quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sangue na Fronteira

O Paraguai está em virtual estado de sítio. Em cinco departamentos - o equivalente a estados no Brasil - vigora a suspensão de direitos políticos e a possibilidade de prisões sem mandados, além de outras medidas típicas de situação de guerra civil.
O presidente Fernando Lugo, eleito na esteira de um amplo sentimento mudancista, vai de crise em crise aprofundando uma situação de crescente ingovernabilidade.
A emergência de um guerrilha no campo está servindo de pretexto para a demonização dos movimentos sociais insubmissos, que de uma posição inicial pró-governo migraram ações de contestação cada dia mais radicalizadas. Suas bandeiras, aliás, constam do programa eleitoral de Lugo mas foram sendo convenientemente largadas pelo meio do caminho.
Para tornar o caldeirão social ainda mais explosivo existe a fortíssima presença do narcotráfico e do contrabando, cujas raízes estão fincadas há muitas décadas naquele destroçado país, um dos mais pobres da América Latina.
Enquadrar o conflito com a utilização do modelo inspirado pelos Estados Unidos na Colômbia, onde qualquer insurgência é imediatamente carimbada como narco-guerrilha, representa o caminho mais curto para a generalização e descontrole total do quadro que vem degenerando com enorme rapidez.
Luiz Carlos Azenha, respeitado jornalista e correspondente internacional, lança sobre a crise atual paraguaia uma luz distinta daquela emanada pela grande mídia. Seu artigo A segunda guerra do Paraguai merece ser lido com a máxima atenção.

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