domingo, 18 de janeiro de 2009

Os nomes do terror

Irgun. Haganá. Stern. Quem ainda se lembra?
Deir Yassin. Askalaan. Kibya. Alguém recorda?
São palavras estranhas, geradas por idiomas milenares, mas todas tem em comum a marca do terror.
Irgun, Haganá e Stern eram grupos armados constituídos pelos judeus durante o mandato britânico na Palestina, nas primeiras décadas do século XX. Organizações paramilitares, clandestinas durante a maior parte de sua existência, elas operavam espalhando o terror entre a população civil palestina. Explodiam bombas, realizam atentados contra alvos civis e também contra as autoridades britânicas, arrasavam aldeias inteiras e expulsavam centenas de milhares de palestinos. E quem eram seus líderes? Ben Gurion, Isaac Shamir, Menahen Bengin e outros tantos que são até hoje considerados - pelos israelenses - como herois nacionais, os pais do Estado de Israel.
Para os árabes, entretanto, são terroristas, criminosos de guerra.
Deir Yassim não sobreviveu ao 9 de abril de 1948. Seus habitantes foram massacrados pelo Irgun (Menahen Begin) em conjunto com 40 homens do Stern (Isaac Shamir). Ao término do ataque, 300 civis, entre mulheres, crianças e idosos - jaziam mortos. A aldeia foi queimada e o horror decorrente do massacre serviu para "convencer" vastas populações palestinas a fugir, "abandonando" o território que a Resolução da Partilha (25 de novembro de 1947) havia estabelecido para compor o Estado Palestino. Foi a primeira grande onda da diáspora. Com o passar dos anos (e das guerras), muitas outras levas de refugiados foram sendo alimentadas com carne e sangue de um povo empurrado à destruição física e espiritual.
Em 1953, a Unidade 101 do exército de Irael, esquadrão de elite liderado por Ariel Sharon, ele próprio um remanescente do Haganá, ocupou a aldeia palestina de Kibya. A operação tinha o sabor da vingança e da punição coletiva, ingrediente que parece indissociável da política do Estado de Israel frente à resistência palestina. A missão da tropa era vingar o assassinato, por grupos palestinos, de uma mulher israelense e de suas duas filhas. Resultado: 45 casas foram explodidas, 69 civis mortos, dentre eles 45 crianças.
Askelon, hoje cidade israelense às próximidades de Gaza, e por isso mesmo alvo constante dos foguetes caseiros do Hamas, já foi, há apenas quatro décadas, a aldeia palestina de Askalaan, demolida para dar lugar ao assentamento judaico.
Por isso tudo, não chega a ser extraordinário os métodos utilizados por Israel em Gaza, nessa última e sangrenta operação militar. Matar, em 22 dias, mais de 1200 civis, um terço dos quais crianças, e ferir outros 5 mil, infelizmente, é apenas a reiteração de um método que vem sendo utilizado há tantas décadas, sob o silêncio cúmplice da comunidade internacional.
O jornal britânico The Independent, um dos poucos veículos ocidentais que realiza uma cobertura profunda e imparcial da tragédia humanitária em Gaza, traz a denúncia, atribuída a fonte médidas palestinas, de que Israel utilizou armamentos ilegais contra a população civil. É o caso das bombas de tungstênio - Dime (dense inert metal explosive), em inglês -que produzem enormes danos às vítimas. "Estou na zona de guerra há 30 anos e nunca vi ferimentos como esses", afirmou o médico norueguês Erik Fosse, que trabalha em hospitais de Gaza nestes dias cinzentos da invasão israelense.
Que falta faz um novo tribunal de Nuremberg para que esses e outros tantos crimes de guerra possam ser julgados e seus autores exemplarmente punidos?

Um comentário:

Anônimo disse...

As armas que o hamas usa contra os judeus são todas benéficas, boazinhas, não letais. ora me poupa blogueiro, sejam menos parcial. Isso é uma guerra. os dois lados são podres. Palestinos e israelenses há muito tempo perderam qualquer jusitificativa plausível para essa matança.