quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Shoá na terra prometida

Foram quase 15 dias de boqueio total. As tropas israelenses impuseram o cerco sobre os 750 mil palestinos que vivem confinados no "gueto" da faixa de Gaza em mais um castigo coletivo. Funciona assim: se há disparo de mísseis artesanais contra alvos de Israel ou, como no caso recente, a escavação de túneis dentro da área palestina, supostamente para facilitar o ingresso de armas e munições ou a captura de soldados das forças de ocupação, a resposta militar atinge a população inteira, sem discriminação. Assim, durante períodos que podem se estender por semanas ou mesmo meses, Gaza fica sem remédios, energia elétrica, água potável e até alimentos. Uma catástrofe - Shoá em hebraico - no interminável holocausto palestino.
Impossível não recordar os castigos que as tropas nazistas praticavam contra as populações civis dos países anexados - na França ou na Polônia, por exemplo - toda vez que os partisans atigiam algum alvo de guerra. Para a ONU e dezenas de ONGs humanitárias o que ocorre na Palestina é uma tragédia humanitária e uma violação flagrante do direito internacional, sob o olhar cúmplice dos demais países, sobretudo dos Estados Unidos e da Europa, que deveriam exercer pressão para deter a barbárie.
Nesse ritmo, não causará espanto se, em breve, algum tiranete de Israel, auto-proclamado como a "única democracia do Oriente Médio", tenha a idéia de afixar, em um dos portões de Gaza ou da Cisjordânia, uma placa com aquela frase carregada de irônica crueldade erguida pelos alemãs no portal dos campos de Auschwitz-Birkenau: Arbeit macht frei ("O trabalho liberta").

9 comentários:

Anônimo disse...

Aprenda com a história: o projeto de extinção dos judeus da face da Terra pelos nazistas alemães foi um política de um estado criminoso contra uma minoria cultural e religiosa desarmada; o que existe entre judeus e palestinos é um conflito militar declarado, que como qualquer outro não é feito com serpentinas e confetes.
Nesse sentido desconheço a existência de guerras ou de guerrilhas de direita ou de esquerda onde a população civil não seja sacrificada no confronto.
Em particular no conflito Israel-Palestinos o que observamos é uma beligerância suja dos dois lados, onde hoje intervem o bloco liderado pelos EUA, mas antes foi animadí$$imo pela extinta URSS. Quanto a sua afirmação de que foguetes de fabricação "caseira" são lançados da Autoridade Palestina sobre Israel só posso entendê-la enquanto irresponsabilidade retórica, pois, não fosse assim, teria de reconhece-la como produto de uma fragilidade moral muito grande.

Anônimo disse...

São esses mesmos civis que escondem os Osamas Bin Ladens da vida dentro de suas tocas. Estão muito longe de serem inocentes ou até santos estes palestinos.

Alan Lemos disse...

Nesta semana fui a um interessante evento social da comunidade judaica jovem de Belém: no que diz respeito a Israel e judaísmo, houve a apresentação de lindas fotos envolvendo o país-judeu de norte a sul e outras "dicas do que fazer em Tel-Aviv".

Um ponto interessante de se frisar é que as sinagogas cortaram as franquias e subsídios de viagens para jovens. Até este ano, pelo que me consta por exemplo, um jovem judeu poderia tirar férias de 2 semanas em Israel, com direito a escala e city tour por alguma grande cidade europeia, por apenas 200 dólares.

Motivo do corte: a crise financeira global. Sempre soube que ricos judeus financiam esse tipo de confraternização para os jovens hebraicos de classe média. Mas para haver este corte, pensei de forma direta e lógica: os patrocinadores só podiam estar envolvidos com empreendimentos especulatórios.

Aldenor Jr disse...

Anônimo das 10:58,

Não se trata aqui de reviver velhos e esfarrapados fantasmas da Guerra Fria. O que está em jogo na Palestina ocupada é como deter uma tragédia humanitária que só faz se aprofundar. Isso mesmo, a Palestina é um território ocupado; E quem fala em ocupação não é nenhum prócer da IV Internacional; é a ONU em dezenas de resoluções desde 1967.
Qualquer abordagem séria do conflito - cujas raízes são complexas e estão plantadas na crise do colonialismo no finado século XX, de tantas guerras e genocídios - não pode abstrair o direito nacional dos palestinos. E, ao mesmo tempo, não pode deixar de combater o terrorismo de Estado praticado por Israel.
Sobre os foguetes caseiros das milícias palestinas não creio que haja qualquer dúvida. Trata-se de armas rudimentares, quase paleolíticas se comparadas ao arsenal high tech que Israel dispõe, aliás financiado por bilhões de dólares dos contribuintes estadunidenses.

Aldenor Jr disse...

Anônimo das 11:19,

Sua ignorância é proporcional ao seu racismo. Talvez você não saiba que Osama Bin Laden seja saudita e não palestino. Ele jamais teve relação com a OLP e com outras forças políticas da Palestina. Quem criou Bin Laden foi a CIA e o Pentágono, que o chamavam de "Combatente da Liberdade" durante a resistência à invasão soviética do Afeganistão. O resto, bem, são versões hidrófobas como aquelas usadas pelo governo Bush para deflagrar suas guerras genocidas.

Anônimo disse...

Está bom, Aldenor. Só falta agora tu dizeres que os palestinos lutam de baladeira. O mísseis terra-terra GRAD, de fabricação russa, não vale.
E deixa eu te dizer uma coisa. O fato de se fabricar míssil em casa não autoriza dar a idéia de alguma coisa tosca. Ao contrário. A portabilidade da tecnologia hoje utilizada pelos palestinos é efetiva; caem todo santo dia no mínimo três sobre alvos civis judeus.
Desculpa, não quiz te assustar com a menção ao velho esqueleto da URSS, mas história é história e não tem como desqualificá-la. Bem que andaram tentando e, parece, novas tentativas surgem de onde menos se espera.
Não discuti aqui a autonomia do estado palestino, nem tu em teu post, portanto não seguirei o viés novo que incluiste na discussão, porque também para mim é ponto pacífico a necessidade de existir um estado palestino. Quanto a isso temos acordo.
O que não dá para tolerar é palestino e seus arautos gritarem pela destruição do Estado de Israel e defender a morte dos judeus como está registrado em várias matérias jornalísticas por aí afora. Porque, se não encontrarmos outro nome para definir esse tipo de conduta,neonazismo será o mais adequado até se achar outro.
Mas, para encurtar a prosa, poucas são as vozes sensatas que iluminam as trevas da razão que entravam a solução desse conflito binacional. A maioria quer mesmo é levar vantagem a custa de mais sangue.

Anônimo disse...

O Estado de Israel é promessa divina que consta no Velho Testamento. Não adianta brigar contra. Ficará lá pra sempre. É a promessa de Deus cumprida ao seu povo!

Unknown disse...

Aldenor
Voce e mais um dos que dizem que os judeus sao ruins e destruidores dos palestinos.Voce ja leu que os judeus estavam naquela regiao ha mais de 3000 anos? Ou entao voce deve ser ignorante a ponto de acreditar que o Oriente Medio pertença somente aos arabes e palestinos.Acorda para a relidade pois voce esta com todo o perfil de mais um antisemita .
Berel Hofjud

Aldenor Jr disse...

Caro Berel,

Colocar a questão nestes termos - qualquer crítica aos governantes de Israel é igual a antisemitismo -é a melhor maneira de não debater um assunto tão candente quanto complexo.
A formação histórica do Oriente Médio não chancela as teorias que dão direito de propriedade à terra com base em remissões bíblicas ou da cultura ancestral de nenhuma das etnias ali presentes.
Este é um labirinto dos que não querem chegar a lugar nenhum.
Proponho uma outra alternativa: que tal remontarmos ao final do século XIX, quando conviviam em relativa harmonia uma pequena comunidade judaica em meio a uma amplíssima maioria árabe (muçulmana ou cristã). A partir das primeiras décadas do século XX a intensa e ilegal imigração de judeus europeus, com o beneplácito das potências coloniais, em particular da Grã Bretanha (v. Declaração de Balfour, de 1917), começou a criar o caldo de cultura da atual tragédia na Palestina histórica (hoje, na totalidade, sob domínio militar de Israel).
Foi este movimento que soterrou as aspirações nacionais do povo palestino, utilizando-se para tanto do trauma causado pelo holocausto dos judeus pelo nazi-fascismo na Europa. Repita-se: na Europa, sem a participação de nenhum árabe.
Não quero nem discutir os termos - aliás, injustos - da resolução da Partilha (29 de novembro de 1947). Tudo isso já é história, mas serve para comprovar o quanto é urgente, necessário e indispensável encontrar uma solução duradoura e justa para a causa palestina. Isto é, uma solução verdadeira capaz de por fim à crise humanitária e moral que só terá fim quando for concretizada a criação, em termos sustentáveis, do Estado Palestino, cuja capital deve ser reconhecida e implantada na parte oriental de Jerusalém.