Não são despropositadas as fortes suspeitas que recaem sobre a mais recente operação de busca das ossadas dos mortos da guerrilha do Araguaia, deflagrada nesta semana pelo Exécito brasileiro. Mais de seis anos após a corajosa sentença da desembargadora federal Solange Salgado, que determinava a abertura de todos os arquivos oficiais sobre a guerrilha em 120 dias, é pouco provável que a comissão criada pelo ministro Nelson Jobim (Defesa) apresente resultados positivos. É como procurar agulhas em um palheiro gigantesco cujo fundo foi movido e removido inúmeras vezes.
Para o Ministério Público Federal a ação deve ser suspensa até que várias pré-condições sejam satisfeitas. Entre elas, a oitiva de testemunhas - militares da ativa e da reserva, especialmente - que podem apontar com maior precisão os locais onde os corpos foram escondidos e, fundamentalmente, a garantia do controle social através da presença de membros das famílias das vítimas, do próprio MPF e de outras organizações defensoras de direitos humanos.
Com um pé atrás mas um tanto menos cético, o ex-vereador Paulo Fonteles Filho acompanha os trabalhos dos militares na região de influência da guerrilha, em pleno Araguaia paraense, indicado como observador pelo governo do Pará. Lança seu olhar crítico a partir do próprio centro de comando da operação, que tem enorme chance de se tornar em um esforço inútil, mas, contraditoriamente, pode servir para despertar o interesse da sociedade para essa cicatriz sangrenta da história brasileira.
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