A Grécia está em chamas.
Barricadas nas ruas. Fumaça em meio aos gritos de revolta.
Jovens de rostos cobertos a lançar pedras na polícia.
A escalada de violência só aproxima o país mais alguns centímetros do despenhadeiro.
A repressão estatal, cada vez mais violenta, não tem a capacidade de impor o controle, mas de incitar o ódio que penetra fundo numa sociedade com vasta tradição de lutas e de resistência.
O país está de joelhos, esmagado por uma dívida brutal.
Para sair do atoleiro são receitadas medidas que os da América Latina bem conhecem: corte escandaloso dos gastos sociais, arrocho sem paralelo nos vencimentos dos trabalhadores e a imposição de uma draconiana reforma da Previdência. Tudo ditado de cima e de fora pelo Banco Mundial, pelo FMI e pelos senhores da União Europeia.
Como primeira pedra de um dominó que arrastará para o buraco, em poucas semanas, Portugal e Espanha, a Grécia agoniza.
Das altas esferas não se espere solução para a crise. Ou melhor, espere-se a solução de sempre: dinheiro público sendo injetado - fala-se em 110 bilhões de euros em "ajuda" - nos cofres do sistema financeiro falido.
Resta acreditar que o povo - somente nele - e em sua capacidade de se erguer e impedir que lhe espetem nas costas mais uma amarga conta da malandragem globalizada.
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