O festejado corte de um ponto percentual na taxa Selic, aprovado com pompa e circunstância pelo Comitê de Política Monetária (Copom), teve um impacto risível a curto prazo. No comércio, por exemplo, a redução ficou em apenas 0,08. Quase nada, portanto. Dificilmente o consumidor sentirá alguma diferença em seus financiamentos.
É um excesso de conservadorismo que não existe por acaso. O Banco Central não é o guardião da moeda e da estabilidade como apregoa. Seus executivos agem como cães de guarda dos rentistas, aquela ínfima parcela dos que se dá bem com a crise, qualquer que seja seu contorno e alcance.
Se fosse para vale - e não apenas um jogo de cena - os juros deveriam ser reduzidos, de forma rápida e consistente, para patamares civilizados, a tempo de incidir sobre o cenário de evidente desaceleração da economia. Segundo o economista Amir Khair, no Le Monde Diplomatique Brasil, que já está nas bancas, uma queda da taxa de juros para 5% ao ano seria capaz de estimular fortemente o consumo, o investimento e a produção. E mais: geraria uma economia ao Tesouro de cerca de R$ 100 bi, que deixariam de irrigar as contas dos detentores de títulos públicos. Este valor equivale a cinco vezes o previsto para investimentos este ano no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou quase oito vezes o valor investido no Bolsa-Família, carro-chefe da política assistencialista do governo Lula.
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