1º de abril, 1964. A Operação Brother Sam está em pleno andamento.
Do litoral brasileiro, belonaves dos Estados Unidos estão a postos. Um porta-aviões, seis contratorpedeiros, um porta-helicóptero e quatro petroleiros fizeram a retaguarda daquilo que se imaginava poder resultar numa prolongada guerra civil.
No Pentágono, analistas aguardam ansiosos os primeiros telegramas que darão conta de que o golpe - urdido e financiado de fora para dentro - obtivera sucesso. E melhor: com muito mais facilidade do que apontavam os relatórios da inteligência estadunidense.
As tropas golpistas avançaram com rapidez. Em poucas horas cruzaram Minas Gerais e sitiaram a então capital federal. O Rio de Janeiro em poucas horas estava sob controle dos militares sediciosos e a esperada resistência foi uma promessa frustrada.
Mas não é verdade que todos se acovardaram.
Naquele dia, que jamais deverá ser esquecido, centenas levantaram a voz e procuraram meios de combater. Foram, quase todos, presos e muitos experimentaram nas próximas horas a violência que acorrentaria o país por longos 21 anos.
Em Recife, militares hidrófobos percorrem a cidade levando sob pontapés o líder comunista Gregório Bezerra. Sua foto no pátio de um quartel com o olhar de amargura e com as evidentes marcas de seus algozers no corpo ficou parta sempre como lembrança daquele dia pavoroso.
Os que apanharam jamais deveriam esquecer. Esquecer equivale a perdoar. Perdoar equivale a vergar a espinha e passar a vassalo da gorilagem, essa nódoa que permanecem até hoje bastante viva na ideologia que anima boa parte dos militares desta maltratada Pátria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário