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sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Dia da caça
Diante da derrota parcial, os ruralistas anunciam recurso ao plenário. Aguarde-se, para os próximos meses, os novos rounds a serem disputados contando com o declarado apoio da grande mídia e, por baixo dos panos, por movimentos tíbios do governo Lula que até providenciou recentemente, após um simulacro de consulta às entidades do movimento negro, uma revisão administrativa que introduz mais entraves burocráticos à continuidade do reconhecimento legal de extensas áreas quilombolas. Como se percebe, a abolição por essas plagas parece estar fadada a não se completar nunca.
Pará no pelourinho
Para muitos, lamparina
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
A sangue frio
Alguém tem dúvida de que estamos diante de um homicídio?
Alguém tem alguma esperança de que os culpados - de todos os níveis e patentes - sairão mais uma vez impunes?
Matemática imperial
Beatitude mais que suspeita
De duas, uma: ou Duciomar tem um senso de humor mais refinado do que se supunha, ou ele possui planos para ingressar - quem sabe já em seu próximo mandato - no lucrativo mercado da fé, disputando palmo a palmo com outros empreendedores de sucesso. O bispo Edir Macedo, do alto de seu império multinacional, precisa se acautelar, porque vem aí um concorrente de peso.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Caixa de Pandora
Entre as muitas denúncias denúncias envolvendo a Alstom, uma deve ser fonte de muita dor de cabeça a tucanos de altíssimo coturno. Trata-se de US$ 6,8 milhões em pagamentos ilegais a dirigentes do governo paulista em troca de favorecimento em compras do metrô e do setor elétrico, num escândalo que permanece, como brasa sob cinzas, à espera de uma investigação profunda que desvele mais esta bem nutrida rede de corrupção e lavagem de dinheiro.
No horizonte, arma-se o Tsunami
Os setores mais afetados, na primeira onda do maremoto que emite sinais devastadores no centro e na periferia do capitalismo, serão justamente os de maior vigor no último período: construção civil, indústria automobilística, setor imobiliário, finanças e serviços.
Adoradores de Talião
Mais um linchamento, mais um sinal de que se perdeu, completa e totalmente, o controle sobre a segurança pública e que o salve-se quem puder, com toda sua carga de irracionalidade, chegou para ficar.
Fica a pergunta incômoda: após as eleições e sem o influxo milionário da ofensiva midiática paga com recursos públicos, que tal a Secretaria de Segurança da governadora Ana Julia apresentar suas estatísticas – as verdadeiras, por favor – sobre os supostos resultados da propalada operação Força pela Paz?
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Miragem eleitoral
Cara e coroa
Acredite se quiser
Ouvido de especulador
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Enquanto isso, em Gotham City
Sob flashes e holofotes, a multidão de repórteres aguardava ansiosa uma declaração oficial do grande vencedor. Alheio à algaravia, ele mantinha impassível sua contumaz cara de paisagem, divagando em torno de pensamentos tortuosos. Enquanto fixava o olhar em um ponto perdido no horizonte, segurava com força o cabo de madrepérola de seu guarda-chuva preferido. Passado e presente num turbilhão de emoções anfíbias. O gozo do triunfo em mistura acre com remotos sentimentos de culpa, recalcados em um canto escuro de sua mente prodigiosa. Melhor não pensar demais. A hora é de panis et circenses.
Antes de iniciar sua locução à turba embevecida, pensou pela enésima vez sobre o quanto pode ser mentiroso o axioma de que o crime não compensa.
sábado, 25 de outubro de 2008
Dialética da palavra desencontrada
A vida, um balé sobre um tema histórico, uma história sobre um fato vivido, um fato vivido sobre um fato real.
A vida, fotografia do número, possessão nas trevas (mulher, monstro?), a vida, proxeneta da morte, esplêndido baralho, tarô de claves esquecidas que umas mãos reumáticas rebaixam a uma triste paciência solitária (-10)".
Julio Cortázar (1914-1984), O Jogo da Amarelinha (6a edição, 1999, página 104).
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Sniper zarolho
A bateria de comerciais da campanha de Priante relembrando alguns dos aspectos mais tenebrosos da folha corrida de Duciomar, 72 horas antes do pleito, tem tudo para ser inócua. A esta altura, com as intenções de voto em grau adiantado de cristalização, a elevação de tom dificilmente surtirá o efeito desejado. As cartas, afinal, estão todas sobre a mesa e o jogo já vai longe, com seu elevado grau de vício e, salvo o imponderável, com o final pesaroso praticamente selado.
Ábaco pós-moderno
Há vagas
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Vale-Destruição
Não por coincidência, os únicos votos contrários partiram dos representantes do Ministério Público Estadual e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), convencidos dos enormes impactos socioambientais envolvidos na implantação da usina a carvão mineral, tecnologia suja e de altíssimo risco às populações locais e ao frágil equilíbrio da região.
Tudo que é sólido...
O governo federal acaba de editar uma medida provisória dando poderes para a Caixa e o Banco Brasil estatizarem, sem licitação, bancos e outras instituições financeiras, como seguradoras e companhias privadas de previdência e capitalização, além de corretoras e administradoras de cartão de crédito, mostrando que ninguém, absolutamente ninguém, dá crédito para o discurso tranquilizador de que a crise global chegaria por aqui como uma simples marola.
Combinação nada aleatória
O copyright da original idéia, como não poderia deixar de ser, deve ser procurado em alguns confortáveis gabinetes no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Com seu faro de doberman
Só muita imaginação e uma boa dose de sadismo, para criar um roteiro onde um homem acusado de ser matador de aluguel, mais de uma década depois, possa ser descoberto no exato momento em que, sob a audiência eletrizada do país inteiro, sua filha de 15 anos cumpria os últimos atos de uma tragédia sangrenta.
G, de genérico
Resta saber se a vitaminada legenda de Anivaldo Vale, vice na chapa de Duciomar, vai se restringir ao papel de linha auxiliar, uma espécie de cavalo de Tróia de luxo, para uma das grandes forças que movem no tabuleiro político do Estado, todas com olhos postos na nebulosa disputa de 2010.
Poço sem fundo
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Loucura: última estação
O tiro, insidioso e traiçoeiro, que mata sem dar oportunidade de defesa é tudo, ou qualquer coisa, mas definitivamente não é amor.
A paixão desfigurada em suas múltiplas manifestações de posse ensandecida, esta sim está na raiz de tantas tragédias, como a que abalou o país e marcou com sangue inocente, sob os olhares atentos e impotentes de tantos milhões, no modesto conjunto habitacional de Santo André, em São Paulo.
O cenário, entretanto, poderia ser qualquer um. Poderia ser uma mansão reluzente ou um casebre abjeto. A sandice que transforma a pessoa amada (?) em objeto e que lhe sentencia à morte, não possui preconceito de qualquer espécie. Está entranhada na cultura secular da supremacia masculina – “ela é minha e tenho sobre ela posse, uso, gozo e disposição” - e se reproduz e se justifica diante de uma sociedade cúmplice e só levemente envergonhada. As vítimas são contadas aos milhares, numa corrente contínua de truculência e barbárie.
Que o martírio da jovem Eloá sirva de lição e de alerta. Há um elo quebrado, cuja existência sinaliza a proximidade – inapelável? – de uma convivência social cada vez mais condicionada pelo signo da posse, da violência de gênero e da coisificação das relações humanas.
Porém, há uma saída. Em algum lugar, frágil e sufocada, germina a possibilidade de instituir formas humanizadas e verdadeiramente amorosas de convívio. Resta saber quem se habilita a viver essa aventura civilizatória na contramaré dos cinzentos tempos em que vivemos.
Ele não usa black-tie
O link para o Blog do Luiz Araujo está aí ao lado, nos preferidos do Página Crítica.
Fome, tragédia global
Quando Josué de Castro escrevia "O Livro Negro da Fome", em 1957, o mundo convivia com a vergonhosa existência de 80 milhões de famintos. Meio século depois, com o fim da Guerra Fria e muitas revoluções tecnológicas depois, são 800 milhões de seres humanos condenados à fome crônica, enquanto um seleto grupo de 30 megaempresas transnacionais controla de forma monopolista a produção e o comércio de alimentos no planeta.
Apesar de tudo, os Estados nacionais se arrastam, de joelhos, aos pés do altar do onipotente mercado. Quantas vidas poderiam ser salvas com uma pequena porção da "ajuda" que os cofres públicos, no centro e na periferia, estão dando para socializar o prejuízo da quebra do cassino global?
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Elefante à la carte
Enquanto se esmera na tentativa de regular o uso (ou eventual abuso) dessa ou daquela expressão consagrada na língua portuguesa - um mosquito atravessado e indigesto -, o que acontece fora dos impolutos autos, no mundo real das ruas, é a mais flagrante compra de consciências, aos milhares e milhares, através de mecanismos que de invisíveis não têm nada.
Trata-se, como se vê, de um gigantesco e vistoso elefante que parece descer redondo, redondo, sem provocar qualquer mal-estar.
Um juiz em seu labirinto
Paintball (de lama)
Para o Repórter 70, principal coluna de opinião de O Liberal, Priante (muito embora não nominado explicitamente), quando deputado federal, teria sido flagrado em uma gravação - clandestina, por certo - condicionando a liberação de R$ 1,2 milhão da Funasa para uma prefeitura do Baixo Amazonas, desde que a empreiteira da futura obra já estivesse devidamente escolhida.
Por sua vez, o jornal da família Barbalho resolveu brindar seus leitores com um bombardeio de saturação: alvejando Duciomar, candidato de O Liberal, acusado de superfaturar a polêmica orla no Rio Guamá - o tal Portal da Amazônia - onde o aterro hidráulico de R$ 19,48 a tonelada teria sido substituído pelo aterro convencional, a R$ 46,20 a tonelada transportada por caçambas e balsas, gerando um acréscimo de, pelo menos, R$ 30,5 milhões; e revelando que a Justiça Federal acatou, em julho passado, denúncia do Ministério Público contra os irmãos Rômulo e Ronaldo Maiorana por crime contra o sistema financeiro, acusados pelo desvio de R$ 4 milhões da antiga Sudam, entre anos 1995 e 1997.
A virulência dos ataques sinaliza que as escaramuças tendem a prosseguir e, inclusive, aumentar o teor ofensivo dos petardos disparados mutuamente, pelo menos até que seja conhecido o resultado do segundo turno em Belém. Aí, quem sabe, poderá sobrevir um armistício entre os cada dia mais estressados barões da imprensa paraense. Ou não.
sábado, 18 de outubro de 2008
Pausa
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
O kaiser paulista
Qualquer semelhança com os métodos dos recentes governos tucanos paroaras não será mera coincidência.
Yes, nós temos bananas
A polêmica proposta de "rito sumário" está incluída entre as prioridades do Plano Amazônia Sustentável (PAS), sob coordenação de Unger, e pode atingir até 4% da Amazônia Legal - algo em torno de 284 mil posseiros. Dentre estes, é claro, uma boa quantidade de grileiros e desmatadores ilegais, que talvez nem desconfiem que possuam um aliado tão bem situado nos altos escalões do Palácio do Planalto.
Turista Acidental
Em tempo: a cidadezinha fica a milhares de quilômetros do Pará, encravada no Norte cearense, e tem como principal (e talvez único) produto de exportação os misteriosos contratos de gaveta, sonolentamente depositados em seu cartório de títulos e documentos.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Pecados Alheios
O falso demiurgo
Fantasiosa e de baixíssima credibilidade, a propaganda eleitoral de Duciomar exala uma arrogância fora de lugar. Dentro de poucos dias será possível saber se esse marketing despido de qualquer compromisso ético tapará os inúmeros furos no casco de sua periclitante nau eleitoral.
O mico do Minc
Além de tentar furar - dia sim e dia não - as pautas dos principais meios de comunicação do país, Minc precisa ler mais o que está sendo publicado. Talvez ainda haja tempo para que ele salve, ainda que parcialmente, algo do prestígio que acumulou durante muitos anos de luta em defesa do planeta.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Que rei sou eu?
Carnaval Devoto
Neutralidade Suspeita
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Ainda há tempo
Há poucos dias o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla, de 83 anos, foi transferido de sua residência, onde cumpria prisão domiciliar, para um presídio para continuar cumprindo sua pena de prisão perpétua pelo crime de lesa-humanidade - tortura e desaparecimento forçado de, pelo menos, 66 pessoas - cometido durante o último regime militar naquele país (1976-1983).
No Brasil, onde a impunidade virou regra, a condenação de um oficial do Exército pelo crime de tortura tem provocado viva polêmica. Em defesa do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, acusado de comandar pessoalmente o martírio de detentos nos porões do DOI-Codi paulista na década de 70, levantam-se vozes representativas do fascismo nativo, como o algo folclórico Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), em alerta contra o suposto "revanchismo" contido na corajosa sentença do juiz titular da 23ª Vara Cível do Tribunal de São Paulo, Gustavo Santini Teodoro. Pela primeira vez, o Judiciário individualizou a conduta criminosa de um militar de alta patente pelo crime de tortura, o que poderá finalmente lançar luz sobre um dos períodos mais sombrios da história recente brasileira.
Nas palavras do poeta nacional cubano, Nicolás Guillén (1902-1989), até quando a sociedade brasileira permanecerá indiferente a "esse grande rio de ossos, a esse grande rio de sonhos, a esse grande rio de sangue, a esse grande rio?".
Hemorragia
Em sendo corretos os números do último Ibope, que sinaliza empate técnico entre Duciomar e Priante por uma diferença líquida de apenas um ponto percentual, é de se esperar, para os próximos dias, os primeiros sinais de desespero na já apreensiva tropa de apoiadores do atual prefeito.
Carrinho por trás
Pode até ser que o petardo surrupie alguns pontinhos do democrata - talvez, porque existe uma boa probabilidade da manobra produzir resultado contrário ao esperado -, mas o estrago já estará feito, numa demonstração de que o apego aos princípios, no petismo de hoje, é mesmo coisa de museu.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Recesso Nazareno
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Dialética da palavra que não se cala
Este poema (contra o vento e as marés) levará minha assinatura.
Deixo-lhe seis sílabas sonoras,
um olhar que sempre traz (como um passarinho ferido) ternura,
Um anseio de profundas águas mornas,
um gabinete escuro em que a única luz são esses versos meus,
um dedal muito usado para suas noites de enfado,
um retrato de nossos filhos.
A mais linda bala desta pistola que sempre me acompanha,
a memória indelével (sempre latente e profunda) das crianças
que, um dia, você e eu concebemos,
e o pedaço de vida que resta em mim.
Isso eu dou (convicto e feliz) à revolução.
Nada que nos pode unir terá força maior.
Ernesto Che Guevara".
Este poema foi escrito pelo guerrilheiro argentino-cubano entre setembro e outubro de 1967, poucos dias antes de sua prisão e posterior fuzilamento por tropas do Exército boliviano, em Vallegrande, região esquecida daquele país sul-americano.
Os versos dedicados à Aleida, esposa de Che, foram escritos em seus famosos cadernos de campanha, que por tortuosos caminhos acabaram sobrevivendo à fúria de seus captores. Hoje, 41 anos depois, é seu testemunho de coragem e compromisso com os povos que permanece acalentando os mais generosos sonhos de justiça e liberdade, em todos os quadrantes do planeta.
La Higuera, a pequena e poeirenta aldeia que foi palco do martírio de Guevara, segue sendo um ponto de encontro para os que sabem que a luta sempre vale a pena. Quanto a seus carrascos, de todas as patentes e latitudes, pouco ou quase nada ficou registrado. Seus nomes lá ficaram soterrados em sua própria covardia e ignomínia.
Sinal de alerta
A razão do conflito foi, segundo o presidente Rafael Correa, os prejuízos causados pela empreiteira na construção da hidrelétrica de San Francisco, responsável por 12% da geração de energia do país. Inaugurada ano passado, com financiamento do BNDES da ordem de US$ 243 milhões, a usina parou de funcionar em 6 de junho devido a problemas no túnel e nas turbinas.
A Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez, líderes do mercado nacional da construção pesada, pretendem construir, com o aval do governo Lula, a bilionária usina de Belo Monte, na Volta Grande do Xingu paraense. Isso já seria razão suficiente para diminuir a pressa com o andor, mas parece que tem servido de estímulo para os insaciáveis barrageiros e de seus neoconvertidos defensores, alguns deles sentados nas mais poderosas cadeiras do governo de Ana Julia (PT).
Colhedores de tempestade
Seja qual for o resultado, na dobra da esquina de 2010, pode emergir, sem a menor cerimônia, o coveiro dos sonhos de continuidade da legenda no Palácio dos Despachos.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Afogado em números
Partindo do suposto que essa abstenção foi um fenômeno generalizado, portanto não restrito a uma determinada região da cidade, o mais provável é que essa parcela apresentasse, mais ou menos, a mesma matriz de intenção de voto do restante. Ou seja: sua incorporação tenderia a ser neutra em relação ao resultado final apurado.
Aumento significativo mesmo foi a quase duplicação dos votos nulos - de 2,64% para 4,58% - podendo denotar certa fadiga de parte do eleitorado com a política em geral e com as candidaturas apresentadas, em particular.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Ridículo
Não basta parecer
Aviso aos otimistas
domingo, 5 de outubro de 2008
Dialética da palavra que não se rende
Composição: J.Darion / M.Leigh /
Versão: Ruy Guerra e Chico Buarque
Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã este chão que eu deixei
Por meu leito e perdão
Por saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
sábado, 4 de outubro de 2008
Um mago caloteiro
Agora ele retorna com força às campanhas, atuando como consultor em várias capitais, inclusive em Belém, onde está por trás das artimanhas midiáticas de Duciomar Costa.
Segundo matéria publicada na edição de hoje da Folha de São Paulo, ele não consegue ficar longe de polêmica quando o assunto resvala para a gerência de seus contratos tão milionários quanto suspeitos. As equipes sob sua supervisão em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, principalmente, estariam sofrendo com os constantes atrasos nos pagamentos, muito embora os valores já tenham sido antecipados em sua totalidade ao marqueteiro. Firma-se, assim, sua fama de mau pagador.
Resta saber o destino dos três milhões de reais pagos por Duciomar, numa alquimia contábil interessante para uma campanha que se comprometeu junto ao TRE a gastar no máximo, nos dois turnos da eleição, inverossímeis R$ 8 milhões.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Sangue na Serra
Na manhã da última segunda-feira (29), em Parauapebas, sudeste do Pará, a Polícia Militar, sob o comando do coronel Monteiro, dissolveu com extrema violência um piquete de mais de 600 operários da Construção Civil, durante uma greve contra as empreiteiras que prestam serviços à Vale do Rio Doce. Resultado: pelo menos três trabalhadores continuam hospitalizados e um ficou gravemente ferido quando teve a mão amputada pela brutalidade da ação policial. O presidente do sindicato da categoria, Francisco Canindé, depois de espancado pelos PMs ao tentar mediar o conflito, acabou preso e permanece até hoje detido acusado de incitação e depredação de patrimônio.
Mais uma vez, o Estado funcionou como milícia privada a serviço dos interesses dos que detém o poder real. Simples assim, porque não fazem a menor questão das mesuras e salamaleques que tanto encantam os que estão aboletados nos mais altos cargos de governo.