segunda-feira, 17 de março de 2008

Alguns fumam. Todos pagam a conta

Pela primeira vez um estudo científico conseguiu dimensionar o prejuízo anual causado ao Sistema Único de Saúde (SUS) pela indústria do cigarro. São pelo menos R$ 338 milhões ou 7,7% do custo de todas as internações e quimioterapias em pacientes de 35 anos ou mais, vítimas de 32 doenças comprovadamente relacionadas ao tabagismo. Os dados são relativos a 2005 e devem estar subestimados. A conta paga pelo povo brasileiro - 80% de não fumantes - deve ser bem maior. Os dados foram revelados pela economista Márcia Pinto, da Fundação Oswaldo Cruz, em sua tese de doutorado.
É justamente por isso que técnicos do Ministério da Saúde e entidades médicas defendem ações mais rigorosas para conter o avanço do consumo de cigarro no país. Uma medida urgente é a elevação substantiva do preço do cigarro, que é o sexto mais barato do mundo.
Porém, está aberta a polêmica dentro do governo. A Receita Federal é contra a majoração do preço do cigarro, alegando que tal medida pode provocar um crescimento ainda maior do comércio ilícito num setor já maculado pelo contrabando e por um enorme número de manobras fiscais ao ponto de se chegar ao vergonhoso e inexplicável índice de 40% de sonegação. Por trás de um número desse quilate existe uma indústria de liminares que protege um grupo de empresas que praticam, de forma escancarada, preços abaixo do custo e concorrência desleal.
Diante da grave crise da saúde pública brasileira e de seus enormes gargalos de financiamento, conviver com uma conta dessa magnitude é inaceitável.
A indústria do tabaco e seu lobby no Congresso Nacional tentam tapar o sol com a peneira de argumentos falaciosos. Alegam que geram empregos, mas não conseguem negar que as doenças relacionadas ao tabagismo matam anualmente 200 mil brasileiros, o que representa quatro vezes o número de vítimas de homicídios.
Dentre as propostas em estudo, seguindo as pegadas de países europeus, o Brasil poderia proibir o cigarro em locais públicos e bares, restaurantes e outros estabelecimentos, além de uma agressiva política de elevação de preço para forçar a queda do consumo.
O que está faltando para adotar medidas mais duras contra o fumo em nosso país?

Um comentário:

Anônimo disse...

Está faltando so blogger ums atualização sobre políticas públicas anti-tabaco no Brasil. Proibição de fumo em lugares e repartições públicas é uma realidade em muitas capitais brasileiras.
Segundo, a conta é inaceitável principalmente porque representa a morte e a invalidez de pessoas.
Terceiro, a indústria fumageira é poderosíssima no mundo e nela está incluída Cuba, que se recusa a assinar qualquer tratado que limite o consumo de tabaco no mundo.
O buraco, portanto, é bem, bem mais embaixo que a crítica pretendeu alcançar.