sábado, 10 de abril de 2010

Dialética de uma lágrima amazônica

"Cântico XXXVII

Atrás de cada hora
atroz, aterra
a terra entre grilagens
e parágrafos de erros
sobre as horas...

Rio, por que choras?

Quem sabe a trama que se arma,
quen reconhece a noite entre nascentes
de rios negros de aurora?
Quem acendeu as chamas das queimadas
com título de posse des-fraudado
entre colonos em pânico?

E que pássaro ávido
mais-que-de-aço
põe seus ovos letais
em núbeis praias de Conde?

Aeroportos ocultos
revelam-se em radares.
A dúvida aterriza.
Aterroriza-se."


João de Jesus Paes Loureiro, poeta, professor e pesquisador paraense, nascido em Abaetetuba (1939). Porantim (1979, p.86. Obras Reunidas, Volume 1, São Paulo: Escrituras Editora, 2000)

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