quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Infinitas cortinas com palcos atrás

A desfiliação de Almir Gabriel do PSDB, mais um furo da sempre bem informada Rita Soares, é quase uma não-notícia.
Há meses esse desfecho era esperado e, na prática, o ex-governador já havia mudado de mala e cuia para a canoa de Jader e Juvenil.
Então, o que deveria despertar interesse na verborrágica e algo delirante pregação que o agora ex-tucano assume como uma espécie de missão apostólica?
É, justamente, o persistente ataque ao grande eleitor oculto da política brasileira e paraense, a "multinacional da mineração" Vale do Rio Doce e seu "insolente" presidente, Roger Agnelli.
Por que essa denúncia - gravíssima - não é capaz de gerar qualquer comentário na mídia e na blogosfera?
Seria um fato sem importância a tal "intromissão indevida" do monopólio privatizado por sobre a maioria dos partidos e a quase totalidade dos atuais (e pretéritos) governantes dessas terras paroaras?
Esse silêncio parece ir muito além de mera cumplicidade. Antes, revela que o teatro eleitoral está em grande medida maculado por um tipo de nódoa muito difícil de lavar: a submissão aos interesses das poderosas engrenagens do financiamento privado.
E são essas mãos, sempre prepotentes e despudoras, que moldam o discurso e prática dos que se vergaram ao triste papel de vassalos do grande capital.

3 comentários:

Anônimo disse...

Por quê então esse ex-rei não denunciou e detonou a Vale a quando do seu reinado?!
Calado esteve e calado ficou.
Só agora, com a manifestação da sua ira-persecutória ao seu ex-amigo Jatene?
Que credibilidade tem ele?
A de ter, agora, se aliado a Jader, pois não?!

Bia disse...

Aldenor,

a interferência da VALE na vida dos paraenses não depende dos caciques locais. Ela é quase "extraterrena", em se tratando dos poderosos interesses "nacionais" e da nossa fragilidade política.

No que se refere à "denúncia" histriônica do Dr. Almir, sobre a subserviência de Simão Jatene aos ditames da empresa, não há como levá-la minimamente a sério.

Conto-lhe o fato: quando governador, Almir Gabriel mandou emissário sondar com David Leal, então representante da empresa no Pará, a possibilidade de abrir/retomar negociações. Coisa justa e necessária, acrescento eu, um governador negociar com a maior empresa instalada no seu território.

A resposta que lhe foi trazida: a primeira condição era a retirada do então secretário Simão Jatene como negociador, pela sua intransigência, no que se referia aos interesses da empresa.

Conto-lhe a história, como a história foi. Quem quiser, que a desminta, né?

Abração.

Aldenor Jr disse...

Bia,

Registro seu ponto-de-vista e seu relato.
A presença da Vale - de forma expressa ou oculta - é sim fator de distorção na política paraense.
Faz muita falta uma análise - pormenorizada e aprofundada - sobre os atos de governo que nos últimos 25 anos fizeram dessa ex-estatal o poder paralelo sem precedentes em terras paroaras.
Obrigado pela visita.
Não creio que nenhum dos governantes neste período escape desse pente-fino.
Volte sempre.