sábado, 16 de fevereiro de 2008

Credibilidade em frangalhos

Não é um fato isolado. As questões replicadas em diversas provas dos concursos executados pelo Centro Federal de Educação e Tecnologia do Pará (Cefet) - em parte já admitido pela própria Seduc - revelam um comportamento sistemático de fraude. Às vésperas da prova que vai selecionar as quase 9.500 vagas para professor do Estado, a gritaria é enorme entre professores de cursinhos e candidatos inscritos. Todos exigem a suspensão imediata do concurso e consideram insuficientes as medidas anunciadas pelo governo, que ficaram limitadas à anulação das provas para o cargo de fonoaudiólogo, estatístico, economista, nutricionista e bibliotecário. Medidas necessárias, mas insuficientes diante da gravidade da denúncia que esfarelou em definitivo a pouca credibilidade que o concurso C-126 ainda possuía. Triscaram de leve na pontinha do iceberg, sem coragem para adotar o remédio correto: afastar o Cefet da coordenação do certame, abrindo uma apuração imediata e rigorosa para chegar aos responsáveis pela lambança.
Cresce a cada momento a sensação de que atua, nas sombras como é conveniente nestes casos, um bem articulado esquema de proteção aos dirigentes do Cefet, cuja experiência em concursos públicos até então era considerada nula. A situação fica mais insustentável quando se sabe que entre os manda-chuvas da antiga Escola Técnica Federal está o professor Edson Ari, irmão de Edilza Fontes, uma das principais conselheiras da governadora Ana Julia (PT).

3 comentários:

Anônimo disse...

Ora, essa história de dizer que o CEFET não tem experiência em concursos não cola... senão, vejamos:
1. Logo que o atual diretor-geral assumiu o CEFET, houve um grande concurso para contratação de professores para o quadro efetivo da instituição.
2. Na lista de aprovados deste concurso, figuravam pelo menos sete candidatos com vínculos e relações pessoais diretas com a direção e seus apaniguados.
3. Havia mulher de professor, sobrinho de diretor, filho de funcionário, funcionários do próprio CEFET, o marido da amante de um dos diretores, enfim, um verdadeiro concurso.
4. Um tópico especial deve ser dedicado a uma candidata que, somente graduada, com um documento falso para comprovação de pós-graduação, venceu experiente professor doutor em prova de desempenho. Infelizmente, o CEFET não teve a honra de desfrutar por muito tempo a sapiência desta senhora. Assim que o atual governo estadual se instalou, ele foi providencialmente removida para assumir um cargo de direção em uma Secretaria de Estado.
5. Como já faz algum tempo da realização deste concurso, minha memória já começa a falhar. Portanto, passemos para o próximo concurso, também realizado para a contratação de professores efetivos, mas desta feita para o interior.
6. Para não fugir a regra, dois filhos do diretor-geral foram aprovados, a esposa de um subordinado, uma leal servidora técnico-administrativa e mais um bate-pau da direção.
7. Agora, o que é mais interessante é que todo esse povo trabalha aqui em Belém, a despeito de terem sido contratados para suprir as necessidades do quadro de professores das UNEDs no interior do Estado.
8. Não vou afirmar isso para não ser leviano, mas comenta-se intramuros que algumas dessas pessoas ainda recebem diárias para permanecer aqui em Belém. Não sei se é verdade...
9. Para finalizar, há bem pouco tempo atrás, mais um concurso organizado pelo CEFET. Aliás, desta vez, já organizado pela Fundação Ctrl-C + Ctrl-V. Nesse concurso, para mostrar que as coisas já haviam mudado, da lista de aprovados, que eu conheça, pelo menos de relevância, somente a nora do diretor-geral.
10. Enfim, esse argumento estapafúrdio de que o CEFET não tem experiência em concursos não tem fundamentos. Parece mais choro de derrotados, incompetentes mesmo, pessoas que não tem no sobrenome aquele artefato que jorra água, colocado no plural.
Esperemos para ver no que vai dar. Só não vale dizer que a Auditoria Interna do CEFET está trabalhando no caso. Aí é maldade demais para com os candidatos.

Aldenor Jr disse...

Anônimo das 08:17,

Língua afiada e boa memória, combinação que costuma ser mesmo explosiva...
Pela relevância das informações trazidas, publico seu comentário em espaço mais nobre aqui do Página.
Volte sempre.

Anônimo disse...

Obrigada pelo destaque. Já havia feito um comentário antes, mas quenão foi publicado, pelas razões que você apresentou. Desta vez tive o cuidado de não citar nomes, mas posso assegurar que todas as informações são verídicas e de pleno conhecimento até do reino mineral que habita o CEFET. Mantenho-me no anonimato naturalmente por medo de retaliações, o que é comum naquela instituição. O primeiro a ir para o molho foi o professor que ficou em segundo lugar nas eleições que foram vencidas pelo atual diretor. Penou por três anos com a redução de seus vencimentos, por uma ordem direta do diretor-geral, finalmente revogada pela há coisa de três meses atrás. Outros já botaram suas barbas de molho. Mas finalmente encontramos um espaço em que podemos, no mínimo, mostrar o que acontece nesse chafariz de trapaças. Mais uma vez, obrigada.