terça-feira, 19 de julho de 2011

Com olhos de menino

Aos integrantes da Brigada Brasileira de Solidariedade Zumbi dos Palmares




Com olhos de menino eu vi:

- Outros olhos de meninos alçados em armas, erguendo barricadas de sangue e de sonho aos pés de vulcões mal-dormidos na pequena e insurrenta Nicarágua;
- Tiranos em fuga, carregados de tesouros e de vergonha, enquanto, nas ruas vermelhas de ira, o povo conquistava, enfim, o direito de sorrir;
- Ondas enlouquecidas de gentes que, sem pedir licença, colocavam o mundo de ponta-cabeça;
- O amanhecer daquele 19 de julho com sua película rojo y negra que anunciava a chegada da Revolução, com R maiúsculo,ao coração da América tantas vezes violada;

Com que olhos, hoje, mais de três décadas depois, revisitarei as colunas guerrilheiras que tomaram Manágua e espalharam, por todas as partes, as belas sementes da rebeldia?
Pouco importa se os caminhos dessa e de tantas outras revoluções acabaram frustrados em meio aos cruéis ataques de fora e aos não menos nefastos pecados de cima e de dentro.
Afinal, aquelas bandeiras insubmissas e aqueles gritos de liberdade apenas aguardam outras mãos e outras gargantas dotadas de coragem e paciência para voltar a palmilhar, agora e sempre, os caminhos abertos por quem desposou a luta como eterna companheira.

sábado, 18 de junho de 2011

Saramago, ano I - Uma luz que se acende

A José Saramago



Lanzarote, por sobre vulcões (aparentemente) adormecidos.
O relógio cravou: 11h30 de 18 de junho de ano da graça de 2010.
Neste exato momento, fez-se o silêncio.
O coração de José Saramago bateu pela última vez.
A vida, como se costuma ver, chegava ao fim. Ao fim?
Neste exato momento, às 11h30 ...
...Uma mulher fulminou com o olhar de fogo a mão do homem que estava prestes a espancar-lhe o rosto. A violência, como pão de cada dia, será expulsa porta afora...
...Os fonemas fizeram sentido e as palavras - dançantes e acrobatas - juntaram-se em um abraço total. Assim, mais um ser humano descobriu o milagre da leitura. O mundo - todo o mundo - seria seu daquele segundo em diante...
... Uma cerca - uma das tantas cortinas de ferro e de ódio - foi rompida. Por entre as brechas, surgiram bandeiras - vermelhas, verdes, brancas, multicores - anunciando que a humanidade não se vergará aos campos de concentração contemporâneos. Sem terra? Sem Pátria? Melhor se dirá: seres humanos, simplesmente.
... Uma criança, ilha esquecida na selva de pedra, limpou o rosto e ergueu o olhar para seu entorno de descaso e desamor. Daquele momento em diante, para nunca mais, ela não permitirá que lhe pisem os direitos. Será senhora de seu destino. Aquele mesmo destino luminoso que brilha nos olhos de um velho homem, que os médicos declararam morto, às 11h30, sobre sua cama de honradez e firmeza, em Lanzarote, por sobre vulcões (aparentemente) adormecidos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dois povos, dois Estados - Paz na Palestina: intelectuais israelenses lançam manifesto


Do Cebrapaz

Dezenas de personalidades públicas, intelectuais e acadêmicos israelenses assinaram uma declaração em apoio a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967, no marco de uma solução de dois Estados.

Os signatários devem apresentá-la nesta quinta-feira (21) diante do Hall da Independência de Telavive onde o arquiteto do Estado judeu, David Ben Gurion, proclamou a independência de Israel em maio de 1948.

Nesse ato simbólico será lida uma carta assinada por seus promotores, que aproveitarão a ocasião para pedir ao público que se some a eles assinando o documento.

"O povo judeu surgiu na Terra de Israel, onde forjou sua personalidade. O povo palestino surgiu nos territórios palestinos, onde sua personalidade foi forjada", reza o texto da carta, cujo conteúdo antecipa nesta quarta-feira a imprensa local.

Entre os signatários estão ao menos 20 ganhadores do Prêmio Israel, o mais importante do país, que anualmente concede é concedido no Dia da Independência.

Os promotores da iniciativa insistem em que não se trata de um novo plano político, mas de uma forma de apresentar à sociedade uma visão alternativa à postura oficial do Executivo israelense.

Com agências

domingo, 17 de abril de 2011

Cubo Mágico


Segure-se.

Com as duas mãos, sem medo, agarre a crina e galope através do tempo.

Névoa. Céu cinzento. Grávido de tempestades.

Entardecer, lusco-fusco cobrindo a mata.

Na curva do S, Eldorado, sonho e perdição.

A fuzilaria não tarda a começar.

Soldados arcabuzeiros, bombardas e canhões.

Sobre o asfalto, sangue. Muito sangue.

Em meio à gritaria horrenda, um rosto se destaca.

Cabelos ao vento, brancos, branquíssimos.

Ele, o principal, dirige os seus na luta desesperada.

Antes que a noite caia, Guaimiaba, chefe guerreiro, será dominado.

O laudo oficial dirá que levou quatro tiros. Todos mortais.

Um atingiu a cabeça, de trás para frente.

Outro estraçalhou sua testa, pelo lado direito.

Por trás - sempre por trás, seus algozes acertaram seu pescoço, vida que se esvai.

E, sem misericórdia, um último tiro penetrou no lado direito do peito que não se entrega.

Era 17 de abril do ano da graça de 1996.

Ventania. Folhas ao vento.

A floresta se move, silenciosa, decidida.

- Quem vem lá?

- Quem vem lá?, gritou o vigia, tomado pelo mais espesso medo.

Começava o ataque derradeiro.

Nação Tupinambá em formação.

Carregam foices e paus.

Carregam bandeiras vermelhas.

Carregam, em seus alforjes esfarrapados, amuletos ancestrais, cânticos e coragem.

O forte do invasor, porém, não será tomado.

Da paliçada, em frente ao grande rio, protegidos, metralham.

Chumbo. Aço que tudo rompe.

Vidas partidas e lançadas, em pedaços.

A terra sentirá, como nunca, o peso das botas assassinas.

Oziel Alves Pereira, 17 anos, pele escura, cabelos longos, desafiantes.

Ele não se entregará. Mesmo diante da derrota iminente, é líder até o final.

Antes que a noite caia, Oziel, chefe da legião de homens livres, será dominado.

A soldadesca vai cercá-lo, em fúria.

Um tiro de arcabuz?

O canhão que cospe fogo e morte?

Uma punhalada pelas costas?

Pouco importa.

A ordem é clara: matar. Acabar com essa cambada.

Era 7 de janeiro do ano da graça de 1619.




Ilustração: Desenho de Edmilson Rodrigues (novembro 2002, Milano). "Marés do Céu" - Desenhos - Curadoria: Gileno Chaves. MABEU - Museu de Arte Brasil - Estados Unidos. Clique sobre a imagem para ampliá-la.

sábado, 9 de abril de 2011

Voragem de sangue

O massacre de Realengo, com sua profusão de morte, desespero e dor, é um nervo exposto, cuja pulsação lancinante vai demorar muito a passar.
O trauma do fuzilamento sumário de, pelo menos, 12 crianças indefesas, metodicamente planejado por um jovem dilacerado por gravíssima enfermidade mental, revela a face mais cruel de uma sociedade cada dia mais violenta e fraturada social e economicamente.
Quais as raízes mais profundas desta tragédia?
Dentre outros fatores, não há dúvida que podem ser encontradas nas armas tão facilmente adquiridas pelo assassino em série, por R$ 200 reais apenas, pois são as mesmas que circulam pelo subterrâneo circuito do nacotráfico e de seus múltiplos tentáculos que vicejam na ilegalidade.
Enquanto a sociedade permanecer armada, centenas de massacres de Realengo se repetirão na indecente média diária de vidas ceifadas, sob diferentes circunstâncias.
Construir um novo senso - humanista e visceralmente solidário com os mais fracos -, na contramão do pensamento hegemônico que prega respostas violentas à violência crescente e descontrolada, pode abrir uma brecha neste horizonte carregado pela disseminação da maldade que se nutre do extermínio permanente dos desprotegidos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Meninos, eu (não) vi

Então, está combinado: a maior operação realizada pela Justiça para desbaratar o esquema de corrupção montado pela gigante Camargo Correa, que passou à história como Operação Castelo de Areia, virou pó. Foi demolidada, grão por grão, pela maioria de 3votos a 1 dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A alegação não poderia ser mais prosaica: as provas obtidas pela PF teriam sido ilegais por estarem baseadas em "denúncias anônimas". Ou seja, podem ser verdadeiras, mas não devem existir no mundo jurídico.
Diante do caráter inédito da sentença, que ainda pode ser reformada em grau de recurso, corruptos e corruptores devem estar respirando aliviados.
Aliás, o propinodudo bilionário da Camargo Correa, cujas digitais estão espalhadas por aí em todo o andar de cima, de A a Z no espectro político-partidário verde e amarelo, se for revelado em toda sua extensão e produndidade, dizem, colocaria em risco a sobrevivência da República.
Pena, muita pena, que a geração atual dificilmente veja essas entranhas putrefatas expostas ao olhar bestificado do distinto público.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A rosa de Fukushima

Alguém, em sã consciência, imagina uma empresa privada zelando pela segurança nuclear de um país?
Com certeza, poucos teriam o desplante de imaginar que isso daria certo.
Mas, por incrível que pareça, o neoliberalismo selvagem vigente no Japão confere esse direito - e essa extraordinária responsabilidade - a um conglomerado empresarial chamado Tokio Electric Power (Tepco), que administra a central nuclear de Fukushima, palco há semanas do pior acidente desde a tragédia de Chernobyl, em 1986.
A Tepco, cujas ações estão virando pó na Bolsa de Tóquio, responde pelo fornecimento de energia para um terço da população do Japão. Preocupados com o lucro - ou com iminente falta dele - os gerentes da empresa têm protagonizado uma série enorme de trapalhadas, no mesmo tempo em que se agravam as variáveis - extensão e profundidade - da gravíssima destruição na usina causada pelos terromoto e pelo tsunami de 11 de março.
Ainda é cedo para se ter absoluta certeza de todas as nefastas consequências das explosões ocorridas em Fukushima. Mas já se sabe que o vazamento de material radioativo, em enorme escala na água, no ar e no solo de toda a região, vai muito além da área de evacuação que não ultrapassou 30 quilômetros decretada pelas autoridades japonesas.
Que sirva de lição, amarga e cruel, para os patologicamente privatistas. Pena que esses se caracterizam justamente por não possuir qualquer apreço pela vida humana.

domingo, 3 de abril de 2011

Periscópio - Belém dos bulevares





O olhar precisa submergir.
Décadas e décadas para trás.
1900.
Um pouco mais. Um pouco menos.
Projetada em sépia, a cidade se desvela.
A Belém dos bulevares abre caminho,
domina a visão.
Á direita de quem espia, armazéns que viraram pó.
O porto, signo do progresso que se impunha,
tomou o seu lugar.
À esquerda, imponente, o prédio secular da Alfândega.
Até hoje, ali, resistindo às intempéries e aos
(muitíssimos) maus-tratos.
Em meio às construções, pequenos pontos se movem.
Sobre a linha do bonde, um homem de casaca,
em passo ligeiro.
Quem seria ele?
Um endinheirado do ouro-látex?
Um coronel de barrancos, gados e gentes,
aprisionador de amplidões sem fim na floresta ou
nos campos marajoaras?
Ou, quem sabe, um homem comum, imigrante,
galego ou espanhol, recém desembarcado e ainda
pouco adaptado aos calores da nova terra?
Outras pessoas invadem a paisagem.
Trabalhadores, sim, homens de mãos calejadas,
pés plantados no chão,
sufocados pelo calor e pelo peso da ineludível labuta.
Um deles,quase despencando do enquadramento da foto,
camisa branca de brim que reflete o sol,
para e olha para o trabalho que lhe espera.
Seus olhos estão repletos de luz e,
em meio à algaravia reinante, ele, por alguns
segundos, o tempo exato para o disparo da câmera lhe imortalizar,
é tomado pela certeza de que algo maior,
extraordinário, estava se gestando,
ali mesmo, naquela terra tantas vezes pisada,
agora revestida por pedras impecáveis,
mas que não podia esconder o quanto se alimentou,
por gerações e gerações, dessa enlouquecida
mistura de sangue e de sonhos.


Imagem: Boulevard da República (hoje, Boulevard Castilho França), início do século XX - Relatório de Governo - 1908.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Justiça de costas para o povo - Marinor protesta contra decisão do STF que enterrou Ficha Limpa

O julgamento sobre a Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal ainda nem havia acabado e a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) se antecipou e falou sobre a provável decisão de considerar o texto inconstitucional.
Marinor assumiu uma vaga no Senado depois que Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) - que foram barrados com base na lei. No dia do julgamento do caso de Jader Barbalho no STF, a Corte estava com um membro a menos e o julgamento terminou empatado. Os ministro decidiram então manter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que considerou Jader inelegível. No julgamento de hoje (23), o STF contou com a presença do ministro Luiz Fux, indicado recentemente para a Corte.
“Lamentavelmente, o voto tão esperado do Brasil, de um advogado de carreira, de um juiz, que não foi questionado por sua carreira jurídica quando foi indicado ministro, não conseguiu trazer novidade e acompanhar o raciocínio da sociedade brasileira e das famílias do Brasil. As famílias do Brasil estão clamando por justiça”, disse Marinor sobre o voto do ministro Fux, que considerou a lei inválida para as eleições de 2010.
Indignada, a senadora disse que o ministro foi incoerente com a posição que demonstrou quando passou por sabatina no Senado. “O ministro Fux se contradisse. Aqui ele disse que a Justiça não pode ficar de costas para a intencionalidade da lei. Mas, agora, ele virou as costas para a intencionalidade da lei da Ficha Limpa”, comparou Marinor.
Para a senadora, a decisão do Supremo de considerar a lei inconstitucional mostra um descompasso com a sociedade, porque 70% dos candidatos barrados por terem a ficha suja foram também reprovados nas urnas. A senadora disse ainda que Jader Barbalho se beneficiou da sua concessão pública para ter uma emissora de televisão e fez “autopropaganda” durante o período eleitoral. Para ela, o poder econômico de seu adversário foi decisivo para que ele obtivesse a maior parte dos votos no Pará.
A senadora disse ainda que vai analisar com sua equipe jurídica as possibilidades que terá para brigar pelo cargo na Justiça.

Fonte: Agência Brasil.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Memória de fogo - Cabanos, Cabanos, desvelem-se

"Jamais compreendereis a terrível simplicidade das minhas palavras
porque elas não são palavras: são rios, pássaros, naves...
no rumo de vossas almas bárbaras."

Mário Quintana (Epístola aos novos bárbaros, em Baú de espantos, Record, 1986).




Quem são estes rostos por trás das sombras que se movem, em escrupuloso silêncio, enquanto a Belém de 7 de janeiro de 1835 ainda dorme o sono dos injustos?
A historiografia dos vencedores os chamarão - para todo o sempre - como os malvados. Mas serão efetivamente más as mãos escravas ou semi-escravas que portarão a chama da rebeldia e da desconstrução da ordem iníqua e criminosa que há séculos nos sangrava?
Eram tapuios, índios, filhos, netos, tataranetos dos guerreiros massacrados às margens do rio grande, quando os invasores enfim revelaram que traziam a morte e a desgraça em seus alforjes coloniais.
Eram negros, muitos negros, escravos e sempre escravos, que viram se abrir uma janela pela qual poderiam, enfim, romper as cadeias da ordem escravagista que os dizimava.
Eram brancos, donos de terras e de gentes, cansados do jugo espoliador que daqui tudo sugava sem deixar nada em troca.
Mas, todos eles, com raras exceções, permaneceram anônimos, submetidos à alcunha de malvados, sanguinários, bandidos.
É hora, 176 anos depois, de rasgar o véu de silêncio que os aprisiona.
É hora de gritar seus nomes e de nominar ruas e praças em homenagem à coragem de uma geração trucidada pela ordem do alto e de fora, que tanto tempo depois ainda insiste em tratar os povos da Amazônia como brasileiros de segunda classe.
Que ressoem os tambores!
Que retubem todos os atabaques!
Venham, cabanos!
Desvelem-se, mostrem, finalmente, seus rostos.
Das entranhas dos processos montados para punir os revolucionários, pela pena nada imparcial de Domingos Antônio Raiol (Motins Políticos, 3º volume, p. 1013-1014), uma pequena amostra dos que integraram as fileiras da mais importante revolução popular no Brasil dos Oitocentos:

"(...) os seguintes réus: Eduardo Francisco Nogueira Angelim, presidente intruso e chefe dos rebeldes, Francisco Pedro Vinagre, também presidente intruso e chefe dos rebeldes, Antonio dos Santos Vasques, português e ajudante-d'ordens do governo intruso, Antônio Leocádio, capitão do estado-maior dos rebeldes, André, carapina, preto forro que foi escravo do tenente-coronel Prestes, Bendito de Aquino, preto fôrro, comandante do ponto do hospital de caridade, Benedito José, 1º tenente de artilharia dos rebeldes, Crispim dos Santos, carafuz, 2º tenente de artilharia dos rebeldes, Francisco Fernandes de Macedo, capitão reformado, diretor do arsenal de guerra, Francisco Veado, mulato, sapateiro, Filipe dos Santos, capitão dos rebeldes, Geraldo Nogueira Gavião, tenente-coronel comandante das expedições, Inácio Vieira Lima, secretário do governo intruso, Inácio Furtado, Jerônimo Furtado, João Fernandes Caraipuna, comandante dos rebeldes, José Leocádio, calceta, comandante do hospital, José Agostinho Vinagre, irmão de Francisco Vinagre, Lourenço Ferreira, filho do tambor-mor, comandante do Fortim, Manuel Antônio Nogueira, irmão de Eduardo, chefe de expedições, Manoel Cavalcante, capitão ajudante-d'ordens de Eduardo, Manuel da Silva Paraense, Manoel Pedro dos Anjos, tenente-coronel de Muaná, Manoel Sabino Lopes, coronel comandante, Raimundo de Oliveira Vinagre, chefe de expedições, Tomás Lourenço Fernandes, coronel comandante de armas, Vicente Ferreira da Silva, primo de Eduardo, Antôno Faustino, carafuz, major d'artilharia, Francisco Xavier da S. Paio, comandante do ponto do Chapéu-virado, João Evangelista Paranauaçu, comandante do ponto da Estrada, João Nepomuceno, major comandante, João Manuel Rodrigues Piroca-cana, coronel de artilharia, João Manuel do Espírito-Santo, preto Diamante, José Anastácio da Cruz, capitão comandante, Manuel Garcia, encarregado do troco, Manuel Henriques, tenente-coronel d'artilharia, Albino José Ato Rodrigues, tenente-coronel de cavalaria, Alexandre José Cardoso, tenente de artilharia, Auto Lourenço, comandante do Chapéu-virado, Antônio José de Oliveira Pantoja, comandante do porto das Mercês, Bonifácio José da Costa, tenente-coronel de cavalaria, Bernardino Mundurucu, comandante de uma barca artilhada, Dionísio Ferreira, major comandante do Fortim, Domingos Ramos, comandante do rio Maguari, Estevão da Silva, capitão de artilharia, Esequiel José de França, capitão de artilharia, Félix José Custódio, 2º tenente de artilharia, Francisco Pedro Leal, comandante do ponto da Memória, Jorge de Araújo, alferes de artilharia, Jeremias dos Santos, comandante de Valdecães, João Amorim, comandante do ponto da Olaria, João Antônio de Faria, 2º comandante da guarda municipal, João Salvaterra, capitão de artilharia, João Francisco da Silva, tenente quartel-mestre, João Venâncio, preto ouríves, tenente-ajudante e comandante do ponto da Pedreira, José Antônio Maciel, comandante do Fortim, José Agostinho de Oliveira, major comandante, João Francisco Terra, capitão de artilharia, José Paulino da Silva, comandante do Castelo, José Henriques, comandante do ponto de Valdecães, José Ferreira Pestana, comandante do ponto do Carmo, José Custódio Coutinho, comandante do ponto de Benjamim, José Francisco Ferreira, capitão de artilharia, Isidoro José Pereira, 3º comandante da guarda municipal, Luís Antônio Cordeiro, 2º comandante da mesma, Macário José Teixeira, comandante da estrada da Olaria, Manoel dos Santos, segundo-tenente de artilharia, Manuel Domingos Machado, tenente-coronel comandante da Pedreira, Marcos José, capitão comandante do Fortim, Nicolau José, inspetor comandante do Mosqueiro, Pedro de Sousa, tenente de artilharia, Quintiliano Barbosa, Romão da Graça, Rufino Barbosa, comandante do Castelo, Rufino da Silva Campos Jacarecanga, oficial maior da secretaria de governo, Roberto de Oliveira Pantoja, tenente secretário de artilharia, Elias de tal, mulato fôrro de Genipaúba, Florindo, mulato, Silvério, preto fôrro, sapateiro. (Alguns dêstes presos já se acham mortos, porém não consta em juízo.). O escrivão os lance no rol dos culpados e passe ordem para serem presos os que ainda não estejam; recomende os outros na prisão, e prepare estes autos para subirem ao júri do distrito. Pará, 26 de junho de 1837. Matias José da Silva e Cunha."

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Crer. Para ver.

Veja:
há mais do que essa trama invisível
e perversa a aprisionar o horizonte
nesse édito da injustiça eterna.

Veja:
o homem-mercadoria e o tudo-coisa
não são tão absolutos quanto querem
fazer crer.

Veja:
Aqui e ali, no espaço-silêncio,
algo se move.
Lenta, desajeitada e ferozmente, move-se.

Veja:
Que 2011, grávido de tantas esperanças,
desfralde todas as bandeiras - rotas mas tão atuais -
para afirmar a liberdade humana como alvo e
como destino.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Zero Ground

A política amapaense está em choque. Um choque de muitos e muitos megatons.
Afinal, não é todo dia que um governador no exercício do mandato vai para trás das grades e um ex, candidato favorito ao Senado, vai lhe fazer companhia.
Com parte do andar de cima em pânico, a plateia espera que não fique só por aí.
Que estes ventos de moralização possam invadir o continente, desbaratando em terras paroaras certos esquemas que se imaginam totalmente blindados diante da lei.

domingo, 29 de agosto de 2010

Chamem a Cavalaria

Esses tucanos são mesmo previsíveis.
Quando a situação aperta, a reação é sempre convocar seus "reservistas".
O mais notório, sem dúvida, é o ministro do Supremo, Gilmar Mendes.
Com a candidatura Serra praticamente demolida, eis que Mendes chama a imprensa para meter sua colher na tal quebra de sigilo fiscal de uma penca de cardeias do PSDB. Aliás, figuras notórias e sempre relacionadas com transações tão suspeitas quanto nebulosas.
"Quebrar sigilo é bandidismo político", bradou à Folha de São Paulo, que dá chamada de primeira página neste domingo para a descoberta acaciana do ex-advogado de FHC.
Afinal, eis um tema em que Gilmar Mendes pode ser considerado especialista.

Dialética de um fio que não se quebra

Ecos da Cabanagem

"446 - Ofício de Lourenço Justiniano da Serra Freire, Tenente Comandante de Breves, a Francisco José de Souza Soares Andréa, informando que na expedição ao Marajó, no Rio Muaná, não foi encontrado um grande ponto de rebeldes, nem Quilombo de desertores e pretos fugidos, apenas cabanas destruídas, os mesmos se dispersaram pelos rios em pequenos grupos após tentarem assassinar o seu comandante (Boca). Foram capturados alguns rebeldes e remetendo dois prisioneiros pela escuna Pirajá. Quartel de Breves, 25 de março de 1838. Lourenço Justiniano da Serra Freire. 4p".

Anais do Arquivo Público do Pará, v. 4, t. 1, p. 1-290, 2001.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Feliz Ano Velho

O ano ainda não acabou.
As eleições presidenciais vão se aproximando da hora decisiva, mas com uma crescente possibilidade de que tudo se resolva - a favor do governo, diga-se - já no primeiro turno.
Enquanto o povo mergulha embevecido nas imagens em alta definição de um Brasil fabuloso, recheado de gente feliz e esperançosa, eis que no andar de cima já se planeja o dia seguinte, ou melhor, o ano 1 do provável governo do PT sem a presença oficial de Lula na Presidência.
A crer na matéria de hoje da Folha de São Paulo, o saco de maldades está muito bem fornido.