Culpar o acaso pelo desabamento de parte do teto do hall de entrada do secular Theatro da Paz é uma aposta no embrutecimento da opinião pública. O secretário de Cultura, Edilson Moura, ao formular a versão estapafúrdia e divulgá-la à imprensa, imagina poder minimizar o escândalo, inclusive na insistência de que o "forro" não teria valor histórico. Bobagem dentro da bobagem apenas para tentar erguer uma precária cortina de fumaça.
Todo o prédio, seja a parte construída em 1878, seja tudo o mais que lhe foi acrescentado ao longo de décadas, é parte de um bem tombado. Sua proteção contra toda e qualquer forma de agravo deve ser um ponto de honra, inegociável e intransferível.
Jogar esse peso sobre os ombros de fatos fortuitos - "casualidades" como diz o secretário - é o caminho mais curto para que não se localizem as verdadeiras causas materiais do sinistro, nem muito menos que se proceda a imediata varredura em todo o prédio em busca de sinais que possam servir para neutralizar eventuais situações capazes de colocar em maior risco esta joia preciosa do patrimônio histórico nacional.
Os cupins que dilaceraram o madeirame e a água que se acumulou sobre o gesso - entre outros tantos fatores possíveis - somados ao uso impróprio e predatório que se faz da Praça da República na área adjacente ao Theatro, não estão circunscritos à roleta russa da sorte ou do azar. São ações que podem e devem passar pela ação saneadora do Poder Público.
O primeiro passo, portanto, é fugir do caminho fácil da tergiversação.
O incidente possui uma enorme gravidade. É um sinal de alerta e como tal deve ser tratado.
Qualquer coisa que negue esta obviedade é margear perigosamente o infortúnio, parceiro dileto da incompetência e da incúria.
4 comentários:
Anônimo das 11:35,
Não quero generalizar, nem disseminar preconceitos.
Afinal, quem tem o mínimo de memória sabe que não se trata de um fenômeno recente. Antes, muito pelo contrário.
É sabido que o TP não vem sendo admnistrado como merece há muito tempo, mas nesta administração atual, é preciso avaliar se a direção está mesmo dando conta do recado.
Alguém viu o diretor do DETRAN?
Obra de R$1,99 do Simão Jatene/Paulo Chaves. Mas, não se chuta cachorro morto, quanto mais dois.
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