Uma jovem, gestante de nove meses, brutal e friamente assassinada. Seu corpo arremessado nas água do rio Itacaiúnas, no sudeste do Pará.
Outra mulher, com idade estimada entre 19 e 25 anos, morta com várias facadas, teve seu corpo descoberto na periferia de Belém dentro de uma mala.
Dois exemplos que gritam.
Dois símbolos de que há algo de muito errado.
Mais: algo de doentio e de abjeto vicejando sob o olhar de todos.
A violência contra a mulher, expressão secular do patriarcalismo, é uma chaga aberta.
Os autores materiais de tais atrocidades já estão identificados. Tem rostos e identidades conhecidas, mas não estão sós.
Há, por tais dessas bestas-feras, um contexto que estimula e enaltece a violência e a coisificação extremada da mulher, reduzida a objeto de usufruto e de descarte, quando for o caso.
Há, e quase todo mundo absorve como normal, a excessiva e contundente erotização da figura feminina na propaganda e nos péssimos exemplos de produtos descartáveis da chamada cultura de massa.
Tudo às claras, criando o contexto que enquadra, em franco crescimento e disseminação, cenas de violência dentro e fora do lar, dos assédios tidos como mais inofensivos às cenas mais degradantes da barbárie criminosa.
Já passou da hora da sociedade acordar para essa manifestação doentia. E correr em busca de tratamento profilático antes que a metástase se instale de uma vez por todas.
Um comentário:
Enquanto perdurar as desigualdades de gênero, financeiras e outras chagas sociais, infelizmente ainda veremos brutalidades como essa acontecendo.
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