Há mais de três décadas prometeram o paraíso terrestre com a chegada dos grandes projetos na região de Carajás. Marabá, cidade-polo de uma das mais importantes províncias minerais do planeta, seria finalmente transformada em terra das oportunidades. Este sonho dourado se desfez na mesma medida em que a riqueza - extraída das entranhas da terra ou multiplicada através da predação indiscriminada dos recursos socioambientais - foi se concentrando nas mãos e nos bolsos das velhas e das novas oligarquias. Para o povo pobre e para a juventude sem futuro restou a morte em vida severina. Ou a morte mesmo, cruel e certeira, muito antes dos 30.
Não é por outro motivo, então, que Marabá ostenta o vergonhoso título de cidade com o pior Índice de Homícidios na Adolescência (IHA) de todo Norte, com 5,2 jovens entre 12 e 19 anos assassinados para cada grupo de mil. Esse número escandaloso corresponde ao 18º lugar no ranking nacional, mais que duas vezes e meia a média nacional (2,03).
Não haverá, porém, quem aceite vestir a carapuça da responsabilidade institucional por essa barbárie. A Vale e os agronegocistas, por exemplo, guardarão silêncio obsequioso, como se isso não lhes dissesse respeito. Mas diz sim e muito. E não haverá nada que se aproxime de uma mudança verdadeira sem que se identifique, com todas as letras, os que lucram com a perpetuação desse nefasto destino há tantos séculos imposto aos povos da Amazônia.
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