Israel é uma democracia. Certo?
Se você sequer abre o saudável espaço para a dúvida, pode parar a leitura por aqui.
Mas se está disposto a furar o véu midiático e penetrar naquele complexo e conflagrado quadro, prossiga.
Israel acaba de proibir o acesso ao território ocupado da Cisjordânia de um cientista de renome mundial. Noam Chomski, 81, iria proferir uma palestra na universidade palestina de Birzeit. Não vai mais. Está proibido pois sua presença foi considerada um "risco" à segurança nacional do país.
O linguista é, de fato, um homem sumamente desafiador. E não é de agora.
Sem nunca ter negado sua ascendência judaica, ele jamais compactuou com a tese de um povo eleito e possuidor de direito divino sobre uma terra que, por séculos, havia sido habitada por tantas outras civilizações.
Há décadas este ativista libertário defende o estabelecimento de um processo sério de paz com os palestinos. Paz, sim, ao invés da matança sem fim de inocentes, pouco importando o nome, religião ou nacionalidade das incontáveis vítimas.
Barrado na fronteira por um bedel qualquer, interrogado durante horas. Uma humilhação sem precedentes. Chomski não se deixou abater.
Ele jamais se abate, nem mesmo depois de passar em revista os horrores do breve (e sangrento) século XX e de perceber como a herança de intolerância e selvageria deitou raízes neste início de novo milênio.
No seu alforje, como de costume, lá estão suas palavras afiadas, sua crítica tão profunda quanto radical e sua incorrigível esperança no futuro, munição mais do que letal para todas as formas de totalitarismo.
Um comentário:
Tenho sérias reservas a quase tudo que Chomski escreve sobre a interminável pendenga palestino-israelense.
Pra lá de antigo esse papo de enfocar o problema com a lógica de filme bang-bang tipo "B", de mil novecentos e antigamente: mocinhos de um lado, bandidos do outro.
Agora, impedir a entrada de Chomski em Israel é mesmo o fim da picada...
Tiro no pé!
Postar um comentário