terça-feira, 20 de maio de 2008

O facão de Tuíra se levanta

Começou ontem, 19, o Encontro Xingu Vivo para Sempre, em Altamira, Pará, reunindo mais de três mil pessoas, entre indígenas, ribeirinhos, pequenos agricultores e ambientalistas. Lá estava, como há 19 anos, a índia Tuíra, da nação kayapó, abrindo o cortejo dos guerreiros de sua tribo, dando início oficial ao evento que pretende, mais uma vez, marcar a posição dos povos da floresta contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, sonho dourado de dez em cada dez empreiteiros e empresários monopolistas daqui e lá de fora.
Desta vez, Antônio Muniz, atual presidente da Eletrobrás, não estará presente e, portanto, não correrá o risco de enxergar de perto o facão de Tuíra. Logo após, ingressaram os parentes Parakatejê, Assurini,Araweté, Panará, Kararaô,Mbengokrê, Kokraimoro, Arara, Juruna, Xipaya,Curuaya, Krahô, Apinagé e Parakanã. Povos da floresta, punhos, arcos e flechas cortando o ar.
Mas, para seu desgosto, os gritos e as canções indígenas repercutirão muito além dos limites do ginásio em que o evento se realiza. Ganharão o mundo, erguendo novas barricadas contra o polêmico projeto de geração de energia a partir da construção de barragens (no plural mesmo, já que Belo Monte é só a cabeça de ponte de uma estratégia que para se viabilizar economicamente não poderá prescindir de erguer mais duas ou três usinas na grande volta do rio Xingu).
Não há dúvida de que Altamira é, a partir de agora, o coração da resistência dos povos da Amazônia contra o modelo depredador.
É sintomático e, ao mesmo tempo elucidativo, que nenhuma autoridade dos governos federal ou estadual, participe dos debates. Estão com agenda lotada, com certeza. Lula às voltas com seu boquirroto ministro do Meio Ambiente, um verdadeiro rifle de repetição de factóides (de duração efêmera, é verdade). E Ana Julia, bem, nossa governadora gasta seu precioso tempo coordenando seu aparato policial-midiático contra professores em greve, garimpeiros e sem-terra.

Um comentário:

M.Michiles disse...

É o Antônio Muniz não está mesmo, mas veio outro para ceder o corpo para a Tuíra terminar o que ela deixou imcompleto em 1989.

O então engenheiro responsável pelo projeto de construção de Belo Monte foi recebido com golpes de facão de vários indíos mobilizados pela velha conhecida Tuíra!

Sou de Altamira!

asr_atm@hotmail.com