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sábado, 31 de janeiro de 2009
Tinta fresca
Nas últimas 48 horas várias ocorrências dispersas mostraram que esta área está longe de ser controlada. Fuga em massa de detentos em penitenciária dita de segurança máxima e em seccional urbana abarrotada de presos, furto de mais de 100 armas de fogo de depósito do Instituto Médico Legal, assassinato de capitão da PM na sempre insegura PA-160, entre Parauapebas e Canaã dos Carajás, no sudeste do Estado, além da rotina diária de matanças na periferia da capital, sempre atribuída a acerto de contas entre traficantes, dão a exata dimensão da extensão e da profundidade da crise.
Um abismo tão colossal que marketing algum é capaz de esconder.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
O Fórum invisível. Para quem não quer ver
Cadeira vazia
Enquanto as atenções estavam voltadas para o palanque de Chávez, Morales, Correa e Lugo, e a platéia fervia em meio a discursos que colocavam na mesma trincheira militantes do MST e do PSOL, Lula estava recolhido - solitário - a despachos administrativos, gastando as horas para que o seu ato com esses mesmos presidentes fosse iniciado no luxuoso Hangar Centro de Convenções, cercado de todos os cuidados para que somente lá estivessem aqueles que rezam por sua cartilha.
Um sinal de que a era hegemônica do lulismo nos movimentos sociais está chegando ao fim? Talvez, mas existe um largo, acidentado e complexo caminho a percorrer.
O FSM, esse caldeirão efervescente de simbolismos, mostrou mais uma vez que pode despertar energias novas. Novas e grávidas de rebeldias que não podem ser domesticadas.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Tostões que causam escândalo
Sob a lente do preconceito
Cortinas de fumaça, essas notícias editorializadas tendem a reduzir o FSM a uma espécie de Woodstock caboclo. Nada mais distante da pujança e da legítima radicalidade que brotam, nestes dias luminosos, das margens do Guamá.
Tropa de Elite
O clima de violência produz vítimas por atacado. Na semana passada, por exemplo, um índio da etnia Yekuana, do tronco Karib, foi assassinado por garimpeiros ilegais. É o rastilho de pólvora de uma tragédia socioambiental que se desenvolve aos olhos de todo mundo.
A elite de Roraima, armada e perigosa como demonstrou nos atos de vandalismo contra a homologação contínua da Raposa Serra, tem mais segredos do que admite. E como são inconfessáveis as trilhas que percorrem para prosseguir em sua insana acumulação de riqueza e poder.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
O mundo inteiro na palma da mão
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Gritos do Silêncio
Homens ao mar
O diabo mora nos detalhes
A chacina de cinco jovens por militares da PM paraense na semana passada desvela muito mais do que a conhecida - e tão pouco combatida - rotina de violência que permeia a corporação. Revela, entre outras mazelas, a face encoberta de um fenômeno gravíssimo: o segundo "emprego" de policiais, os bicos que os PMs fazem durante seus dias de folga para complementar o esquálido salário que recebem.
O cabo PM Paulo Sérgio da Cunha, cuja morte deflagrou a sangrenta reação de seus colegas de farda, foi assassinado durante um assalto na periferia de Belém no sábado, 17. Ele estava de folga e as primeiras versões davam conta de que tivera o azar de estar na hora e no lugar errados, exatamente no momento em que assaltantes atacavam uma malharia. Mas com o passar dos dias, emergem outros relatos que atestam que o militar, em verdade, estaria trabalhando como segurança privada, usando armamento da PM, fato que está longe de ser uma raridade. Mais ainda: um suspeito detido poucos dias depois da matança confessou ser o autor dos disparos que matou o militar, revelando ainda que a execução teria sido encomendada por um determinado açougueiro, cuja participação efetiva nos acontecimentos ainda está sendo investigada. Entretanto, pesa contra esse pequeno comerciante a suspeita de ser ele quem alugava armas para a prática de assaltos na região, entre outros possíveis delitos.
Locação de armas para a prática de crimes: eis aí outro filão inexplorado que há muito exige uma resposta do poder público, através de um trabalho de investigação que levante o mapa desses pontos de comércio e desbarate as quadrilhas que se alimentam dessa prática criminosa em estreita conexão com a receptação de objetos roubados e, não raro, com o tráfico de drogas e outras práticas criminosas.
E agora? Será que a polícia agiu como uma horda de criminosos, matando indiscriminadamente, não apenas como forma de praticar vingança privada, mas também possivelmente para destruir indícios e provas que pudessem revelar toda a extensão e profundidade do eventual envolvimento de um de seus membros em procedimentos ilegais?
Com certo atraso, entidades de defesa de direitos humanos se levantaram. O silêncio nos primeiros dias foi perturbador e poderia ser interpretado como condescendência com ritos de execução sumária de suspeitos. Já o governo que se diz comprometido com o combate à violência adotou uma postura burocrática. Prometeu investigar com rigor, mas não adotou nenhuma providência que sinalizasse essa intenção, já que o processo caiu na vala comum de dezenas de outras investigações de rotina que as corregedorias de polícia devem fazer toda vez em que uma ação policial resultar em morte. Como se sabe, ao agir assim essas autoridades estão apostando no esfriamento do caso e, no limite, na consagração da impunidade.
Que este caso escabroso sirva de lição: ou a sociedade e o Estado tomam uma atitude enérgica e corajosa para deter o banditismo presente no seio do aparato policial, pagando os custos inerentes a este enfrentamento, ou estará se instaurando o caldo de cultura da mais indecente complacência com aqueles que se especializaram nesse tipo de extermínio praticado sob a proteção oficial.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
A banca que lava mais branco
Viúva eternamente estropiada
A ONG Repórter Brasil dissecou o processo de renegociação das dívidas do setor agrícola brasileiro no ano passado. Veja aqui.
domingo, 25 de janeiro de 2009
E a motosserra de ouro vai para...
A Agropecuária Santa Bárbara, com seus 510 mil hectares e rebanho estimado entre 500 mil e 1 milhão de cabeças de gado, seria a responsável por uma vasta coleção de crimes ambientais flagrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), resultando em multas que ultrapassam os R$ 12 milhões. Pouco, muito pouco para tamanho e irremediável estrago.
Dialética da palavra que se faz imagem
A primeira coisa que guardei na memória foi um vaso de louça vidrada, cheio de pitombas, escondido atrás da porta. Ignoro onde o vi, quando o vi, e se uma parte do caso remoto não desaguasse noutro posterior, julgá-lo-ia sonho. Talvez nem recorde bem do vaso: é possível que a imagem, brilhante e esguia, permaneça por eu a ter comunicado a pessoas que a confirmaram. Assim, não conservo a lembrança de uma alfaia esquisita, mas a reprodução dela, corroborada por indivíduos que lhe fixaram o conteúdo e a forma. De qualquer modo a aparição deve ter sido real. Inculcaram-me nesse tempo a noção de pitombas - e as pitombas serviram para designar todos os objetos esféricos. Depois me explicaram que a generalização era um erro, e isso me pertubou".
Graciliano Ramos (1892-1953), escritor brasileiro. Infância (p.7)
Um voto pelo futuro
Como toda transformação verdadeira o processo boliviano não se realiza fora de um contexto de enfrentamento brutal e por vezes sangrento. Mas não entrarão armados com as cores do ódio nas cabines eleitorais hoje. Em cada voto pelo "Si", uma aposta de que o protagonismo popular é a única chave para a abertura de um novo tempo.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Velocidade Mínima
É um excesso de conservadorismo que não existe por acaso. O Banco Central não é o guardião da moeda e da estabilidade como apregoa. Seus executivos agem como cães de guarda dos rentistas, aquela ínfima parcela dos que se dá bem com a crise, qualquer que seja seu contorno e alcance.
Se fosse para vale - e não apenas um jogo de cena - os juros deveriam ser reduzidos, de forma rápida e consistente, para patamares civilizados, a tempo de incidir sobre o cenário de evidente desaceleração da economia. Segundo o economista Amir Khair, no Le Monde Diplomatique Brasil, que já está nas bancas, uma queda da taxa de juros para 5% ao ano seria capaz de estimular fortemente o consumo, o investimento e a produção. E mais: geraria uma economia ao Tesouro de cerca de R$ 100 bi, que deixariam de irrigar as contas dos detentores de títulos públicos. Este valor equivale a cinco vezes o previsto para investimentos este ano no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou quase oito vezes o valor investido no Bolsa-Família, carro-chefe da política assistencialista do governo Lula.
Vale das sombras
Desde o início do agravamento da crise em outubro, a Vale já mandou embora cerca de 2% de sua força de trabalho no mundo.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Um passo na direção certa
Esquadrão antibomba
Porta de entrada do sistema, as unidades da Sesma são indispensáveis para o atendimento da população e das dezenas de milhares de visitantes do Fórum Social Mundial.
Enquanto se avolumam os indícios de que se avizinha o caos, com imprevisíveis consequências, nada justifica o silêncio, até o momento, do Ministério Público e de outros órgãos fiscalizadores.
Mas ainda há tempo para agir. Basta querer.
Exterminador do futuro
O autor da façanha foi o senador petista Dalcídio Amaral (MS), até então conhecido como um implacável inimigo dos direitos indígenas, mas que pelo jeito resolveu ampliar seu campo de atuação devastadora.
Bolsa-Patrão
Para quem achar pouco a montanha de dinheiro público drenada para quem não tem nenhum compromisso social, basta lembrar que o Bolsa-Família, vitrene dos programas sociais do governo Lula, gastou no mesmo período cerca de R$ 12 bi.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
L’État c’est Moi
Mais do que a demora no cumprimento de uma medida administrativa, Mendes parece interessado em ganhar tempo, apostando numa incerta virada de mesa. Atua como líder oposicionista, apequenando a cadeira de presidente da corte mais importante da Justiça do país.
Abram alas: vem aí a Grilobras
Neste balaio, misturados entre os pequenos posseiros, lá estão os se apoderaram de grandes extensões de terras públicas e fizeram fortuna a partir da extração ilegal da madeira e da pecuária.
O sinal de alerta de que sob o manto do combate ao caos fundiário poderia se abrir as porteiras para mais um ciclo de concentração de terras e de devastação ambiental soou estridente quando a maioria governista passou goela abaixo a MP 442/08, não por coincidência apelidada de MP da Grilagem.
Filé mignon
Dentre as joias da coroa, como não poderia deixar de ser, despontam os aeroportos de Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, além do Tom Jobim, no Rio de Janeiro. O desmonte está a cargo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Veneno à la carte
Entrementes, no Brasil, por pressão do governo Lula e das corporações mundiais da transgênia - a Bayer e a Monsanto à frente - o movimento é justamente o oposto. No ano passado, contrariando pareceres técnicos de órgãos do próprio governo, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a licença para dois tipos de milhos resistentes ao glufosinato de amônio. E existe outro produto na fila esperando aprovação. É o milho T25 da Bayer.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Rompendo cercas, há 25 anos
A rota da matança
O silêncio das autoridades, de todos os níveis, tende a se transformar, em pouquíssimo tempo, em perigosa e indefensável cumplicidade.
Obama na encruzilhada
"Se a mudança acabar em nenhuma mudança, então poderá ocorrer que, passados alguns anos, quem apoiou Obama para a Casa Branca decida que a criação de um partido progressista nos Estados Unidos tornou-se uma necessidade", afirma.
Leia mais aqui no Carta Maior.
Sob os escombros, mais atrocidades em Gaza
A marca do Zorro
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Verdugos fardados?
A segunda morte de Wladimir Herzog
Quanto mais quente, pior
domingo, 18 de janeiro de 2009
Cartão de Visita
Para conhecer um pouco da trajetória, uma rápida visita ao Congresso em Foco pode ser muito útil.
Com um clique apenas e se descortina uma densa e malcheirosa folha corrida (incompleta, por certo).
Os nomes do terror
Deir Yassin. Askalaan. Kibya. Alguém recorda?
São palavras estranhas, geradas por idiomas milenares, mas todas tem em comum a marca do terror.
Irgun, Haganá e Stern eram grupos armados constituídos pelos judeus durante o mandato britânico na Palestina, nas primeiras décadas do século XX. Organizações paramilitares, clandestinas durante a maior parte de sua existência, elas operavam espalhando o terror entre a população civil palestina. Explodiam bombas, realizam atentados contra alvos civis e também contra as autoridades britânicas, arrasavam aldeias inteiras e expulsavam centenas de milhares de palestinos. E quem eram seus líderes? Ben Gurion, Isaac Shamir, Menahen Bengin e outros tantos que são até hoje considerados - pelos israelenses - como herois nacionais, os pais do Estado de Israel.
Para os árabes, entretanto, são terroristas, criminosos de guerra.
Deir Yassim não sobreviveu ao 9 de abril de 1948. Seus habitantes foram massacrados pelo Irgun (Menahen Begin) em conjunto com 40 homens do Stern (Isaac Shamir). Ao término do ataque, 300 civis, entre mulheres, crianças e idosos - jaziam mortos. A aldeia foi queimada e o horror decorrente do massacre serviu para "convencer" vastas populações palestinas a fugir, "abandonando" o território que a Resolução da Partilha (25 de novembro de 1947) havia estabelecido para compor o Estado Palestino. Foi a primeira grande onda da diáspora. Com o passar dos anos (e das guerras), muitas outras levas de refugiados foram sendo alimentadas com carne e sangue de um povo empurrado à destruição física e espiritual.
Em 1953, a Unidade 101 do exército de Irael, esquadrão de elite liderado por Ariel Sharon, ele próprio um remanescente do Haganá, ocupou a aldeia palestina de Kibya. A operação tinha o sabor da vingança e da punição coletiva, ingrediente que parece indissociável da política do Estado de Israel frente à resistência palestina. A missão da tropa era vingar o assassinato, por grupos palestinos, de uma mulher israelense e de suas duas filhas. Resultado: 45 casas foram explodidas, 69 civis mortos, dentre eles 45 crianças.
Askelon, hoje cidade israelense às próximidades de Gaza, e por isso mesmo alvo constante dos foguetes caseiros do Hamas, já foi, há apenas quatro décadas, a aldeia palestina de Askalaan, demolida para dar lugar ao assentamento judaico.
Por isso tudo, não chega a ser extraordinário os métodos utilizados por Israel em Gaza, nessa última e sangrenta operação militar. Matar, em 22 dias, mais de 1200 civis, um terço dos quais crianças, e ferir outros 5 mil, infelizmente, é apenas a reiteração de um método que vem sendo utilizado há tantas décadas, sob o silêncio cúmplice da comunidade internacional.
O jornal britânico The Independent, um dos poucos veículos ocidentais que realiza uma cobertura profunda e imparcial da tragédia humanitária em Gaza, traz a denúncia, atribuída a fonte médidas palestinas, de que Israel utilizou armamentos ilegais contra a população civil. É o caso das bombas de tungstênio - Dime (dense inert metal explosive), em inglês -que produzem enormes danos às vítimas. "Estou na zona de guerra há 30 anos e nunca vi ferimentos como esses", afirmou o médico norueguês Erik Fosse, que trabalha em hospitais de Gaza nestes dias cinzentos da invasão israelense.
Que falta faz um novo tribunal de Nuremberg para que esses e outros tantos crimes de guerra possam ser julgados e seus autores exemplarmente punidos?
Sinais. Para quem quiser ler
A onda de desemprego, que antes parecia apenas uma ameaça, já é efetiva e desenha um cenário de forte retração no primeiro trimestre de 2009. Como se sabe, quando o PIB começa a despencar não adianta procurar o fundo do poço. Ele está sempre mais além, num ponto onde se encontra com o imponderável.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Não em nosso nome
O Greenpeace colocou a boca no trombone.
Dialética da palavra da memória ancestral
Era apenas uma palavra, mas trazia um cheiro violento de terra e de liberdade, gosto de fruta madura, uma palavra apenas, porém usando paladar e olfato.
Por que me embalava tanto como se fossem os braços de minha mãe ? Pés se arrastavam, corpos dançavam, vozes cantavam e ela vinha clara e sonora, não se explicando ou definindo, mas evocando lembranças, saudades, passado, distante país, temos idos, mocidade, vida vivida.
Todos moram em Aruanda, terra livre e bela, capital dos sonhos, ambições e desejos (...)".
Eneida de Moraes. Aruanda (Cejup, 1997, p.23-24).
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Abecedário
A tragédia nossa de cada dia
No Brasil, o total de homicídios equivale a 50 massacres de Gaza, se for considerado o saldo de mortos em apenas 20 dias de invasão militar israelense. Segundo a ONG, são 50 mil homicídios por ano no país. As vítimas possuem, em sua maioria, o mesmo perfil: são pobres, jovens, negros e habitam as irrespiráveis periferias das cidades brasileiras. A análise está no Repórter Brasil. Para ler o artigo, clique aqui.
O anatomista
À população que assiste o caos, que está só no começo, não existe consolo: a conta a ser paga será demasiado pesada e seus efeitos podem se estender por anos. A não ser que o imponderável dê o ar de sua graça. Mas uma dádiva como essa não cai dos céus. Ou será obra de seres concretos, que se levantem da atual letargia que a todos envergonha, ou simplesmente não será.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
A guerra que dá lucro
Segundo a Gazeta Mercantil de hoje, a Embraer acaba de fechar com a República Dominicana uma encomenda de oito turboélice Super Tucano, no valor de US$ 94 milhões. As aeronovares de uso militar são do mesmo modelo que em 2006, num barulhento conflito comercial, os Estados Unidos proibiram o Brasil de vender ao governo de Hugo Chávez. O veto se deu pelo fato da aeronave utilizar componentes patenteados por empresas estadunidenses, que por isso se acham no direito de pisotear a soberania de outras nações. Claro: de nações que perderam o respeito por si mesmas.
Coro dos descontentes
Em breve, os religiosos esperam ter a oportunidade de dizer isso e muito mais diretamente à governadora, em uma agenda do tipo que não costuma ser carimbada como "positiva". Muito ao contrário.
Infância roubada
O Brasil, país que combina indicadores de riqueza com níveis de pobreza extrema, ocupa o 107o lugar entre os 194 países no ranking da mortalidade infantil, com 22 mortes por cada mil nascidos vivos em 2007, registrando uma leve piora em relação ao ano anterior.
A longa e inútil espera
No último sábado, 10, a cacique pareci Valmireide Zoromará, 42, foi assassinada por pistoleiros da fazenda ironicamente denominada de Boa Sorte. Ela e mais um grupo de 11 índios pescavam num lago que está nos limites da fazenda que lutam por incorporar à Terra Indígena, mas cujo processo não consegue avançar. Está preso nos labirintos da burocracia e permanentemente boicotado pelas forças políticas dominantes no Estado do Mato Grosso.
O caso de Valmireide não é isolado. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) acaba de divulgar um relatório parcial sobre as mortes de indigenas em 2008. Foram pelo menos 53 casos de assassinatos em nove Estados. Esse número tende a aumentar quando forem sistematizadas todas as ocorrências no relatório final a ser publicado até o próximo mês de maio.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Mãos de Tesoura
Mordaça nos Andes
Suspeito de ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Wiener recebeu uma notificação da polícia política peruana onde é acusado dos crimes contra a paz pública e de terrorismo. Tudo começou com uma matéria que o repórter escreveu em novembro do ano passado revelando que outras 13 pessoas estavam sendo processadas por supostos vínculos com os guerrilheiros colombianos, a partir de investigações iniciadas pela decoberta de arquivos no computador pertencente ao comandante Raúl Reys, segundo na hierarquia das Farc, assassinado durante ataque do exército colombiano em pleno território do vizinho Equador, em março de 2008.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras divulgou nota protestando contra o governo peruano.
Blindar o emprego. Antes que seja tarde
A indústria está demitindo como nunca e esse movimento vai se processando em ondas. Dos setores mais dinâmicos e monopolizados, como o automobilístico e o mineral, a maré de dispensas pode se alastrar rapidamente, contaminando outras áreas vitais da economia até atingir o varejo.
O governo promete mais um pacote anticrise. Promete medidas para combater o desemprego. Até agora o Estado socorreu bancos e indústrias, mas deixou a força de trabalho desamparada. A hora de agir é agora, com mão forte, estabelecendo mecanismos de proteção ao trabalho, condicionando a concessão de qualquer benefício fiscal ou creditício à efetiva manutenção do atual nível de emprego. Ou seja, dinheiro público não pode jamais financiar o desemprego e o agravamento da miséria social dos brasileiros.
Com a palavra, as mastodônticas centrais sindicais que precisam despertar de seus esplêndidos berços.
O justo abrigo
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
A conta (parcial) do massacre em Gaza
Dialética do combate às idéias subversivas
Do presidente da província ao chefe de polícia:
“Em resposta ao ofício de Vmce. datada de ontem tenho a dizer-lhe, que proceda com a maior severidade a respeito do escravo Bento procedendo a todas as possíveis diligências e indagações, a ver se pode descobrir-se algum plano ou tendência subversiva em relação ao melindroso assunto, em que parece vai tomando parte a escravatura, e principalmente procurar descobrir se há alguns agentes ou emissários estrangeiros, que tratem de propagar ideias perigosas entre os escravos. Desconfie do mal que atacou subtamente o escravo, pois tudo me inclina a crer que é simulado. Finalmente quando nada se descubra, deve ser o pardo Bento severamente castigado na cadêa, e entregue a seu senhor, para o mandar immediatamente para algumas das províncias do sul.
Vmce. terá a seu cuidado a maior vigilância sobre a escravatura, e sobre certos estrangeiros suspeitos, e previno-o que por notícias vindas particularmente no último vapor, as mesmas idéias vão lavrando em várias outras províncias, e até na capital do império” .
Segurança Pública: Chefatura de Polícia da Província, Livro de Registro de Ofícios, Livro
07: Abril a junho de 1848, Arquivo do Estado do Pará — APEP, citado por José Maia Bezerra Neto. Ousados e insubordinados: protesto e fugas de escravos na província do Grão-Pará – 1840/1860, p.79.
Guantánamo, ferida aberta
As primeiras baixas. E a crise só está começando
"Patrulhão", o retorno
A chamada "Operação Reação", deflagrada nesta semana pela Polícia Civil, é um atestado da falência da política de segurança do governo do Estado. Atordoado, agindo por espasmos, e encurralado pelo dado objetivo do aumento da criminalidade, reage como um animal ferido. A irracionalidade dessas medidas desmontam a existência de um setor de inteligência atuante no seio da polícia. Inteligência, planejamento, ações integradas, eis produtos que estão em falta ou são coisas muito raras, quase uma lenda urbana.
A "tolerância zero" - de novo, a falta de criatividade que pontifica - costuma ser o anteato de mais violência. Exemplos disso são abundantes e não é preciso ir muito longe. O Rio de Janeiro, sob o governo Sérgio Cabral, está aí para que ninguém duvide. Não é espelho a ser seguido, definitivamente.
É cedo para afirmar que a truculência policial e a falta de respeito aos direitos cidadãos darão o tom de agora em diante, reforçando o que sempre existiu nesta área. O governo está atordoado, reagindo por impulso, refém de sua própria incapacidade de gestão. Mas é aí, justamente aí, que mora todo o perigo.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Corrente do bem
"Israel deve ser alvo de boicote e sanções", diz a escritora em artigo publicado em vários jornais no mundo e que está na edição de hoje da Folha de São Paulo.
Planalto em chamas
Segundo o senador Magno Malta (PR-ES), antes de interpelar o parlamentar paraense, a CPI ouvirá, em sessão secreta, a adolescente vítima dos abusos, que encontra-se sob os cuidados do Pró-Paz, vinculado ao governo do Estado.
Da arte de não ter o que dizer
Como o papel aceita tudo, até a repetição das velhas e surradas promessas, não terá sido exatamente falta de repertório o que impediu a mídia da prefeitura. Sobra, então, a segunda hipótese, bem mais factível, nestes tempos em que a crise - sempre ela - vai passar a justificar tudo.
domingo, 11 de janeiro de 2009
A sementeira do ódio
"Quando os árabes enlouquecerem de fúria e virmos crescer seu ódio incendiário, cego, contra o Ocidente, sempre poderemos dizer que "não é conosco". Sempre haverá quem pergunte "Por que nos odeiam tanto?" Que, pelo menos, ninguém minta que não sabe por quê".
O artigo completo no site da Adital.
A parte que nos cabe
Leia mais no Portal Globo Amazônia.
sábado, 10 de janeiro de 2009
Dinheiro Sujo
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Cães de Aluguel
Segundo a ONG National Security Archive, da Universidade George Washington, sediada nos Estados Unidos, o governo estadunidense tinha pleno conhecimento dos métodos criminosos aplicados pelos militares colombianos, com a sistemática matança de civis, além do uso regular da tortura e do desaparecimento forçado.
Inúmeros civis foram mortos e seus corpos "contabilizados" como sendo de guerrilheiros das Farc. Esse método foi denominado de "falsos positivos", e sua extensão e profundidade no seio do Exército colombiano conduziu a uma verdadeira "mentalidade de contagem de corpos", que prevalece até hoje.
Mais detalhes, em inglês, aqui.
Por baixo da lama, mais lama
Pedófilo do Pará é processado na Paraíba
O deputado estadual do Pará Luiz Afonso Sefer (DEM), acusado do crime de pedofilia contra uma criança de nove anos, é réu em ação no Tribunal de Justiça da Paraíba sobre reconhecimento de paternidade. O processo, que teve início em meados de 2005, tramita em segredo de Justiça e nenhuma audiência foi realizada até agora. Quando a criança nasceu, a mãe teria apenas 15 anos de idade.
É segredo
Em razão do segredo de Justiça do processo contra o deputado Luiz Sefer, o TJ-PB não divulga a identidade da mãe da criança.
Após as acusações
Sefer se afastou da liderança do Democratas na Assembléia Legislativa e do posto de suplente da CPI da Pedofilia no Estado.
Napoleão no hospício
E o presidente do Banco Central, o também banqueiro Henrique Meirelles, culpando os spreeds bancários pela taxa de juros nas alturas? Esta pérola está hoje no Correio Braziliense, dando continuidade a um jogo que quer demonstrar uma espécie de "fratura" no bloco dos que, em qualquer cenário, sempre levam a melhor.
Não demora nada e o "sólido e sustentável" sistema financeiro nacional aparece, de cartola na mão, pedindo um "programa emergencial de ajuda" ao Estado brasileiro. Conta bilionária, por certo, que todos sabem quem vai pagar.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Capitais sem controle
Para se ter uma ideia da largura e da profundidade do rombo, é só recordar que as contas de 2007 fecharam com um superávit nas transações cambiais de US$ 87 bi. Tempos róseos que já parecem tão distantes.
Um copo de cólera
Será que alguém ainda acredita que avança, a passos largos, a decantada "Segurança Cidadã" do governo do Estado?
Com a marca de Che
Antes do FSM, ela cumpre extensa agenda de visitas a áreas do Movimento dos Sem Terra no sudeste do Pará. Em Parauapebas, participará da inauguração do estádio de futebol que levará o nome de seu pai.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Doce Janeiro
Janeiro, síntese de um tempo de mudanças, tantas vezes dolororas, mas igualmente indispensáveis, está grávido de efemérides que dizem muito para os que não se cansam de tripudiar sobre a suposta imutabilidade das coisas e de seus confiantes proprietários. É neste mês, que já começou sobre o signo de uma guerra odiosa, que o mundo pode guardar, num único relicário de acontecimentos únicos, pelo menos quatro datas que a história já consagrou.
Trata-se dos 174 anos da conquista de Belém pelos revolucionários cabanos, dando início à gloriosa epopeia de índios, negros e brancos contra o domínio colonial na Amazônia; do cinquentenário da Revolução Cubana, vitoriosa no alvorecer do primeiro dia de 1959; dos 25 anos de fundação do Movimento dos Sem Terra (MST) e do 15o aniversário da insurreição zapatista, camponesa e indígena, no México.
Quatro revoluções, quatro rupturas, sem deixar de ser continuidades (em muitos sentidos) das lutas, derrotas e vitórias que as precederam.
Que venham os dias do doce e sempre desafiador janeiro. O que tudo encerra. O que se abre para o futuro.
Dialética da palavra que incendeia rebeldias
"(...)
Belém era então uma espécie de cidade encaixada na floresta, que não somente a circundava como até mesmo se intrometia por ela em certos trechos. Rio acima e rio abaixo, atrás e para além da cidade, tudo era mata, mata bruta, primitiva, compacta.
A floresta realçava e ameaçava ao mesmo tempo a capital paraense, e o efeito psicológico da sua presença não deixou de influir por certo na fulminante tomada da cidade pelos cabanos. Protegidos pela floresta, conhecedores de seus segredos e afeitos à rudeza das suas condições, eles tinham sobre as tropas regulares a vantagem da procedência mateira. A floresta protege, acoberta, dissimula, sobretudo quando se trata de pessoas criadas em seu seio. Se em vez da floresta, fosse Belém circundada por campos ou savanas, teriam eles conseguido conquistá-la tão facilmente?".
Eidorfe Moreira. "Belém e sua expressão geográfica", 1966, p. 131-134.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Detenham a mão assassina
Hoje, segundo o G1, Israel bombardeou dois estabelecimentos educacionais mantidos pela ONU. Num deles, mais de 40 civis foram mortos. O nome disso é chacina. É crime de guerra.
E, diante do escândalo, o presidente eleito Barack Obama resolveu hoje romper, de forma tímida, o silêncio que vinha mantendo há mais de dez dias. "A perda de vidas civis em Gaza e Israel é uma fonte de grande preocupação para mim". disse ele numa lacônica mas reveladora declaração.
Para o próximo presidente do país que patrocina e dá respaldo estratégico à escalada belicista de Israel é emblemática a linha isonômica traçada entre as vítimas de ambos os lados do conflito. Um expectador desavisado poderá supor que tanques do Hamas estariam, neste momento, às portas de Tel Aviv, bombardeando escolas e sinagogas, massacrando centenas de civis indefesos.
A espiral sangrenta parece não se deter por nada. A charlatanice diplomática de Sarkozy e Blair apenas serviu para dar mais tempo para que os tanques e os F-16 continuassem a fazer o trabalho sujo.
Só a mobilização das pessoas de consciência limpa, em todas as latitudes, poderá deter essa barbárie. Mas deve ser agora. Antes que seja tarde demais.
Artesãos do desastre
Segundo os técnicos do setor elétrico, para impedir o tão temido apagão, no próximo decênio, deverão ser incorporadas ao sistema interligado mais 81 termelétricas, que inundarão a atmosfera com nada menos que 39,9 milhões de toneladas de CO2, contra as atuais 14,4 milhões produzidas atualmente.
Destas usinas, 4 serão movidas a carvão mineral, de longe a fonte mais poluidora. A UTE de Barcarena, essencial para os planos de expansão da Vale, integra esse esforço de desenvolvimento a qualquer custo.
Uma bomba-relógio que contradiz o discurso oficial das metas internas de redução do desmatamento, na opinião da senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, na edição de hoje do Valor Econômico.
A marcha da insensatez
Após o recesso, uma representação junto ao Conselho de Ética pode estar esperando o deputado, cobrando explicações para seu destempero.
A mordida do mutante
Terra de negro
Com muito trabalho ainda por fazer, o movimento quilombola luta, desde o ano passado, contra as novas regulamentações estabelecidas pelo governo Lula, que burocratizam o processo de reconhecimento. Foi uma concessão - mais uma - ao lobby ruralista no Congresso.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Para o dia de São Nunca
O artigo "Lula dá adeus à Reforma Agrária" na íntegra aqui.
No olho do furação
Vale a pena acessar o link internacional da emissora, que transmite em inglês ao vivo da cidade de Gaza, sitiada e sob intenso bombardeio.
O direito de nascer
Veja-se o exemplo da taxa de mortalidade infantil. Os últimos dados disponíveis revelam que Cuba alcançou, mesmo sob o imoral bloqueio econômico que já se prolonga por mais de 40 anos, a menor taxa de toda a sua história: 4,7 por cada mil nascidos vivos. Antes da Revolução, eram 60 por cada mil.
Os indicadores cubanos nesta área, baseados no acesso pleno e universal aos serviços de atenção à saúde, são inclusive melhores que os vigentes em seu grande e arrogante vizinho. Nos Estados Unidos, morrem em média seis para cada mil crianças nascidas vivas.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Barrados no baile
Dialética da Amazônia (pelo olhar do estrangeiro)
Milton Hatoum. Relato de um certo oriente (Companhia das Letras, 1989, p. 71-72)
Empregos, sim. Lá fora
Resultado: emprego e renda se deslocam para os países importadores, sobretudo na Europa e Estados Unidos.
Pé no freio
sábado, 3 de janeiro de 2009
O lado das vítimas não tem vez
O seu "Diário do Oriente Médio", nestes dias de cinza e de sangue, é leitura obrigatória.
Inventário de culpas
Desta feita, o aposentado Francisco Cristovão Melo de Oliveira chegou à Unidade em meio a um ataque do coração. Lá, como sempre, não havia médicos. A família precisou arrombar o portão para tentar forçar um atendimento, mas era tarde demais. O caso acabou na delegacia, com o registro de um boletim de ocorrência por omissão de socorro.
Em julho de 2007, um cidadão morria ali, sob as luzes das câmeras dos telejornais das redes nacionais de TV, enquanto os familiares tentavam em vão reanimá-lo. Virou escândalo. O Ministério da Saúde enviou uma equipe de auditores para investigar o fato. O Ministério Público anunciou a abertura de procedimento. E, rigorosamente, não aconteceu nada. Ou melhor: a situação só fez piorar.
Até quando o caráter homicida da política de saúde do governo Duciomar Costa continuará a fazer vítimas?
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Cegueira seletiva
Consumismo insano
Romper essa cadeia que levará à destruição permanece como o desafio mais dramático para esse e todos os próximos anos.
Dialética da palavra Revolução
Cuba amanhece sem Batista
no primeiro dia do ano. Enquanto o ditador aterrissa em São Domingos e pede refúgio a seu colega Trujillo, em Havana os verdugos fogem, salve-se quem puder, em disparada.
Earl Smith, embaixador norte-americano, comprova, horrorizado, que as ruas foram invadidas pela ralé e por alguns guerrilheiros sujos, cabeludos, descalços, iguaizinhos à quadrilha de Dillinger, que dançam guaguancó marcando a tiros o ritmo".
"Só ganhamos o direito de começar"
diz Fidel, que chega no alto de um tanque, vindo da serra Maestra. Frente à multidão que fervilha, explica que é apenas o princípio de tudo isso que parece o final. Enquanto fala, as pombas descansam em seus ombros (...)".
Eduardo Galeano. Memórias do fogo: o século do vento (p.199 e 201).
Fade Out
O blackouts constantes em Belém não correspondem a nenhuma novidade, nesses tempos em que o sucateamento dos serviços de manutenção da rede elétrica é diretamente proporcional à elevação dos lucros da companhia privatizada.