Ano passado, no auge da euforia pré-crise, o caixa do governo federal ficou abarrotado com uma arrecadação recorde, elevando a carga tributária a inéditos 35,8% do Produto Interno Bruto (PIB), somatória de tudo que o país produz. Com esse gancho, o jornalismo econômico a serviço da extração máxima de mais-valia vai ter um bom motivo para vituperar contra a suposta sanha arrecadatória do governo, que "asfixia a sociedade como um todo". Como um todo? Nada mais distante da realidade.
A carga tributária no Brasil é, de fato, muito pesada, mas é também injusta e regressiva. Atinge com muito mais violência os pobres e o consumo, enquanto os ricos com seus patrimônios e rendimentos financeiros praticamente isentos de tributação operam, também pela via fiscal, a permanente transfusão de renda dos que têm quase nada para os que crêem nunca ter o suficiente.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (IPEA), ligado ao Ministério do Planejamento, desvenda, com números irrefutáveis, o enígma do sistema tributário brasileiro, e prova que são os pobres que pagam a maior parte da conta. E, por vias indiretas, financiam a farra bilionária que faz a roda da fortuna girar incessantemente e somente numa única direção.
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