terça-feira, 27 de maio de 2008

Por trás do sotaque, velhas ameaças

O ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), fortalecido após a demissão de Marina Silva, sente-se mais à vontade para se alinhar publicamente com o que existe de mais retrógrado em termos de política ambiental e indigenista. Em entrevista publicada na edição de hoje de O Globo, o ministro, que acumula a coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS), fez carga contra a demarcação em terras contínuas da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, defendendo o surrado argumento de que haveria terras demais para os indígenas brasileiros. "O Brasil reserva 13% de seu território e mais de 20% da Amazônia aos indígenas. Uma generosidade louvável", disse o ministro com uma ponta de ironia, para arrematar que o país não oferece aos índios os "instrumentos e oportunidades da atividade econômica", o que os levaria a afundar "na depressão, no suicídio, no alcoolismo e na desagregação moral e social". Um sofisma interessante, capaz de transformar o problema indígena a um incrível paradoxo representado, supostamente, pela existência de terra em excesso. Logo, que se abram as fronteiras às "atividades econômicas"!
Vindo de qualquer cidadão esse tipo de baboseira já traria o travo rançoso voltado a legitimar o etnocídio que acompanha a construção da sociedade brasileira desde seu nascedouro. Mas sendo verbalizado por um ministro de Estado, a coisa se revela muito mais dramática e ameaçadora.
Que não fique sem resposta, por parte da sociedade civil e dos democratas sinceros, mais esta brutal agressão contra os direitos de nossos povos originários. E que seja já, antes que o retrocesso se consolide definitivamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse ianquezinho rançoso tem o desplante de falar em "generosidade" para com os índios em permitir que eles vivam nas terras que sempre foram deles? E é esse sujeito completamente idiotizado que vai coordenar a sustentabilidade da Amazônia? E ainda tem gente que aplaude essa pústula?