domingo, 27 de setembro de 2009

Muitas dúvidas e (quase) nenhuma certeza

Cresce a resistência contra o ritmo a toque de caixa que o governo está imprimindo ao processo de licenciamento ambiental da polêmica usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. As vozes que clamam por mais cautela não se restringem aos movimentos sociais e aos combativos procuradores do Ministério Público Federal. Dezenas de pesquisadores, de grande respeitabilidade e décadas de estudo sobre os dilemas dos grandes projetos na Amazônia brasileira, insistem em apontar contradições, lacunas e outras graves fragilidades no estudo de impacto ambiental, elaborado, não por acaso, por um consórcio de empreiteiras interessadas nos bilhões que seram dispendidos se a obra for de fato iniciada.
Aliás, sequer há acordo sobre o custo total do empreendimento: a Eletrobras fala em R$ 20 bi, mas empresas privadas, como a Alston, potencial fornecedoras das turbinas, projetam algo em torno de R$ 30 bi, uma variação de 100% em relação aos R$ 16 bi estimados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), vinculada ao Ministério das Minas e Energias.
Em meio a um consenso cada vez mais distante e improvável, cientistas vinculados ao Ipea e à UnB colocam o dedo na ferida: o elevadíssimo custo socioambiental de obras como Belo Monte, voltadas para atender a cadeia eletrointensiva do alumínio, comprova que estão muito longe de "contribuir para a redução das desigualdades sociais e regionais, que colocam os índices de desenvolvimento humano da região abaixo dos índices nacionais". Com todas as letras, no O Boletim Regional, Urbano e Ambiental, do Ipea (julho de 2009).
Essas e outras críticas podem ser lidas na coluna do jornalista Washington Novaes, no Estadão desta sexta-feira, 25.

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