A reação algo hidrófoba de setores militares contra a possibilidade de punição aos crimes de tortura e extermínio físico cometidos pelos agentes do Estado durante o regime militar, demonstra o quanto está viva e forte a ideologia que respaldou, durante longos 21 anos, tantas atrocidades.
O governo Lula neste episódio expõe suas contradições. Enquanto dois ministros assumem a posição corajosa em defesa do direito à memória e à Justiça, outro integrante do primeiro escalão se apressa a assumir o triste papel de ventríloquo da gorilagem que impera em vastos segmentos das Forças Armadas, na ativa e fora dela.
Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vanuchi (Direitos Humanos) se alinharam com o que há de mais consistente em termos do direito moderno, que não reconhece os crimes de tortura, maus-tratos e assassinatos de opositores nas câmaras de suplício das ditaduras como passíveis de anistia; já o jurista Nelson Jobim (Defesa) não desmereceu sua biografia pretérita e presente: ele sempre está disposto a cerrar fileiras com o que há de mais retrógrado e reacionário, entoando, sem a menor cerimônia, os berros autoritários dos que se julgam acima da lei.
Um comentário:
Bom exemplo disso é a nota no Repórter 70 de domingo, dizendo que o tristemente famoso coronel Jarbas Passarinho, aquele que manda os escrúpulos às favas quando é para apoiar o terror, foi o único a ter a "coragem" de se voltar contra a intenção de Tarso Genro de rever a Lei de Anistia. Claro que, para o redator da principal coluna do jornal, os torturadores não devem ser condenados - provavelmente ele foi um deles...
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