quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Dialética da palavra que incendeia rebeldias

1835, com as primeiras luzes do 7 de janeiro. Era o tempo da Cabanagem.

"(...)
Belém era então uma espécie de cidade encaixada na floresta, que não somente a circundava como até mesmo se intrometia por ela em certos trechos. Rio acima e rio abaixo, atrás e para além da cidade, tudo era mata, mata bruta, primitiva, compacta.
A floresta realçava e ameaçava ao mesmo tempo a capital paraense, e o efeito psicológico da sua presença não deixou de influir por certo na fulminante tomada da cidade pelos cabanos. Protegidos pela floresta, conhecedores de seus segredos e afeitos à rudeza das suas condições, eles tinham sobre as tropas regulares a vantagem da procedência mateira. A floresta protege, acoberta, dissimula, sobretudo quando se trata de pessoas criadas em seu seio. Se em vez da floresta, fosse Belém circundada por campos ou savanas, teriam eles conseguido conquistá-la tão facilmente?".

Eidorfe Moreira. "Belém e sua expressão geográfica", 1966, p. 131-134.

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