Não dá mais para esconder o terror. Mesmo as grandes redes de TV, tradicionalmente aliadas a Israel, começam a dar destaque à tragédia humanitária em Gaza. Imagens de crianças mortas, civis em desespero sem água, comida e assistência médica, destruição material sem precedentes numa região já tão massacrada, enfim toda a face cruel da operação militar israelense vai tomando conta do noticiário, deixando em segundo o plano a surrada versão do "ataque defensivo para destruir a infra-estrutura terrorista".
Hoje, segundo o G1, Israel bombardeou dois estabelecimentos educacionais mantidos pela ONU. Num deles, mais de 40 civis foram mortos. O nome disso é chacina. É crime de guerra.
E, diante do escândalo, o presidente eleito Barack Obama resolveu hoje romper, de forma tímida, o silêncio que vinha mantendo há mais de dez dias. "A perda de vidas civis em Gaza e Israel é uma fonte de grande preocupação para mim". disse ele numa lacônica mas reveladora declaração.
Para o próximo presidente do país que patrocina e dá respaldo estratégico à escalada belicista de Israel é emblemática a linha isonômica traçada entre as vítimas de ambos os lados do conflito. Um expectador desavisado poderá supor que tanques do Hamas estariam, neste momento, às portas de Tel Aviv, bombardeando escolas e sinagogas, massacrando centenas de civis indefesos.
A espiral sangrenta parece não se deter por nada. A charlatanice diplomática de Sarkozy e Blair apenas serviu para dar mais tempo para que os tanques e os F-16 continuassem a fazer o trabalho sujo.
Só a mobilização das pessoas de consciência limpa, em todas as latitudes, poderá deter essa barbárie. Mas deve ser agora. Antes que seja tarde demais.
3 comentários:
O seu lado também é assassino e moralmente falido. Não é por aí a análise.
Anônimo das 22:47,
O "meu lado" é o do povo palestino e não deste ou daquele movimento político ou religioso.
O "meu lado" é das quase 200 crianças palestinas chacinadas em apenas 11 dias de invasão militar ilegal e imoral.
Tente enquadrar a situação do ponto de vista da história: por que os palestinos, que estão naquela terra há séculos, aceitariam que seus lares sejam devastados por quem lá chegou há 30 ou 60 anos? Por que os palestinos deveriam pagar pelo holocausto judaico?
Contenha-se, meu caro anônimo. Defender a continuidade dessa guerra criminosa vai nos desumanizando, brutalizando.
Pense nisso.
Anônimo das 12:31,
Nestes termos ofensivos não tenho como publicar seu comentário.
Ademais, acusar os críticos de Israel de anti-semitismo é primário e não tem mais o condão de tapar o sol com a peneira.
Sou a favor da auto-determinação dos povos e contrário a todas as formas de racismos e de discriminação por quaisquer clivagens.
Defendi, durante anos, a fórmula "Um Estado, dois povos", que fosse capaz de abrigar palestinos e judeus. Hoje, é inevitável a existência de dois Estados na Palestina histórica. Portanto, não se discute o Estado de Israel. Ele é um fato, absolutamente consumado. A dívida do mundo é com o outro lado, aquele que foi negligenciado ao longo das últimas 6 décadas.
Criar e dar sustentabilidade a um Estado Palestino, com território contínuo e com as necessárias condições de soberania é a única porta para se conseguir uma paz duradoura para o Oriente Médio.
A propósito: não tenho nenhuma simpatia política pelo Hamas e por seus métodos.
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