Dilma Rousseff, Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), agora por maioria simples e não mais por dois terços, segue aprovando o que é de interesse da Bayer, Monsanto, Dow Química, Cargill, Syngenta e outras.
Enquanto isso, a Alemanha acaba de banir a mesma variedade de milho transgênico que tem trânsito livre no país desde 2008, o MON810, da Monsanto. A decisão não é inédita, apenas segue as pegadas já trilhadas pela França, Grécia, Luxemburgo, Áustria e Hungria.
Quem põe o dedo na ferida é o jornalista Washington Novaes. Vale a pena ler aqui.

Um mercador com surdez seletiva

Ouvir a opinião pública? Supremo pecado, uma heresia capaz de turbar a onipotente vontade dos magistrados, que não têm tempo a perder "ouvindo o sujeito da esquina". Essas e muitas outras na reveladora entrevista de Gilmar Mendes na edição de hoje de O Globo.

Álbum de família

A foto aberta em três colunas na edição de hoje do Diário do Pará, página A4, fala por si só, mas bem que poderia sofrer uma pequena correção em sua legenda na identificação dos personagens: Ana Júlia, Lula e Roger Agnelli, presidente da Vale e governador (de facto) do Pará.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Serial Killer

A frase saiu da boca do presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Danilo Forte, um apadrinhado dos cardeiais do PMDB. Diante do escândalo revelado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), dando conta que, em 2008, 68 indígenas morreram por falta de assistência médica (37 eram menores de 5 anos), ele saiu com essa: "Em um universo de 500 mil índios, se tiver morrido só 68 por falta de assistência - não é bom ninguém morrer -, é um bom número".
A ressalva, entretanto, não conserta de forma alguma o raciocínio torto. Em nenhuma hipótese, o Estado brasileiro pode se eximir de suas responsabilidades. O "bom número" do dirigente do governo Lula deveria ser razão suficiente para a queda - de fio a pavio - de todos os dirigentes da Funasa, não por acaso tida e havida como um dos polos mais dinâmicos no processo de apropriação de recursos públicos por quadrilhas altamente especializadas.
O relatório anual do Cimi, um vigoroso testemunho sobre as atrocidades cometidas contra os povos indígenas no Brasil, deveria ser leitura obrigatória. Para amplificar a indignação e fomentar a resistência, estes dois ingredientes indispensáveis para traçar a linha divisória entre a civilização e a barbárie.

Transfusão de sangue

Os Estados Unidos - vale dizer, o povo americano e todos os pobres da terra - estão se preparando para mais uma "ajuda humanitária" aos banqueiros e especuladores de Wall Street: US$ 100 bilhões. Na primeira fila, com as cartolas na mão, os outrora poderosos Citigroup e BofA (Bank of America), cujas garras permanecem fincadas na carne dos povos do Terceiro Mundo.

A porta de saída

Crise econômica? A do Brasil é muito mais larga e profunda. Leia a opinião do economista Cesar Benjamin, doutor honoris causa da Universidade Bicentenária de Aragua (Venezuela) e autor de "Bom Combate" (Contraponto, 2006).

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A cultura do pau de arara

O lombo do Brasil ardeu - e ardeu bastante - na 42ª sessão do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU, em Genebra. O país foi mais uma vez alvo de denúncias de diversas ONGs porque não combate com a dureza e eficácia necessárias a cultura da violência que provoca uma "clara criminalização da pobreza".

Uma nuvem de palavras. Uma oração poética

Mário Benedetti, 88, considerado como o mais importante escritor e poeta do Uruguai, está enfermo e sua situação é considerada muito grave. Ele padece de uma doença inflamatória crônica intestinal e, desde o dia 29 de abril está hospitalizado em Montevidéu.
Pelo mundo todo, a partir da feliz provocação de Pilar, esposa de José Saramago, foi tecida uma gigantesca corrente virtual em favor de seu mais pronto restabelecimento.
Para Saramago, a tarefa dos milhões de amigos e admiradores de Benedetti, neste momento tão crítico, é arrancar "os seus poemas à imobilidade da página" e fazer "com eles uma nuvem de palavras, de sons, de música, que atravesse o mar atlântico (as palavras, os sons, a música de Benedetti)".
Desafio lançado, desafio aceito. Está no ar a Cadena de poesía por Benedetti, a qual o Página Crítica também se associa e lança, ao vento, um punhado de versos de amor e de crença na imorredoura permanência da capacidade humana de amar:

Te quiero

Tus manos son mi caricia
mis acordes cotidianos
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro

tu boca que es tuya y mía
tu boca no se equivoca
te quiero porque tu boca
sabe gritar rebeldía

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos


y por tu rostro sincero
y tu paso vagabundo
y tu llanto por el pueblo
porque sos pueblo te quiero

y porque amor no es aureola
ni cándida moraleja
y porque somos pareja
que sabe que no está sola

te quiero en mi paraíso
es decir que en mi país
la gente viva feliz
aunque no tenga permiso

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice
y todoy en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Canciones de amor y desamor, p.330 (Inventario I, Poesia Completa, 1950-1985)




terça-feira, 5 de maio de 2009

Com as mãos sujas de sangue

Israel mentiu - e mentiu muito - sobre sua guerra genocida contra os palestinos de Gaza. Quem afirma é o insuspeito Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Brutalidade em 3D

Presos algemados e acorrentados nas delegacias da capital. Celas super-lotadas a ponto de explodir em uma voragem de violência e sangue. Este é o cenário das verdadeiras enxovias medievais mantidas por um governo que, há muito, perdeu toda a capacidade de se auto-proclamar como defensor dos direitos humanos.

Rasgando a fantasia

Para o uruguaio Eduardo Galeano o capitalismo cobre o mundo com o véu da fantasia. Batiza, a seu bel prazer, as coisas e fenômenos dos dias atuais para que, na ilusão da mudança frenética, nada mude.
Desvelar a linguagem dos dominantes pode ser o primeiro passo para por abaixo o império da desigualdade. Vale a pena ler e refletir.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A longa marcha

Da dívida pública com os credores nacionais e internacionais - quase R$ 1,5 tri - todos os meses se ouve falar. O Banco Central divulga os números do gigantesco rombo, tomando o devido cuidado de apresentar como mérito aquilo que provoca a maior sangria desatada de toda a história brasileira.
Encoberta por um véu de silêncio e cumplicidade, a outra dívida - verso de uma mesma moeda - permanece desconhecida. Quanto é que o país precisa para liquidar, de uma vez por todas, o histórico déficit social, base sobre a qual se ergue a nossa tragédia de cada dia?
O economista Márcio Pochmann, professor da Unicamp e atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tem a resposta. São necessários R$ 7,3 trilhões (em números de 2004) para satisfazer integralmente a demanda nacional por educação, saúde, habitação, cultura, informática, combate à pobreza, previdência e reforma agrária.
Uma montanha de dinheiro - um pouco mais que o dobro do PIB de 2008. A questão não está na grandeza dos recursos necessários, mas na direção que se escolheu para enfrentar a crise. Sem uma alteração substancial no rumo que o país está trilhando - cada vez mais integrado e dependente das decisões emanadas pelo centro do capitalismo mundial - essa dívida social será adiada para um futuro incerto que funciona como miragem. Quanto mais se imagina estar próximo de alcançá-lo, mais inatingível ele se torna.
Que a esperança, matéria-prima que move os homens pobres e “pendurados no tempo”, não falte ao longo dessa dramática e decisiva travessia. Ela, a esperança, não é apenas a última que morre; é dela que se arranca a força para seguir adiante.

Tempo quente

Este maio que se inicia não será refresco para Duciomar. Pela primeira vez em cinco anos, a prefeitura enfrenta uma greve geral de todo o funcionalismo, deflagrada desde a última quinta-feira, 30 de abril.
Acossado por todos os lados, ele não poderá simplesmente desconhecer o movimento, cuja força está sustentada na revolta crescente e generalizada do funcionalismo da saúde e da educação, principalmente.
Resta saber se o labioso prefeito será capaz de driblar os grevistas com a mesma ginga com que tem fitado as reiteradas decisões judiciais de primeira instância contra o descalabro administrativo instaurado em Belém.

No ventre da besta

Que as forças armadas dos Estados Unidos utilizam a tortura e toda sorte de métodos criminosos contra os povos sob ocupação, no Afeganistão e no Iraque, não se trata de nenhuma novidade. Mas não deixa de ser pavoroso descobrir, através de dados oficiais, que a máquina de matar da Casa Branca dispensa tratamento semelhante às milhares de mulheres que são recrutadas nas diversas forças. Nove de cada dez sofreram, ao longo de sua permanência na ativa, algum tipo de violência ou assédiuo sexual e - pasmem - 30% declararam ter sido estupradas por seus colegas soldados ou por seus superiores.
A estarrecedora história pode ser melhor conhecida aqui.

domingo, 3 de maio de 2009

Dialética da eternidade em uma folha de papel

"(...) esses livros determinam meus sentimentos, meu entendimento do mundo, são o mapa de minha alma, cada um representando uma região, um lugar onde estive e onde ainda estou, há entre eles os meus preferidos, ficam separados numa das prateleiras, rabiscados desde a primeira página, onde se encontram palavras manuscritas, lembranças, ideias, pétalas secas, madeixas, preces, são meus livros, mas tenho sempre a sensação de que não me pertencem, sou dona deles mas apenas uma pequena e frágil conexão entre um e outro tempo, vivo trancada numa sala onde livros vivos sorriem, choram, zombam, ensinam, atraiçoam, respiram, livros que passam de papel para papel, às vezes sou tomada de uma tristeza por não saber o que lhes acontecerá depois de minha morte, mas sei que eles, como as pessoas, tem seu destino, alguns meu filho levará, outros, um neto, outros ainda serão vendidos num sebo, com meu nome, bilhetes, segredos, receitas, folhas de outuno, gotas de cafe, que tornarão triste um leitor sensível, os demais deixarei de lembrança para amigos, mas todos existirão mais do que eu, uns existirão eternamente".


Ana Miranda. Noturnos (1999, p.58, Companhia das Letras)

sábado, 2 de maio de 2009

Terra arrasada

A qualquer momento, sem aviso prévio, uma família palestina é acordada pela presença das tropas especiais de Israel invadindo sua casa. Tudo acontece em poucos minutos e sob a mira de fuzis automáticos. Não se trata de uma ação contra supostos militantes de grupos da insurgência palestina, mas, alegam as autoridades de ocupação, as casas foram construídas sem alvará da prefeitura de Jerusalém, cuja parte oriental foi anexada por Israel na guerra de 1967, e portanto devem ser demolidas. Mulheres, homens, anciãos e crianças, com os poucos pertences que conseguirem salvar, assistirão, impotentes, sua moradia virar pó sob o impacto dos buldôzeres que acompanham o operativo policial-militar.
Em algum tempo aquela área será utilizada para a construção de um condomínio residencial para famílias judias, consolidando a limpeza étnica e a supremacia político-territorial que interessa ao Estado de Israel, que faz pouco caso da persistente condenação internacional que se mantém ao longo de mais de quatro décadas.
A ONU, por exemplo, acaba de emitir mais um comunicado condenando as demolições. Palavras ao vento, sem eficácia alguma, servem apenas para reafirmar o quanto o mundo se limita ao triste papel de cúmplice de um lento e cruel genocídio.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Com as mãos sujas

Quando, logo mais, o petróleo finalmente jorrar das torres da plataforma Tupi, na bacia de Santos, durante a ensaiada cerimônia que o governo Lula preparou marcar este Dia do Trabalhador, vai ter quem estufe o peito verde-e-amarelo e imagine que a redenção está assegurada.
Por trás do lance de marketing do presidente Lula, que por razões técnicas e de segurança foi impedido de pessoalmente lambuzar as mãos com o "ouro negro" e, quem sabe, marcar o macacão de sua principal auxiliar, a czarina Dilma Rousseff, esconde-se uma história de entreguismo e de lesa-pátria.
Ao manter os leilões dos blocos para exploração petrolífera, inclusive para as novas áreas do pré-sal, o governo brasileiro abriu a possibilidade para que o capital estrangeiro viesse fincar suas garras nessa que poderá ser a maior descoberta energética deste início de século. Ora, somente Tupi e Iara, os dois poços vizinhos explorados pela Petrobrás, concentram potencial que pode chegar a 9 bilhões de barris, na hipótese mais otimista, quando todas as reservas brasileiras até então descobertas não ultrapassam os 14 bilhões de barris.
Muito bem, próximo dali, no bloco BM-S22, a gigante norte-americana Exxon Mobil, a maior petroleira privada do mundo, anunciou recentemente que achou petróleo a uma profundidade de 2.223 metros da superfície marítima. Neste empreendimento, a Exxon é sócia da também estadunidense Hess, ambas possuindo 40% das ações, enquanto a Petrobrás se contentou com uma participação minoritária de apenas 20%. Ocorre que o potencial do BM-S22, conhecido como Azulão, pode, segundo especialistas, alcançar a marca estimada para os campos de Tupi e Iara.
Mas, o Planalto não precisa se preocupar. Esse tipo de informação dificilmente surgirá nom momento em que mais um embuste estiver sendo servido, com toda pompa e circunstância, ao enebriado povo brasileiro.

Gillettepress

O dia em que a venerável Veja caiu em tentação.