Há poucos dias o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla, de 83 anos, foi transferido de sua residência, onde cumpria prisão domiciliar, para um presídio para continuar cumprindo sua pena de prisão perpétua pelo crime de lesa-humanidade - tortura e desaparecimento forçado de, pelo menos, 66 pessoas - cometido durante o último regime militar naquele país (1976-1983).
No Brasil, onde a impunidade virou regra, a condenação de um oficial do Exército pelo crime de tortura tem provocado viva polêmica. Em defesa do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, acusado de comandar pessoalmente o martírio de detentos nos porões do DOI-Codi paulista na década de 70, levantam-se vozes representativas do fascismo nativo, como o algo folclórico Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), em alerta contra o suposto "revanchismo" contido na corajosa sentença do juiz titular da 23ª Vara Cível do Tribunal de São Paulo, Gustavo Santini Teodoro. Pela primeira vez, o Judiciário individualizou a conduta criminosa de um militar de alta patente pelo crime de tortura, o que poderá finalmente lançar luz sobre um dos períodos mais sombrios da história recente brasileira.
Nas palavras do poeta nacional cubano, Nicolás Guillén (1902-1989), até quando a sociedade brasileira permanecerá indiferente a "esse grande rio de ossos, a esse grande rio de sonhos, a esse grande rio de sangue, a esse grande rio?".
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terça-feira, 14 de outubro de 2008
Ainda há tempo
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