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domingo, 31 de janeiro de 2010
Dialética do ontem que se arvora eterno
Jogos de Guerra
sábado, 30 de janeiro de 2010
Tudo em volta está deserto. Tudo certo?
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
No olho do furação
Mãos de Gato
Primado da iniciativa privada?
Que nada!
Por trás da agitada movimentação nos bastidores do leilão da usina de Belo Monte, protegida por uma espessa cortina de desinformação e boatos, aparecem operadores semi-ocultos que manejam com habilidade os reluzentes cordeis.
E quem são esses demiurgos que controlam a retaguarda do maior negócio - e maior desastre socioambiental anunciado - deste novo século?
Ora, os mesmos de sempre. Os fundos de pensão - Previ, Funcef e Petros - e o insondável BNDES, grandes financiadores da empreitada.
Ao lado das megaempreiteiras (Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez), sob a tépida chancela oficial, estarão perfilados os grandes beneficiários do setor eletro-intensivo (Vale, Alcoa e Votorantim). Carnaval bilionário e sem qualquer risco.
O que importa é que a margem de lucro seja a maior possível. Ainda mais quando o dinheiro a ser empregado na aventura não é o deles. Pelo contrário, a dinheirama sairá dos cofres públicos, remunerados por juros subsidiados e a longuíssimo prazo.
Nunca os pobres deste país financiaram o crescimento de tantas e tão suspeitas fortunas. Nunca.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Silêncio obsequioso
À beira de um ataque de nervos
O mercado está nervoso.
Segurem-se todos, o piloto do cassino global não anda muito bem; está estressado.
É isso que explica a queda da bolsa, a subida do dólar e esse clima de tensão que domina os operadores em todos os cantos do planeta.
O motivo real? Sabe-se lá. Pode ser qualquer coisa. Ou nada. O importante é mover essa imensa nuvem de US$ 2 trilhões que todos os dias muda de mãos. Mas, que ninguém esqueça, sempre passando por entre os dedos dos mesmos integrantes da elegante casta dos donos do mundo.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Onde jorra o leite e o mel
Não adianta lançar esse olhar invejoso.
Há, sim, um paraíso terrestre. Só que para entrar - e desfrutar de suas delícias - é preciso ganhar o bilhete premiado de feliz acionista da Vale, essa fabulosa fábrica de dividendos.
A conta da crise
Enquanto isso, a conta amarga e dolorosa segue sendo paga pelo elo mais frágil da cadeia do sistema do lucro acima de tudo: 212 milhões de desempregados em todo o mundo, somados à violenta precarização das relações de trabalho (1,5 bilhão de pessoas, ou metade da força de trabalho global). Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Luta de Classes
Fábrica de fazer dinheiro (para uns poucos)
Quo Vadis?
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Plano de Ataque
domingo, 24 de janeiro de 2010
Retrato em sépia
Dividir para reinar
Estilo Caras de viver
Dialética dos (múltiplos) sentidos da existência
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Jogo de espelhos
Sob a névoa da guerra
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Santo Graal
Pedagogia do terror
Aterrissagem forçada
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Beco sem saída?
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Cores sem contraste
Caminhos Cruzados
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Rasgando o silêncio
É o que faz o jornalista espanhol Pascual Serrano, um dos fundadores do portal Rebelion, um dos mais conceituados espaços livres na internet.
Sua entrevista ao Brasil de Fato é uma ótima pedida para esse início de semana. Boa leitura.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Esgoto a céu aberto
Desconsiderando-se a baboseira de sempre, com aquelas frases feitas e desbotadas, resta um político que desnuda, nas entrelinhas, uma carga de deboche poucas vezes revelada ao grande (e passivo) público.
Merece uma moldura a seguinte afirmação, sacada para responder àpergunta de que ele, Duciomar, seria sócio da Belém Ambiental: "Eu aceito a sociedade! Eu disse várias vezes. Não tenho nada contra...É só passar para o meu nome! Esse negócio de laranja não dá certo... Se for legal eu aceito".
Mas é claro que não se está falando em negócios legais. Muitíssimo pelo contrário. O tema que se infiltrou em boa parte da entrevista é o do submundo da política que transforma detentores de mandato em empresários bem sucedidos, cuja fortuna em ascensão é sempre fruto da proximidade promíscua com os cofres públicos.
Fazer blague com um tema desse só pode ser obra de alguém que tenha perdido, sabe-se lá há quanto tempo, qualquer noção de culpa. E por que sentiria culpa se tudo que fez, faz e (ainda desgraçadamente) fará tem como base a aceitação, muitas vezes entusiasmada, de suas próprias vítimas, reduzidas a uma espécie de exército eleitoral de reserva?
Vem aí a Sétima Cavalaria
Porém, em alguns sítios privilegiados, são outros os sentimentos que dominam. "Façam as contas. Não sobrou pedra sobre pedra...É hora de avançar...".
Não pensem que os calculistas de plantão estejam apenas estimando o número de médicos e de frascos de morfina que serão necessários. Isso é só a primeira leva, o batalhão precursor. Logo, em pouco tempo, uma verdadeira expedição de conquista desembarcará na devastada ilha caribenha, com seus reluzentes buldozers para "limpar o terreno" e iniciar a "reconstrução". Tudo por obra e graça das solidárias corporações do Uncle Sam.
É isso que deve ser depreendido da afirmação da secretária de Estado Hillary Clinton, ao pisar ontem (16) o solo da devastada capital haitiana, segundo a qual os Estados Unidos ficarão por lá "hoje, amanhã e possivelmente no futuro", pois seu país é "amigo e sócio" do Haiti.
Amigo e sócio? Brincadeira de péssimo gosto.
Os Estados Unidos são os principais responsáveis pela miséria e desgraça que se abate sobre o povo haitiano e não é de hoje. Remonta a uma inifidade de invasões e de patrocíonios a ditaduras sangrentas por todo o século XX.
Agora, diante de um desastre sem precedentes, eis que a "tela branca" que tanto excita os adeptos da doutrina do choque e pavor se apresenta como uma enorme possibilidade. De afirmação de poder geopolítico e de excelentes negócios, uma arca de vários bilhões de dólares, capazes de abrir o sorriso de magnatas que, provavelmente, não tinham a menor ideia de que existia, esquecido a poucas milhas da costa dos Estados Unidos, uma pequena e massacrada república que um dia ousou erguer, com primazia e destemor, a bandeira da liberdade em terras americanas.
Dialética da tragédia como arma de combate
Naomi Klein. A doutrina do choque (a ascensão do capitalismo de desastre). 2008, p.31.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Coração Vermelho
Tubarões em festa
As provas da Operação Castelo de Areia vão diretamente para a lata do lixo. Seriam fruto de escutas ilegais, segundo o diligente (e muito bem pago) trabalho dos advogados da empreiteira.
Já a dinheirama que que fez a alegria de um punhado de corruptos de variadas colorações ao longo dos últimos anos - em valores de muitos e muitos dígitos - estão muito bem agasalhados. Em lugar quentinho e absolutamente seguro.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Por trás da esperteza
O decreto assinado ontem (13) detalhando os parâmetros de trabalho de uma futura Comissão da Verdade representa a própria negação da mais remota possibilidade do país assistir, algum dia, o esclarecimento (e eventual punição) dos crimes de lesa-humanidade perpetrados pelos agentes - fardados ou não - do regime de 64.
O jornalista Janio de Freitas, na Folha de hoje, desvela o embuste que está subjacente a mais uma jogada saída da cartola de um presidente que parece ter medo patológico de enfrentar os conflitos com os poderosos de sempre. E esses conflitos, todos sabem, são indispensáveis para dar face a qualquer governante que pretenda manter sua espinha dorsal ereta.
Zilda Arns, a força do exemplo
Dialética da América que sangra
Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
Milton Nascimento e Fernando Brant
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Choque e Pavor
Coleta Seletiva
Pintados para a guerra
Língua de trapo
Matéria publicada hoje em O Liberal revela a situação de barbárie que impera na "delegacia" de Igarapé-Miri, município a escassos 78 km da capital, onde os presos - inclusive mulheres e adolescentes - são amarrados com cordas às grades improvisadas. Amontoados em absoluta promiscuidade. os detentos comem o pão que o diabo amassou.
As fotos são chocantes e não deixam margem a dúvidas: trata-se, isto sim, de uma senzala do século XXI, uma péssima moldura para quem se esgoela repetindo ser "um governo que cuida das pessoas".
Para falar de flores, sim senhor
Uma história de um filho da Amazônia transformado em pó - em sangue e em dor - pela máquina de moer gente instalada nos porões de uma República que não quer se revelar por inteiro.
Vale a pena ler.
Vale a pena se indignar.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
O grande (e único) eleitor
Vejamos um caso recente e muito ilustrativo. O povo argentino elegeu, em 2007, Cristina Kischner como sua presidenta. Ela recebeu 44% dos votos numa eleição consagradora. Daí se deduz que cabe principalmente a ela a condução dos assuntos do Estado argentino. Dedução lógica mas imperfeita. Cristina pode quase tudo, ou melhor, pode tudo desde que não resolva governar de fato, alterando os rumos da política monetária e econômica do país, cuja competência exclusiva compete, por decisão de um único e decisivo eleitor, o intangível mercado, ao presidente do Banco Central, "autônomo e independente", como costumam dizer por lá (e também, não por coincidência, por aqui).
O caso da demissão do presidente do BC argentino, por ordem direta da presidenta, e sua imediata recolocação na cadeira por decisão judicial, deveria colocar lenha na fogueira deste debate. Afinal, o que está em jogo é a soberania. Do país (e de seu povo) ou dos deuses que povoam Wall Street e seus múltiplos satélites ao redor do mundo.
A ditadura dos "técnicos", na palavra insuspeita do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, é um fantasma que também nos ronda. Ou será que aqui já se instalou, confortável e tranquilamente, por sobre a supostamente poderosa Esplanada dos Ministérios?
Canção para não dormir
Memória de fogo - Os primeiros embates
Batismo de fogo
Diário de Bordo
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
O nome da crise
Diante da anomia do presidente, que age como se o assunto não lhe dissese respeito, cresce a anarquia no governo. Primeiro foram os militares e o ministro da Defesa a protagonizar cenas explícitas de quebra de hierarquia. Agora, sob o influxo do chilique midiádico da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e congêneres, o ministro do agronegócio e da devastação ambiental, Reinhold Stephanes, aproveitou a janela para colocar as garras de fora e insultar um documento que levou a assinatura do presidente da República e de quase toda a esplanada dos ministérios. Tudo impunemente? Se for assim, Lula estará encurtando seu último ano de mandato e delegando definitivamente a autoridade de governar para as forças do atraso.
Enquanto as chamas da polêmica crescem sem parar, Lula, ao que parece, dá sinais de que, finalmente, vai dar um passo. Para trás, infelizmente.
domingo, 10 de janeiro de 2010
Estado de Sítio
Noves fora a propaganda ideológica, o que resta é um estado policial, ferramenta de um regime de apartheid que parece não ter fim.
Desde 16 de dezembro está preso o ativista Mohammed Jamal (Jamal Juma, como é conhecido). Ele foi detido pelas forças de segurança de Israel sem acusação formal e ficou muitos dias incomunicável, sem acesso a familiares e advogados.
Quem é Jamal? Trata-se de um perigoso militante de alguma organização armada da resistência palestina? Será um potencial homem-bomba?
Não, nada disso. Ele é um militante da luta pacífica e da desobediência civil. Jamais se alçou em armas - aliás, um direito consagrado a todos os povos que vivem sob o regime da opressão colonial. Sua militância está vinculada à criação de ONGs pacifistas, que procuram construir pontes entre a sociedade civil palestina e o que resta de consciência crítica no seio do povo israelense, brutalizado por anos a fio pelo discurso que justifica a violência e a limpeza étnica para preservar seu alegado direito de existência como um estado nacional, sem fronteiras definidas e ao arrepio de uma penca de resoluções das Nações Unidas.
Jamal Juma é fundador e principal figura pública da Campanha Parem o Muro (Stop the Wall), que denuncia internacionalmente o horror representado pela construção do gigantesco muro por dentro do território palestino. É esse seu crime e é por isso que está, no presente momento, padecendo das agruras dos cárceres das autoridades de ocupação.
Vozes se levantam contra essa atrocidade. Junte-se a elas. Vale a pena. Sempre.
Página Crítica, Ano 3: Sempre um recomeço.
É sempre hora de recomeçar. Recomecemos, pois.
Durante este tempo, a atualização diária deste espaço tem se constituído em um misto de prazer e obrigação (aliás, nem sempre cumprida, como serve de prova o silêncio dos últimos quatro dias). E mais importante, a própria razão de ser deste blog, é a participação dos leitores. Não tão numeros, mas bastante fiéis.
Que 2010, com suas trama de enormes desafios, seja um campo fértil. Que se abram os caminhos e se derrubem cercas que tentam aprisonar o debate no emparedamento da não-escolha, na falta de alternativas reais para abrir novos (e promissores) horizontes.
Espero continuar contando com a presença dos leitores e da sempre bem-vinda crítica dos que se acostumaram a buscar, de vez em quando, alguma novidade neste território vocacionado à reflexão e à polêmica.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Vendetta
domingo, 3 de janeiro de 2010
Procura-se: Coveiro
Acorda, Alice. Ainda há tempo
Brasil, país das maravilhas, dormiu no berço mais esplêndido da maciça propaganda neste final de ano. Não se tratou apenas do previsível bombardeio da mídia governamental. Esta, como era de se esperar, ancorada na versão "Pra frente, Brasil" do reinado lulista. O que chamou atenção foi a verdadeira enxurrada de filmes promocionais das mais importantes corporações do país que louvaram as conquistas do ano que terminava e lançaram luz sobre o futuro brilhante que nos espera virando a esquina.
É só assim que devem ser lidas as campanhas de mastodontes como a Vale, Bradesco e Itaú, por exemplo, todas sintonizadas com a disseminação do clima de inegável otimismo verde e amarelo.
Esta aliança midiática estatal e privada bateu, à exaustão, na promessa da combinação de gigantismo econômico com uma (suposta) política de distribuição mais equânime dos resultados do crescimento. Sua eficácia, porém, não deve ser desprezada, justamente porque não labora sobre campo infértil. Ao contrário, surfa numa onda que tem raízes na realidade concreta.
A questão é saber até quando o efeito lisérgico perdurará, encobrindo com lantejoulas douradas uma sociedade fraturada de cima abaixo, que sangra e expele suas mazelas através de espasmos contínuos de uma barbárie que vai se incorporando ao cotidiano de todos, sem respeitar, vez por outra, mesmo os muros de proteção que a elite busca erguer para manter longe, na planície distante, os ecos da surda guerra civil que não dá sinais de arrefecimento.
É evidente que tudo já está inscrito no contexto sucessório de 2010. Mas não de uma forma tão direta e unilateral como a primeira vista pode parecer. O jogo é um tanto mais complexo, sem deixar de ser bruto, como convém às disputas onde não estão em jogo o que efetivamente importa. E as fichas vão sendo lançadas sobre o enorme pano verde do multimilionário cassino eleitoral, não necessariamente em um único e solitário número. Apostas múltiplas são aceitas sem problemas. Ganhar ou ganhar (com este ou aquele candidato da ordem, pouco importa) se transforma em questão de sobrevivência. Vale dizer: sobrevivência de um modelo que deve se perpetuar – com maiores ou menores ajustes – desde que os interesses dos de cima sejam corretamente preservados.
Apesar de tudo, um ano novo é sempre um tempo de expectativas. De renovação de esperanças, por mais esquálidas e esfarrapadas que estas possam parecer para os que foram dilapidando a capacidade de indignação ao longo do tempo.
Uma hora dessas, quase sem aviso aparente, eis que o gigante desperta. E seu rugir soará como música para uns e como o réquiem desesperador para outros que dormem embalados pela falaciosa pretensão de ter posto o ponto final na História.