Vejamos um caso exemplar: a venda, por 450 milhões de reais, da Celpa para o Grupo Rede, um dos maiores escândalos da história recente do Pará, está prestes a completar 12 anos. Na época, sob o reinado de Almir Gabriel (PSDB), quase ninguém atentou para o ridículo ágio de apenas 0,1% sobre o preço mínimo e de apenas um consórcio comprador ter se habilitado no "leilão".
Das promessas de melhoria do serviço prestado à população e dos supostos investimentos redentores na economia paraense - quase nada restou. Aliás, a herança não poderia ser mais maldita.
Mas nem todo mundo tem motivos para reclamar. Não, isso não.
Após anos a fio remetendo os lucros obtidos no Pará para cobrir outras operações deficitárias da empresa, os controladores foram tecendo um quadro de virtual insolvência e viram a água bater muito próximo de seus elegantes pescoços. Falir um negócio tão lucrativo assim não estava em seus planos, afinal capitalista brasileiro que se preze nunca abrirá mão de recorrer ao Estado, aquele mesmo que é apontado como perdulário, ineficiente e mastodôntico.
Na hora H, chegou o socorro providencial na forma da aquisição - ou reestatização - de quase metade das ações da companhia pela holding do sistema elétrico brasileiro, a Eletrobrás. Negócio de muitos e muitos milhões. Tudo gerenciado por cima e sob controle estrito do Planalto.
Por que não assumir o controle total e auditar as peripécias do grupo privado?
Simples: tucanos (os autores da primeira privataria) e petistas (executores da operação salvamento) são muito mais parecidos do que ousam admitir. Uns e outros são elementos complementares do mesmo projeto de entrega do patrimônio nacional à sanha do lucro máximo e do risco zero.
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