quinta-feira, 10 de abril de 2008

Quando o crime compensa

Decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), adotada ontem, suspendeu a operação da Polícia Federal para a retirada integral de toda a população não-indígena dos limites da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima. O pedido formulado pelo governo do Estado alegava o risco iminente de "guerra civil". Houve carreata nas ruas de Boa Vista.
Em resumo: um grupo de grandes fazendeiros que grilam a terra dos índios, em aberta afronta à lei, organizam atos de terror contra as autoridades federais. Destroem pontes, bloqueiam estradas, isolam populações inteiras e arregimentam um "exército" de pistoleiros e jagunços para realizar atos de banditismo. Bombas caseiras, armas de fogo e até um carro-bomba - que deveria explodir em frente a um posto da PF em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela - fizeram parte do arsenal mobilizado, à luz do dia, pelos arrozeiros.
Agora, diante de uma cobertura alarmista dos principais órgãos de imprensa, os ministros do STF, por unanimidade, decidem desmoralizar uma sentença deles próprios, que em junho do ano passado, depois de anos de protelações judiciais, decretara que era imperativo a retirada de todos os invasores.
A festa do agrobanditismo pelas ruas da capital de Roraima é um escárnio contra a Constituição e uma evidente demonstração de que o crime - quando praticado pelas classes abastadas - sempre pode compensar.

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