segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Línguas de trapo

Correndo atrás do prejuízo, Flexa Ribeiro e Zenaldo Coutinho aparecem hoje na imprensa duelando com os fatos. O primeiro, depois de freqüentar durante dias a mídia nacional como um dos líderes da bancada da devastação, tenta negar a evidente relação de seu projeto de “recomposição de áreas degradadas” - leia-se, autorização para plantio de culturas homogêneas, como dendê e eucalipto - com a propalada anistia aos desmatadores, em estudo no Ministério do Meio Ambiente. Não teria nada a ver, diz o senador tucano em apuros. A missão do deputado federal do PSDB é ainda mais inglória: comprovar que Paragominas foi incluído injustamente na relação dos 36 municípios que mais devastaram a floresta no último período. Ao contrário, trata-se de um exemplo vitorioso de “desenvolvimento sustentável”. Manobra diversionista fadada ao fracasso. Afinal, ninguém duvida que o reinado de 12 anos do PSDB no Pará correspondeu ao fortalecimento sem precedentes dos segmentos econômicos mais vinculados ao modelo predatório e excludente.
Recorrer ao discurso da “sustentabilidade” – revestido de evidente carga ideológica – soa de um anacronismo atroz, peneira grossa demais para encobrir os efeitos da expansão brutal da monocultura da soja, da indústria suja do ferro gusa e do trabalho escravo em fazendas e carvoarias, seu “subproduto” necessário.
Uma pena que na defesa - aberta ou velada, tanto faz - deste modelo os tucanos não estejam sozinhos. É justamente este o elo que identifica a continuidade perversa entre os governos de FHC e de Lula. Mórbida e dramática semelhança.

Um comentário:

Anônimo disse...

Imagine Aldenor, se com 20% de reserva legal o desmatamento está descontrolado, imagine subindo para 50%. Será o caos e a barbárie. O exemplo dos estados nordestinos produtores de cana-de-açúcar, que destruíram toda a mata atlântica é emblemático. Agora que a terra está arrasada, os tais usineiros nordestinos assinaram o tal de termo de ajuste de conduta com o Ministério Público para "preservar" as matas ciliares. Na verdade, eu como nascida na zona da mata nordestina bem sei que só resta a capoeira e muita, muita cana pra que os usineiros continuem lucrando às custas da miséria dos trabalhadores bóias-frias. Se na Amazônia continuar da forma como está, como diz lá no Nordeste, não restará um pé de pau em pé.

Outro abraço. É o segundo que te mando hoje.

Aline Brelaz