Recrudesceu a violência policial no Pará ao longo do primeiro semestre deste ano. O que já era escandaloso, com 38 assassinatos ao longo de 2008, saltou para 43 até o final de junho, numa demonstração de que os PMs e policiais civis estão encontrando um campo propício às execuções sumárias, ou, no linguajar dos inquéritos que não dão em nada, os tais "autos de resistência seguidos de morte". Para a Ouvidoria de Segurança Pública, é inaceitável conviver com um homícidio praticado por policiais a cada quatro dias. E mais: que estes crimes permaneçam, como regra, acobertados por uma espessa teia de impunidade.
O fuzilamento nesta semana de Emerson Cruz Freitas, 37, portador de transtornos mentais, em plena avenida Pedro Miranda, no coração do bairro da Pedreira, em Belém, revelou outra faceta perversa do modus operandi da polícia: a adulteração grosseira da cena do crime. Além de terem "plantado" uma arma sem registro para simular uma suposta reação da vítima, os três PMs ainda levaram o cidadão, já sem vida, para o Pronto Socorro, comprometendo o trabalho da perícia técnica.
Se não houver uma forte reação da sociedade, a morte de mais este inocente logo se transformará em um número frio de uma estatística sangrenta, que apenas traduz a abissal distância entre a prática e o discurso propagandístico do governo paraense.
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