domingo, 6 de junho de 2010

A segunda morte de Rachel Corrie

A repetição de um crime, tornando-o contumaz, não retira a carga de crueldade que o caracteriza.
Alardear que o sequestro do navio "Rachel Corrie" pela marinha israelense foi realizado "sem violência" é um ultraje, uma deslavada vergonha.
Menos de cinco dias depois de ter patrocinado o massacre de ativistas do Mari Marmara, de bandeira turca, Israel esbofeteia a comunidade internacional em mais uma ação beligerante que somente reforça sua face de Estado fora da lei.
O bloqueio a faixa de Gaza é uma monstruosidade. Uma punição coletiva e um ato de terrorismo de Estado.
Esta é a verdade. Nua e crua.
A frota da Liberdade, cujos primeiros seis barcos foram vítimas do raid israelense no início da semana, deveria ter como nave-capitã o Rachel Corrie, em homenagem a uma jovem mártir de nacionalidade estadunidense.
Com apenas 24 anos ela foi esmagada por uma escaveira do exército de Israel em Rafah, em 16 de março de 2003, quando tentava impedir a demolição de uma casa palestina. Seu crime permanece até hoje impune, símbolo de uma barbárie que parece não ter fim.
Mas a pressão internacional ganhou novo fôlego.
Em toda parte, cresce a consciência de que algo de prático precisa ser feito para barrar o escandaloso processo de extermínio dos palestinos.
As palavras de um antigo provérbio, aliás, não por acaso herança da milenar cultura judaica - "Se não agora, quando?" - deve se tornar a divisa de todos os que não perderam a capacidade de exercitar a indignação diante de qualquer forma de injustiça.

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