E Lula não decepcionou.Alguém imaginava que ele iria vetar os 7,7% para os aposentados em pleno ano eleitoral?
Trata-se de migalhas, nada além disso.
O debate acalorado ficou reduzido entre 6,14%, como queria a equipe econômica do governo, e os 7,7% como acabou definindo a maioria dos deputados e senadores, muitos dos quais integrantes convictos da base lulista, mas que não estavam dispostos a marchar para o sacrifício em nome da ortodoxia financeira.
Se a tesoura presidencial tivesse sido acionada, os parlamentares tenderiam a retornar com o reajuste, amplificando o desgaste às vésperas da eleição.
Esse foi o enredo verdadeiro.
O resto obedeceu a um plano para entregar alguns anéis baratos para preservar as jóias da coroa.
Enquanto a mídia se engasgava com esse mosquito, passava goela abaixo o veto naquilo que efetivamente interessava: manter intocado o sacrossanto fator previdenciário, essa garfada extraordinária nos direitos dos trabalhadores brasileiros.
Por trás da cortina de fumaça, Lula ainda pode pousar de "pai dos pobres".
Afinal, o "custo" do reajuste seria de apenas R$ 1,6 bi neste ano. Uma bagatela para quem, por exemplo, não se ruboriza em torrar, em 2009, algo como R$ 147 bi somente de prejuízo do Tesouro em decorrência da política de juros - os maiores do mundo - que o Brasil insiste em praticar para o regalo de um punhado de gulosos especuladores globais.