segunda-feira, 4 de abril de 2011

A rosa de Fukushima

Alguém, em sã consciência, imagina uma empresa privada zelando pela segurança nuclear de um país?
Com certeza, poucos teriam o desplante de imaginar que isso daria certo.
Mas, por incrível que pareça, o neoliberalismo selvagem vigente no Japão confere esse direito - e essa extraordinária responsabilidade - a um conglomerado empresarial chamado Tokio Electric Power (Tepco), que administra a central nuclear de Fukushima, palco há semanas do pior acidente desde a tragédia de Chernobyl, em 1986.
A Tepco, cujas ações estão virando pó na Bolsa de Tóquio, responde pelo fornecimento de energia para um terço da população do Japão. Preocupados com o lucro - ou com iminente falta dele - os gerentes da empresa têm protagonizado uma série enorme de trapalhadas, no mesmo tempo em que se agravam as variáveis - extensão e profundidade - da gravíssima destruição na usina causada pelos terromoto e pelo tsunami de 11 de março.
Ainda é cedo para se ter absoluta certeza de todas as nefastas consequências das explosões ocorridas em Fukushima. Mas já se sabe que o vazamento de material radioativo, em enorme escala na água, no ar e no solo de toda a região, vai muito além da área de evacuação que não ultrapassou 30 quilômetros decretada pelas autoridades japonesas.
Que sirva de lição, amarga e cruel, para os patologicamente privatistas. Pena que esses se caracterizam justamente por não possuir qualquer apreço pela vida humana.

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