quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Real e de viés

Vários dias fora do Pará, com irregular acesso à internet, não deixa de produzir certo estranhamento na chegada. É que a realidade- nua, crua, brutal - recepciona como uma bofetada. Chacinas ao atacado, com os corpos fazendo uma longa fila nos baldios das periferias, anunciam que a guerra civil do narcotráfico veio para ficar; as cadeias - enxovias do século XXI - explodem em fugas e na degradação cotidiana, sétimo círculo do inferno; a capital - sangrada até a última gota - expele, dia a dia, suas tragédias em todas as áreas, sem governo, mas espertamente transformada em balcão de negócios escusos; em meio a tudo isso, a grande política - enorme em termos das cifras que maneja e tão nanica pela dimensão ética dos personagens envolvidos - segue seu banquete tropical sobre a grande mesa onde são negociados - comprados e vendidos - mandatos, votos e consciências, estas, por óbvio, pálidas expressões do que teriam sido algum dia.

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