quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A furiosa reação da motosserra

O falso consenso de que todos são contra a devastação ambiental não resistiu aos primeiros passos da chamada operação Arco de Fogo, deflagrada oficialmente ontem com a ocupação por tropas da Força Nacional de Segurança e da PF da conflagrada Tailândia, sudeste do Pará. Em ações sincronizadas, vozes começaram a se levantar, no parlamento federal e estadual, e em outras esferas, alertando para o "caos social e trabalhista" que a ação fiscalizadora irá supostamente causar.
A reação mais dura, entretanto, surgiu pela boca de um membro do próprio governo federal, em tese - e somente em tese - responsável pela sensível área da fiscalização da legislação trabalhista. "A política ambiental está dificultando e impedindo o desenvolvimento. O que está havendo é uma intervenção da pasta do Meio Ambiente na economia do Pará", disse um "revoltado" Fernando Coimbra, superintendente regional do Trabalho e Emprego no Estado, por indicação direta do deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), expoente da bancada ruralista na Câmara Federal.
Quem conhece a biografia de Coimbra, e suas íntimas relações com o latifúndio e com fazendeiros acusados da prática do trabalho escravo, não pode se assustar com a virulência de suas declarações. Não é por outra razão que as ações de combate ao trabalho escravo, há anos por sinal, estão centralizadas em Brasília, sob o estrito controle de um grupo de elite de funcionários de carreira, imunes à politicagem que campeia no Ministério.
A vergonha que o superintendente fez questão de repetir em vários momentos de sua entrevista, de certo, poderia ter outros destinatários. Ao invés de investir contra uma medida indispensável para resgatar a autoridade do Poder Público, ameaçada pela truculência dos bandos criminosos que se apossaram de Tailândia, ele prefere cerrar fileiras ao lado dos que sabidamente optaram pelo mundo da ilegalidade e de suas brutalizantes frentes de expansão sobre o que resta de floresta em pé.
Um caso de demissão sumária. Claro, se estivéssemos em outro governo, e não neste em que usineiros e agronegocistas em geral são tratados publicamente pelo próprio presidente da República como "heróis nacionais".

2 comentários:

Anônimo disse...

Aldenor Júnior, o povo do Pará que realmente quer o desenvolvimento sustentável com respeito ao meio ambiente deve clamar pra este desavisado senhor, puxa saco dos ruralistas: - Pede pra sair.
Ainda não entendi o que impede este senhor de deixar o governo que ele tanto critica. A mamata deve ser muito boa, não é?

Anônimo disse...

O que impede este cidadão, muito bem pago pelo contribuinte, de integrar as forças que combatem a ilegalidade que campeia no Pará? A poucos metros da P-150, em Tailândia, ele veria famílias alimentando fornos de carvão vegetal receberem R$ 20,00 para enchê-lo e R$ 9,00 para esvaziá-lo. A CTPS deste cidadão não é assinada e ele não tem sequer um abirgo para se proteger do sol inclemente de tempos em tempos, quanto mais água fresca. Garanto que nem sujaria as botas de lama. Agora enlameado está sua reputação, pela insolência de defender a ilegalidade.
Ele deveria estar em Tailândia combatendo a farsa de empresários que aproveitam a ação de combate às irregularidades ambientais para demitir seus trabalhadores, dando-lhes o calote ao não pagar a recisão trabalhista, alegando "crise" florestal, ou melhor "apagão florestal". Não mostram o quanto já lucraram com o patrimônio ambiental extorquido, muitas vezes à bala, uma riqueza que deveria pertencer a toda os paraenses.