segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O tempo não pára

Alguns poucos dias sem atualizar esse espaço e a roda da vida segue em seu giro, sem dar a mínima para as pautas pré-fabricadas e bem-comportadas de quem se imagina dotado de todo o poder.
No STF, cenáculo de aguardadas decisões peremptórias, o voto corajoso do ministro Carlos Ayres Britto desconsertou tanto como escandalizou os que esperavam o golpe de misericórdia sobre os direitos indígenas. "Radical, ideológico", reagiram alguns de seus colegas de plenário, sob a proteção conveniente do anonimato. A defesa enfática e bem fundamentada da demarcação em terras contínuas da Raposa/Serra do Sol, em Roraima, acendeu o sinal de alerta e logo, em socorro do establishment, veio o ministro Menezes Direito com seu providencial pedido de vistas. Pediu tempo, talvez mais alguns meses, para "baixar a poeira" que se levantou naquele dia histórico.

O mal-estar na Corte não foi menor do que o sentido nas redações da grande imprensa, com o sorriso amarelado dos analistas que prepararam, paciente e tenazmente, o clima para que desse julgamento constitucional resultasse o começo do fim do que apresentam como um dos maiores entraves ao avanço do "mercado" sobre terras e minérios que seguem sob proteção de flechas e bordunas.
O confronto final foi apenas adiado. Dentre em breve voltarão ao ataque. Mas antes a legião de devastadores e suas vozes de veludo precisarão deglutir as centenas de páginas de sabedoria e Justiça que tiveram a coragem de enfrentar o brutal senso comum que insiste em aprisionar o pensamento e as decisões do Estado brasileiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Aldenor,

comemorei no meu blog o voto do Ministro Ayres Brito, lembrando que num tempo em que se está rodeado de pequenos canalhas, é bom destacar um homem de bem.

Abraço.