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quarta-feira, 31 de março de 2010
Don Corleone toma caipirinha
Mal-aventurados
Logo mais, às 8 da manhã, um dos mandantes do assassinato de irmã Dorothy sentará, pela terciera vez, no banco dos réus. Vitamiro Bastos de Moura, vulgo Bida, jurará inocência e verterá lágrimas como se estes cinco anos que separam o trágico 12 de fevereiro de 2005 tivessem o condão de transformar a ele - e a todos que urdirão aquela conspiração covarde - em anjos caídos, conversos sinceros e exemplares. Mas que ninguém se engane: suas mãos ainda trazem a marca indelével do sangue de uma mártir.
Não é apenas uma triste ironia que mais esta sessão especial de Justiça ocorra em plena Páscoa, a Pessah judaica e a travessia sem-fim para os cristãos. Do cativeiro à terra sem males, sonho renovado e inconcluso. Do cativeiro ainda ao cativeiro, melhor e mais precisamente, quando se olha no entorno, funda e profundamente.
Bida, com olhar de vítima, sentará no banco de réus. Enquanto isso, os sicários que ele contratou gozam do "direito" de passar o feriado em liberdade. Os pistoleiros e intermediários - Rayfran Neves, Clodoaldo Batista e Amair da Cunha - apresentam-se, agora, como detentos de "bom comportamento", como se o tempo os estivessem redimindo. Será mesmo?
Logo após sair do presídio, Rayfran disparou: no dia do assassinato, no coração da floresta, em plena Terra do Meio, ele revela ter sido "ameaçado" pela freira de 73 anos. Matou, sim, mas para se defender. Afinal, nas mãos da religiosa, misturado com terra e com seu próprio sangue, restou um exemplar da Bíblia, com o qual, num último e frustrado esforço missionário, ela tentou dissuadir seus executores.
Dorothy era e continua sendo uma séria ameaça. Ameaça , sim, o privilégio dos que transformam a terra - os rios, os bichos, as gentes - em mercadoria. Estupram sem perdão e sem remorso a dádiva mais preciosa que foi legada à espécie humana e, entretanto, borram-se de medo diante de uma anciã de fala mansa, mas de coração vocacionado a jamais transigir diante das múltiplas formas de apreentação do Mal.
Que se faça a Justiça, de uma vez por todas. A sentença a ser imposta a Bida, como a seus comparsas, deve ter um caráter pedagógico.
Ou agimos com a firmeza necessária, ou nossos sertões continuarão a encenar o duelo intermitente onde a força destruidora e corrompedora da morte insiste em se declarar vencedora.
terça-feira, 30 de março de 2010
Uma mão lavando a outra
Na palma de sua mão, uma guerra sangrenta
Os microprocessadores entram em ação. Segundos depois, sua tela está conectada ao mundo. Tudo clean. Tudo soft. Será?
Por trás da mais avançada tecnologia que o homem foi capaz de criar desponta uma tragédia silenciosa. Milhões de seres humanos são mortos todos os anos na África em meio a guerras sem fim.
Saiba como seu moderno equipamento de informática tem tudo a ver com essa carnificina do século XXI.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Sesmaria Internacional
Os dados - ainda incompletos e confusos - dão conta de um crescente avanço de estrangeiros - pessoas físicas e, principalmente, jurídicas - sobre as áreas mais nobres do agronegócio, com destaque para a produção de grãos e de cana-de-açúcar.
O Ministério Público Federal (MPF) já deu o alarme.
As estripulias da nanopolítica
Sem alianças sólidas e confiáveis na área externa, em permanente guerrilha com seus neo-aliados e quase-inimigos do PMDB et caterva, e ainda tendo de administrar a ebulição intermitente da guerra civil entre as hostes petistas, o Palácio dos Despachos vai consolidando a imagem de uma nau sem rumo, a ponto de soçobrar.
Mas que ninguém se iluda: com as eleições transformadas em um imenso e pouco escrupuloso mercado de compra e venda, tudo pode acontecer. Até a reeleição da enfraquecida governadora.
domingo, 28 de março de 2010
Todos diferentes. Todos idênticos.
Apesar disso, a pré-candidata verde tangencia uma questão básica e essencial para se alçar a um mínimo patamar de disputa: não tem programa próprio e nem quer se diferenciar de seus adversários. Antes, pretende flertar com eles. É por isso que não para de reivindicar o legado dos 16 anos de governo tucano-petista.
Desta contradição - insolúvel e antagônica a qualquer perspectiva que se pretenda verdadeiramente de esquerda ou, quando menos, de oposição com maiúsculas - sobressai sua maior fraqueza: por que optar por uma cópia mal-acabada se há no mercado eleitoral dois produtos originais surgidos do ventre de Wall Street e do insepulto Consenso de Washington?
O jornalista Carlos Tautz não deixa pedra sobre pedra. Confira.
Água de beber
Remando contra a maré do pensamento único, Riccardo Petrella aponta um caminho alternativo. Radical como convém aos que adotam a insubmissão como bandeira.
Quando o crime compensa
Nenhum.
O Congresso em Foco desvenda este mistério bem brasileiro.
Estandarte da esperança
Corria o ano da Graça de 1751 e os índios, há dois séculos e meio, sofriam uma cruel e permanente faxina étnica.
Indignada com o tratamento violento que recebia de seu pretenso senhor, um tal Sebastião Gomes, a índia recorreu aos tribunais. Sua causa foi julgada pela Junta do Pará, que a considerou livre. Uma exceção, portanto.
E dela não se ouviu mais falar, perdendo-se na poeira da história.
Mas, seu nome, ironia e profecia, foi guardado naquelas atas que o tempo não foi capaz e destruir: Esperança, era assim que esta brasileira se chamava, naqueles tempos em que vocalizou a coragem ancestral de seus parentes e de seus irmãos de sangue e de destino.
Onde ela morava?
Ali, atravessando a baía, na localidade que à época se chamava Mortigura (em Tupi, morador, ou natural. Igoara ut Mortigurigoara), que após a emergência das leis pombalinas seria definitivamente conhecida como Vila do Conde, no atual município paraense de Barcarena.
Isso tudo é história e aconteceu quatro anos antes que o rei Dom José I, de Portugal, promulgasse a famosa lei da liberdade "de pessoas, bens, e comércio dos índios do Pará e Maranhão", reconhecendo que "muitos milhões de índios se foram extinguindo, de modo que é pequeno o número de povoações e dos moradores delas, vivendo esses poucos em tão grande miséria" (John Hemming, Fronteira Amazônica, Edusp, 2009, p.29).
Esta lei e tantas outras não vingaram. Letras mortas, desmoralizadas pela força do aço e do fogo de que dispunham os colonos.
O extermínio, como se sabe, prossegue até hoje. Com métodos um tanto mais sutis, mas igualmente letais quanto aqueles utilizados no tempo em que Sebastião José Carvalho e Melo, mais conhecido como marquês de Pombal, mandava e desmandava no pequeno e atrasado Portugal e em suas imensidões ultramarinhas.
Dialética do dia a ser aproveitado
Para mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só o que eu pedia
Um dia para aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia".
Chico Buarque (Meus Caros Amigos, 1976, Phonogram).
O americano intranquilo
Portanto, não é nenhuma novidade que ele abrace causas justas, como esta aqui.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Hasta la vista, baby
Herança Maldita
Funcionando como uma espécie de líder informal da oposição de direita, Mendes, cuja indicação à mais importante corte brasileira decorreu unicamente de sua fidelidade canina aos governos tucanos, usou e abusou de seu poder para impor uma pauta de retrocesso e conservadorismo em uma gama enorme de assuntos, com assento na explosiva situação do conflito agrário no Brasil.
Para fechar sua gestão, um último e gravíssimo golpe. Na qualidade de presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ele assinou convênio com a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) para a criação de um "Observatório da Insegurança no Campo", para mapear supostas ameaças ao "direito de propriedade" e "mensurar os prejuízos causados pelas invasões de propriedades rurais".
Mais parcialidade e desequilíbrio seria impossível. É a vitória da jagunçagem e da violência institucionalidada.
Espera-se que o ministro Cesar Peluso, conhecido pela ponderação e pela inquestionável bagagem jurídica, determine a imediata correção desse desvio. Ou se arquiva a ideia (de resto, inspirada em discurso marcadamente ideológico), ou se amplia o âmbito do "Observatório", incluindo entidades que representem os pequenos agricultores e os milhões de trabalhadores sem terra que são a outra face de uma guerra civil não-declarada e sem prazo para terminar.
quinta-feira, 25 de março de 2010
O homem que calculava
terça-feira, 23 de março de 2010
A guerra da água
A Coleira do Cão
Atingidos de todo o mundo, uni-vos
segunda-feira, 22 de março de 2010
Armados, granados e perigosos
Aliás, abusados como sempre, eles sentem que devem aproveitar o bom tempo derivado do nem sempre discreto apoio que recebem do Planalto onde, em tese, deveria estar sentado um antagonista das teses retrógradas e perversamente anti-populares que estes modernos capitães do mato professam desde o berço.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Muro de hipocrisias
Barrados no baile
Devagar, quase parando
domingo, 14 de março de 2010
Matrix S.A.
Por baixo dos panos, com profissionalismo crescente, as maiores empreiteiras do país estariam repartindo entre si negócios bilionários.
Uma revelação surpreendente? Nem tanto assim.
A matéria publicada neste domingo (14) na Folha de São Paulo tem pelo menos um grande mérito: joga um facho de luz sobre os corruptores, este polo quase sempre oculto, mas absolutamente fundamentral, no processo de degradação da política brasileira.
sábado, 13 de março de 2010
Dialética dos filhos da Mãe Terra
sexta-feira, 12 de março de 2010
Rastilho de pólvora
Cara de um, focinho do outro
quinta-feira, 11 de março de 2010
Céu de brigadeiro
Gigante de pés de barro
quarta-feira, 10 de março de 2010
A pimenta e o refresco
terça-feira, 9 de março de 2010
Terra em Transe
segunda-feira, 8 de março de 2010
Vale quanto pesa?
domingo, 7 de março de 2010
Arca do tesouro
sábado, 6 de março de 2010
Dialética da linguagem e seus descaminhos
sexta-feira, 5 de março de 2010
A ameaça de quem de cima
quinta-feira, 4 de março de 2010
Bola fora
Com a sentença, aferida por quatro votos a um, a fornalha vai voltar a arder sob o assento de um homem que se imagina acima da lei. E, de fato, vez por outra parece estar mesmo.
A ditadura global
O caneco é nosso
quarta-feira, 3 de março de 2010
Depois da queda, o coice
Aos pés do oráculo
terça-feira, 2 de março de 2010
Humanos, apenas humanos
Cheiro de pólvora no ar
Mais, muito mais, do mesmo
Cimento 1. Técnicos do TCU apontam indícios de irregularidades graves em cinco obras (quatro delas incluídas no PAC) que não faziam parte da lista divulgada pelo tribunal em setembro do ano passado. Além da paralisação, recomendam a suspensão de pagamentos em duas delas.
Cimento 2. Das cinco obras, as mais importantes são o projeto habitacional Vila da Barca (PA) e o aeroporto de Goiânia (GO). Nos dois casos há suspeita de sobrepreço.
Muito bem. O projeto habitacional da Vila da Barca, para os que não se lembram, é aquele tocado com a marca de Duciomar Costa (PTB), sob o embalo de sua ruinosa administração na capital.
Até aí, diga-se, nenhuma novidade. O estranho seria que não existisse a suspeita de corrupção. Ou, quem sabe, se dessa vez fosse ocorrer a punição dos envolvidos na maracutaia.