domingo, 13 de setembro de 2009

Dialética do cerco que se fecha

"MUROS

Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar,
ergueram à minha volta muros de pedra.

E agora aqui estou, em desespero, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio a mente me depreda.

E eu que tinha tanta coisa para fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.

Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse."

Konstantinos Kaváfis. "Poemas" (tradução José Paulo Paes, Editora Nova Fronteira, 1998)

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