Jano, o deus romano que emprestou o nome ao primeiro mês do ano, ser de duas faces, simbolizava a um só tempo o término e o começo. Preside tudo o que se encerra e chancela tudo que estar por nascer.
Janeiro, síntese de um tempo de mudanças, tantas vezes dolororas, mas igualmente indispensáveis, está grávido de efemérides que dizem muito para os que não se cansam de tripudiar sobre a suposta imutabilidade das coisas e de seus confiantes proprietários. É neste mês, que já começou sobre o signo de uma guerra odiosa, que o mundo pode guardar, num único relicário de acontecimentos únicos, pelo menos quatro datas que a história já consagrou.
Trata-se dos 174 anos da conquista de Belém pelos revolucionários cabanos, dando início à gloriosa epopeia de índios, negros e brancos contra o domínio colonial na Amazônia; do cinquentenário da Revolução Cubana, vitoriosa no alvorecer do primeiro dia de 1959; dos 25 anos de fundação do Movimento dos Sem Terra (MST) e do 15o aniversário da insurreição zapatista, camponesa e indígena, no México.
Quatro revoluções, quatro rupturas, sem deixar de ser continuidades (em muitos sentidos) das lutas, derrotas e vitórias que as precederam.
Que venham os dias do doce e sempre desafiador janeiro. O que tudo encerra. O que se abre para o futuro.
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