segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Algum choro, nenhuma vela

Hoje é o 11o aniversário da reeleição, essa invenção tucana que nasceu para o ordenamento jurídico nacional num 28 de janeiro, no já distante 1997. Veio de encomenda e custou muito caro. Filha de um escândalo de compra de votos - avô legítimo do Mensalão do consórcio comandado pelo PT de Lula -, até hoje não completamente desvendado. Sabe-se apenas, e é suficiente, que o mandante da operação criminosa foi o principal beneficiário da medida, o presidente Fernando Henrique Cardoso, que assim pavimentou o caminho para seu segundo mandato.
O que se viu depois foi a generalização do uso da máquina pública para assegurar a reeleição, no cargo, de governantes - presidente, governadores, prefeitos -, que, na prática, trabalham com mandatos de oito anos. A tal da isonomia na disputa foi para o espaço. Já era ficção jurídica, distorcida pelo abuso do poder econômico, tornou-se uma aberração completa.
Enquanto se aguarda uma reforma política que não chega nunca, a reeleição vai se mantendo. Sua sobrevivência responde aos interesses dos inquilinos do poder, não importando muito sob que legenda se abrigam.
Financiamento público, mandatos revogáveis, mandatos de cinco anos sem reeleição, democratização do acesso à mídia eletrônica, permanecem como pontos de uma agenda perdida, mas, paradoxalmente, essencial para dar algum alento democrático ao sistema político brasileiro.

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