domingo, 30 de novembro de 2008

Loteamento na Lua. Há quem acredite

Existe uma outra faceta no ato-comício, custeado com recursos públicos, que cerca de 50 entidades sociais foram chamadas a realizar, nesta semana, no Palácio do Planalto. A pretexto de ter um encontro com o presidente Lula e expor a ele as alternativas para o enfrentamento da atual crise financeira, a manifestação serviu para que diversos oradores fizessem apologia ao nome da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) às eleições presidenciais de 2010, ali mesmo, numa cerimônia oficial. O que a imprensa pouco noticiou foi o teor da carta encaminhada à Presidência, na qual os movimentos pedem que o governo aproveite a crise para “mudar os rumos da política econômica”.
Seria apenas manifestação de ingenuidade, mas é coisa muito mais séria. O governo Lula não está em início de mandato. Ao contrário, em breve completará seis anos de gestão, tendo consumido a metade de seu segundo período. À luz de tudo que aconteceu neste tempo, é inconcebível que esses dirigentes ainda acreditem na possibilidade de uma alteração substancial na linha estratégica de um governo que desde seus primeiros atos fez questão de romper – na prática e simbolicamente – com os compromissos programáticos que haviam conduzido sua eleição em 2002, em meio a uma enorme expectativa de mudanças sociais, econômicas e políticas.
Apesar de acertar no diagnóstico e, em geral, nas medidas propostas, a
carta dos movimentos possui um pecado original, isto é, o de se eximir de quaisquer contrastes críticos aos descaminhos do governo – que pratica justamente o oposto do que os signatários do manifesto dizem professar. Ao agir assim, acabam servindo como instrumento de uma manobra ilusionista, na qual o governo tenta manter vivo o verniz de uma inexistente participação popular.
Em resumo, viraram a cereja do bolo. Por opção própria e consciente, diga-se.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse é o tal presidente "pai dos pobres".
Ele não diz, até nega, mas o sonho dele é se perpetuar no poder (nem que seja com uma "laranja).
Tal qual o grande companheiro Hugo Chaves.
A "democracia bolivariana" de lá está em andamento para perpetua-lo na Venezuela.
E o povo servindo de massa de manobra, lá e cá.

Aldenor Jr disse...

Menos, Anônimo das 11:38, menos.
É uma bobagem acreditar que Dilma Rousseff se prestaria ao papel de "laranja" de Lula. As relações políticas entre eles - mediadas pelo PT e por outras forças que sustentam o atual governo - sugerem que as coisas não sejam tão simples e diretas assim.
Por outro lado, é espantoso como tem gente sempre pronta para comprar a versão esfarrapada de que Chávez transformou a Venezuela num grande Gulak tropical. Mesmo diante das recentes eleições, legitimadas pela oposição e por incontáveis observadores internacionais, a cantilena volta com toda a força. Uma pena. Este é o caminho mais curto para não se entender a riqueza do processo vivenciado pelos venezuelanos nos últimos anos.

Anônimo disse...

Ficamos combinados assim:
Chavez NÃO quer se perpetuar, é versão esfarrapada, é cantilena.
Tá bom.
E eu acredito em...papai-noel.
(xii, isso é invenção imperialista-burguesa-da-elite-exploradora!)
Esquece.

Anônimo disse...

É, meu caro, Aldenor. Quem semeia ventos, colhe tempestades. É isso aí. Carrega tua cruz.