quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Vinhas da ira

Deve causar escândalo, mas não surpresa, que brasileiros sejam brutalmente expostos à violência no Suriname. Há muito que uma intensa e crescente leva migratória partindo sobretudo do Pará abastece a fornalha do garimpo ilegal no Suriname e na Guiana Francesa, face mais visível de uma tragédia que alcança muitas outras dimensões. O tráfico de seres humanos, meninas marajoaras em sua maioria, utiliza esses países fronteriços como corredor para a Europa. Lá, essas mulheres acabam como escravas sexuais, reféns das dívidas e, muitas vezes, da cruel ditadura das drogas.
Muito pouco tem sido feito para desarticular esse esquema criminoso, cuja elevada lucratividade deve também explicar o tratamento leniente que recebe por parte das ditas autoridades em ambos os lados da fronteira.
A verdade, então, é que a existência do garimpo ilegal na região de Albina, a 150 quilômetros da capital Paramaribo, sempre foi uma bomba prestes a explodir. E explodiu, da forma mais dramática e incontrolável, deixando atrás de si um rastro pavoroso de dor, sangue e destruição.
Apesar de tudo, em poucas semanas a "normalidade" será restaurada. Até o próximo desenlace, infelizmente.

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