"Quando todo protesto contra as atividades das Forças de Defesa de Israel na Margem Ocidental é denunciado como expressão de anti-semitismo e - pelo menos implicitamente - colocado na mesma categoria da defesa do Holocausto - ou seja, quando a sombra do Holocasto é permanentemente evocada para netralizar toda a crítica a qualquer operação militar ou política de Israel -, não basta insistir na diferença entre anti-semitismo e a crítica de medidas particulares adotadas pelo Estado de Israel; é necessário avançar mais um passo e afirmar que é o Estado de Israel quem, nesse caso, profana a memória das vítimas do Holocausto: manipulando-as impiedosamente, instrumentalizando-as como meios de legitimação das atuais medidas políticas. Isso quer dizer que devemos rejeitar radicalmnte a própria noção da existência da ligação entre o Holocausto e as atuais tensões palestino-israelenses: são dois fenômenos completamente diferentes - um é parte da história europeia de resistência da direita à dinâmica de modernização; o segundo é um dos capítulos mais recentes da história da colonização."
Slavoj Zizek, filósofo esloveno, professor e pesquisador do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. Bem-vindo ao deserto do real (Boitempo, 2003, p.153).
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