quarta-feira, 3 de março de 2010

Depois da queda, o coice

O terremoto devastador que abalou o Chile há poucos dias trouxe à luz as profundas fraturas existentes naquela que, no passado, foi uma das mais equilibradas sociedades latino-americanas. A emergência de vastos contingentes populacionais empobrecidos e marginalizados, mantidos fora do circuito do consumo e em posição sempre mais vulnerável diante da tragédia, é apenas um aspecto de uma herança trágica de quase quatro décadas de experimentos neoliberais, desde que La Moneda ardeu sob as bombas dos militares golpistas.
A desestruturação do Estado e um patológico desprezo para com os mais pobres estão na raiz do injustificável abandono de dezenas de milhares de vítimas a sua própria sorte, mais de 72 horas após o grande sismo. A ajuda oficial, que deveria ter sido imediata, sequer chegou a algumas das regiões mais atingidas, como é o caso da cidade de Constitución, no centro do país, onde pereceu, ao menos, a metade das vítimas fatais do desastre.
Esse é o maior combustível para os saques e outros atos de vandalismo que só aumentam a agonia dos que perderam quase tudo e que agora precisam enfrentar a difícil (mas necessária) tarefa de reconstruir a vida feita em pedaços.

5 comentários:

Anônimo disse...

Perguntinha indiscreta: como se saiu a China comunista no atendimento aos seus miseráveis, quando foi atingida pelo terremoto de alguns anos atrás? Aliás, qual é mesmo a proporção de miseráveis na população chinesa?

Anônimo disse...

Pq não aceitou meu comentário sobre a China? O blogue não se diz democrático?

Aldenor Jr disse...

Desculpe. O seu comentário já está publicado.

Anônimo disse...

Por que o anônimo das 17:00 horas quer comparar o Chile com a China? Ele quer defender a monstruosa ditadura de Pinochet?O horror chinês justifica a crueldade das ditaduras na América do Sul?

Alex Lacerda disse...

O Chile, comentado como exemplo de desenvolvimento para a América Latina, idolatrado muito tempo pela mídia brasileira e americana, não tem sequer uma fábrica de carros, sua pauta de exportações se restringe a pescados produzidos com alto impacto ambiental, que tem cobrado seu preço na queda continuada da produção devido a doenças disseminadas entre as criações, frutas, pequena parte de vinhos e minerais,(especialmente cobre).
Em contrapartida compra dos EUA tudo de eletronicos, carros e outros bens de consumo.
Este é o modelo de desenvolvimento que o neoliberalismo prega para a América Latina, e que foi "comprado" pela mídia e muitos "pensadores" econômicos deste Brasil.