segunda-feira, 16 de junho de 2008

Encantado

Lá se foi o Bené, transmutado em vaga, em onda, em multidão. Sem mais poder, entregou-se, finalmente, para que tantas mãos – calejadas feito cipós – o levassem para longe, tão longe que só o olhar das crianças e dos loucos pode alcançar.
La se foi o Bené, poeta e lutador. Um rebelde que tentou – correndo os riscos dos que escolhem o caminho sempre mais difícil da insubmissão – ser fiel a ideais que não tem preço.
O falecimento, ontem (15), do escritor Benedicto Monteiro é uma perda irreparável para a cultura paraense, amazônica e brasileira. Mas, paradoxalmente, não se trata de uma ausência definitiva, a ser pranteada com a força das marés. Não, ele foi um poeta e um homem de seu tempo. Foi fruto de circunstâncias e de escolhas. Aliás, que continuam a desafiar aqueles que carregam no coração o sentimento de muitos, de milhares, de milhões de outros corações marcados pelo amor infinito a seu povo.
Celebremos, pois, a presença viva da obra e do exemplo desse paraense ímpar. Ele, como o mestre Guimarães Rosa, que tanto amou, também não morreu, simplesmente. Encantou-se, na algaravia da floresta e dos rios que a abraçam. Para sempre.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bonita, a sua homenagem ao grande Bené.
Um texto de tirar o chapéu.
Como o Bené.
Um abraço,
Vic

Aldenor Jr disse...

Caro deputado Vic,
Obrigado pelo comentário. O exemplo de vida e compromisso com o povo de Benedicto Monteiro, ao lado de sua vasta e excepcional produção literária, merecem receber o reconhecimento de todos os paraenses e amazônidas.
Seja sempre bem-vindo. Volte sempre.

Abraços,

Aldenor Jr.