sábado, 9 de abril de 2011

Voragem de sangue

O massacre de Realengo, com sua profusão de morte, desespero e dor, é um nervo exposto, cuja pulsação lancinante vai demorar muito a passar.
O trauma do fuzilamento sumário de, pelo menos, 12 crianças indefesas, metodicamente planejado por um jovem dilacerado por gravíssima enfermidade mental, revela a face mais cruel de uma sociedade cada dia mais violenta e fraturada social e economicamente.
Quais as raízes mais profundas desta tragédia?
Dentre outros fatores, não há dúvida que podem ser encontradas nas armas tão facilmente adquiridas pelo assassino em série, por R$ 200 reais apenas, pois são as mesmas que circulam pelo subterrâneo circuito do nacotráfico e de seus múltiplos tentáculos que vicejam na ilegalidade.
Enquanto a sociedade permanecer armada, centenas de massacres de Realengo se repetirão na indecente média diária de vidas ceifadas, sob diferentes circunstâncias.
Construir um novo senso - humanista e visceralmente solidário com os mais fracos -, na contramão do pensamento hegemônico que prega respostas violentas à violência crescente e descontrolada, pode abrir uma brecha neste horizonte carregado pela disseminação da maldade que se nutre do extermínio permanente dos desprotegidos.

2 comentários:

Nina disse...

A personalidade pré-mórbida desse pobre rapaz há muito já se desenhava,mas ninguém via os traços. Claro que não justifica tamanha tragédia,no entanto, quando se torna pública, bem se vê os sintomas de adoecimento da sociedade que tenta, de qualquer maneira,incriminá-lo. Ele é tão vítima quanto os que matou.

Rita Ribeiro disse...

Inteligente artigo Junior, e pensar que muitas armas ainda estão sob controle de mentes tão adoecidas, falta atitude política.