domingo, 8 de junho de 2008

Rastilho de pólvora

A finada CPI dos cartões corporativos é infinitamente desimportante perto do mais recente escândalo que expõe as relações nebulosas que cercaram a venda da Varig para grupos privados, sob as bênçãos e forte pressão por parte do Planalto. O caso, que veio a público em decorrência de uma feroz disputa pelo controle da VarigLog, primeira compradora da Varig, revela indícios gravíssimos de tráfico de influência, abuso de poder, corrupção e desnacionalização fraudulenta do setor aéreo, com o epicentro da trama se desenrolando no gabinete da poderosa ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.
Se não bastasse o fato de que os tais sócios brasileiros do fundo norte-americano Matlin Patterson que comprou a VarigLog e a própria Varig terem toda a aparência de laranjas, temos a comprovada manobra coordenada pela Casa Civil que livrou a antiga Varig de uma bilionária dívida com o fisco - mais de R$ 5 bilhões - a fim de viabilizar sua aquisição pelos investidores. E estes, poucos meses depois de desembolsar apenas US$ 24 milhões pela compra - uma pechincha - repassaram a empresa à Gol por US$ 275 milhões, valor mais de dez vezes superior. Por trás de tudo, a figura ubíqua do advogado e lobista Roberto Teixeira, uma sombra que persegue a carreira de Lula, desde os primeiros passos do PT, sempre perigosamente próximo de negócios tão lucrativos quanto suspeitos.
Como uma bomba de fragmentação, o caso VarigLog ainda pode guardar surpresas muito desagradáveis para Lula e seu núcleo duro de poder, que não conseguem permanecer um mês sequer distante das promíscuas relações com a nata do capitalismo sem-risco tão em moda no Brasil.

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