quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quem sabe faz a hora

A diplomacia brasileira agiu certo ao abrigar o presidente constitucional de Honduras, Manoel Zelaya.
A ditadura hondurenha conseguiu fazer o que nem os mais despóticos regimes golpistas jamais haviam feito: violar a integridade diplomática da embaixada brasileira em Tegicigalpa.
Ou ninguém se lembra mais que foram nas embaixadas que centenas de chilenos e estrangeiros escaparam da morte certa naqueles tempos de terror há 38 anos em Santiago do Chile?
Enquanto a mantança corria solta, os jardins e dependências das embaixadas em território chileno, nos primeiros tempos do golpe de Pinochet, foram o refúgio garantido e jamais atacado pelos gorilas. Muitos brasileiros tiveram suas vidas salvas por meio do respeito à inviolabilidade diplomática.
Por tudo isso é escandaloso e não pode ficar sem firme resposta as agressões sofridas pela soberania brasileira no dia de ontem, 22, em Honduras. Bombas de gás e balas de borracha foram lançadas contra a embaixada do Brasil e seus funcionários, diplomatas e dezenas de cidadãos que se encontram sob o abrigo de nosso país foram agredidos. O fornecimento de água e energia elétrica foi cortado durante horas, assim como interrompidas as conexões de telefone e internet, representando um cerco militar contra um pedaço de nosso território encravado no centro da capital hondurenha.
A escalada da crise está longe de ser resolvida. Zelaya denuncia que a invasão do prédio e seu provável assassinato podem acontecer a qualquer momento.
Que todos se levantem, denunciando com vigor a perversa ação dos golpistas, que não agiriam com tamanha truculência se não tivessem obtido - pela vergonhosa omissão de muitos, em particular da tibieza com que age a administração Obama - algum tipo de consentimento velado.
E a direita brasileira - na política e na mídia - deve enfiar sua viola no saco e parar de flertar com o que há de mais retrógrado e abjeto na cena política do sempre conflagrado continente latino-americano.

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